segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A colaboração online como ferramenta de apoio educacional

por Carla Oliveira

Recentemente participei de um evento promovido pela IBM, cuja finalidade foi a divulgação do programa “IBM Global Entrepreneur”. O objetivo do programa é incentivar o empreendedorismo, dando orientação e apoio na geração de novas empresas inovadoras, possibilitando com isso a criação de um planeta mais inteligente. A proposta é que ideias inovadoras ajudem a fornecer soluções criativas nas mais variadas áreas, entre elas a educação.

Para maiores informações sobre o evento segue o site: ibm.com/isv/startup.

Este evento me fez recordar um artigo que escrevi, sobre o poder de uma ideia inovadora e o alcance que ela poderá ter através da Tecnologia da Informação. No artigo citei um exemplo de ideia inovadora, o Vizir – “seu conselheiro nas redes sociais”. Para quem quiser conferir, o nome do artigo é “O poder de uma grande ideia no mundo da tecnologia da informação”. Nesse artigo eu mostro que a colaboração online ganhou proporções e utilização muito além do ambiente corporativo. Com a popularização das ferramentas da web 2.0, como redes sociais, blogs e Twitter, Wikis, podcasts etc., o conceito de colaboração online invadiu os lares e se tornou tão natural quanto o ar que respiramos.

Pegando como base o evento da IBM, toda a colaboração online disponível hoje em dia e a geração Y, me veio à mente os seguintes questionamentos referentes à educação:

1. Será que nossas escolas estão preparadas para ensinar à Geração Y?

2. É possível utilizar os sistemas de colaboração online como ferramenta de apoio à educação?

A resposta para a pergunta 1, na minha opinião, é não. Infelizmente as escolas ainda não perceberam todo o potencial que está presente nas ferramentas de colaboração online disponíveis hoje. A metodologia de ensino ainda é antiga, não acompanhou a velocidade das mudanças e os acontecimentos “online” do nosso mundo conectado e globalizado.

Não quero entrar muito no detalhe da metodologia adotada pelas instituições de ensino atualmente e nem tão pouco quero criticá-la, uma vez que não sou educadora e por este motivo não possuo o conhecimento necessário para tanto.

Mas, em relação à pergunta 2, eu tenho condições de respondê-la com mais propriedade, uma vez que o tema questionado é objeto de meus estudos. A resposta para a segunda pergunta é sim. É totalmente possível aliar educação e tecnologia.

A ideia de utilizar a colaboração online como ferramenta educacional me veio à mente quando imaginei a utilização de blogs como apoio para aulas de Literatura e Redação. Acho que seria muito interessante ensinar redação e literatura para os jovens de forma mais “viva” e prática utilizando os blogs. Cada aluno teria seu blog e os temas de redação e literatura poderiam ser expostos ali, o que permitiria o compartilhamento de ideias. Sem contar que os alunos poderiam aprender sobre etiqueta na web e, principalmente, sobre o que é importante e o que não deve ser exposto em um blog ou nas redes sociais.

Outra ideia veio da minha própria experiência acadêmica: eu nunca gostei muito de Geografia, mas o Google Maps e o Google Earth poderiam deixar minhas aulas de Geografia muito mais atrativas e criativas. Pena que na época em que eu estava na escola essas ferramentas ainda não existiam!

Gostei tanto da ideia utilizar as ferramentas de colaboração online na Educação que resolvi procurar por este tema na Internet e, para minha surpresa, encontrei dois artigos que abordam exatamente isso. Os artigos são de Luli Radfahrer, Ph.D. em Comunicação Digital pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) - USP, onde é professor há 18 anos. Ele trabalha com internet desde 1994 e já foi diretor de algumas das maiores agências de publicidade do país. Hoje é consultor em inovação digital, com clientes no Brasil, Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. Mantém um blog com seu nome, www.luli.com.br, em que discute e analisa as principais tendências da tecnologia. Escreve quinzenalmente no caderno Tec da Folha e na Folha.com.

Vou transcrever abaixo alguns trechos dos dois artigos de Luli Radfahrer, como complemento e embasamento para a minha ideia.

O primeiro artigo chama-se “Ensino para o século 19”:

“A maioria das escolas, no entanto, ainda parece qualificar o profissional do século 19. As que frequentei, por exemplo, me prepararam para um mundo muito diferente. Comparadas com a rotina que levo hoje, eram quase paramilitares. Se diziam "progressivas", mas tinham códigos de vestimenta, horários rígidos, filas, contagens e chamadas. Avaliações aleatórias, sem direito a consulta, eram a norma. Como também o eram os trabalhos individuais, o preenchimento de relatórios e formulários para a realização de qualquer tipo de atividade, as punições morais na forma de notas e as restrições de circulação.

Mas o pior eram o que chamavam de "aulas": aquelas longas sessões em que informações desconexas eram impostas por autocratas entediados a uma audiência trancafiada e imóvel, sem poder de voto, argumentação ou debate, que tinha que decorar nomes de organelas, fórmulas de mecânica, sistemas políticos gregos e reações de oxidação, mesmo que mostrasse vocação para o jornalismo ou eletrônica.

Não é preciso dizer que telefones celulares, YouTube e mídias sociais, se existissem na época, certamente seriam proibidos, sob a justificativa de atrapalharem a "didática". O sistema, enfim, era mais claro em suas restrições --de movimento, de expressão e de atividade-- do que em suas propostas. Se é que existia alguma proposta além de passar em um tal de exame vestibular para profissões hoje extintas."

Para conferir todo o artigo segue o link: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luliradfahrer/906917-ensino-para-o-seculo-19.shtml

O segundo artigo chama-se “Ferramentas para o ensino digital”:

“O professor que evita a tecnologiae ntra em uma relação perde-perde: se convencer a classe que o computador e a internet não prestam, terá criado analfabetos digitais, despreparados para viver em um mundo de conexões. Se fracassar nessa tentativa, poderá gerar um sentimento que a escola não presta para nada, e que tudo pode ser aprendido em tutoriais na rede. Não sei qual cenário é pior.

Mas sou otimista. Muito otimista. Acredito sinceramente que a maioria das tecnologias que nos tornam nerds podem ser usadas, sem muito esforço, para construir a escola do futuro. Apresento a seguir ferramentas, a maioria gratuitas, que podem ser usadas para incrementar a qualidade das aulas, sem demérito do professor. Não é preciso conhecimento técnico para operá-las.

- Blogs: Transformam o professor em material didático de referência. Podem conter o programa das aulas, bibliografia, exemplos e tarefas, abrir espaço nos comentários para que os alunos publiquem suas dúvidas e criar um ambiente de contato extraclasse. As principais ferramentas para se construir um Blog são Wordpress, Blogger, MovableType eTypePad.

- Microblogs: Se a informação for curta e menos estruturada, com pequenos conteúdos dispostos em periodicidade aleatória (como exemplos de aplicações práticas do que foi ensinado em classe), talvez seja melhor usar formas simplificadas de Blogs, também chamados de microblogs. O Tumblr é a ferramenta mais conhecida para essa tarefa, mas,Posterous, Presently e Xanga também dão conta da função.

- CMS: Para sistemas maiores e informações mais complexas, com várias funções integradas, talvez seja melhor usar administradores de conteúdo, sistemas dinâmicos de publicação como Joomla, Plone, TextPattern ou Drupal --este último é usado, por exemplo, pelo governo dos EUA em uma tentativa de aumentar a transparência de seus dados.

- Sites: Se o que se precisa é um site simples, estático, com algumas informações estáticas ou que mudam pouco (como endereços ou telefones, por exemplo), o mais fácil é usar um construtor de sites, ferramenta que automatiza sua criação sem precisar de uma linha de código. Os principais portais do país têm essas ferramentas, como o UOL,Terra e iG. Meu predileto é o WebFácil.

- Redes sociais: Se não dá para ignorar o Facebook, possível replicá-lo e criar, em aula, um pequeno sistema de relacionamento. Escolas, afinal, sempre foram redes sociais. Digitalizar as discussões em sala de aula pode aumentar o contato do aluno com a disciplina. As melhores ferramentas para essa tarefa são SocialGo, Elgg, Lovdbyless eCommunityEngine.

- Ambientes: Até mesmo sistemas completos de ensino à distância podem ser criados por um professor qualquer, em uma sala de aula de qualquer lugar do mundo, desde que ele tenha um computador mediano e um acesso à rede. Serviços como o Moodle, Engrade, Atutor e Manhattan têm comunidades fortíssimas que servem como boas redes de apoio para qualquer dúvida técnica ou de aplicação.

- Referências: Há muito material científico compilado das bibliotecas digitalizadas peloGoogle Acadêmico. O Projeto Gutenberg compila vários livros de acesso público e gratuito. Sites como o Scribd são boas alternativas para a busca de conteúdo. E se você tem medo que seus alunos copiem o material da rede, pode desmascará-los com oCopyScape.

- Fóruns e debates: As precursoras da Internet eram quase só compostas por sistemas de mensagens e grupos de discussão. Mesmo hoje, ferramentas que estimulam a troca de idéias são bastante populares e fáceis de usar. Nelas o professor pode criar um tópico e deixar que os alunos discutam suas aplicações. Não se preocupe se os alunos terão alguma dificuldade em operá-los: boa parte dos repositórios de pirataria tem esse formato, eles devem estar habituados. Boas ferramentas para a criação de fóruns sãoPHPbb, IP Board, SimpleMachines e Bbpress --este feito pelos mesmos criadores da ferramenta de blogs Wordpress, e tão fácil de usar quanto ele.

- Wikis: Os trabalhos de alunos não precisam mais ser impressos. Eles podem ser transformados em verbetes de uma Wiki, um sistema de produção de conteúdo colaborativo como se fosse sua versão própria da Wikipédia. O sistema usado pela enciclopédia mundial é o MediaWiki, mas o Twiki e o WikiSpaces também são muito bons. . Existem muitos serviços parecidos, que podem ser comparados no site WikiMatrix.

- Podcasts: Para encerrar a lista, podcasts, ou arquivos em áudio transmitidos pela rede. Já que boa parte dos alunos têm celulares e que passam o tempo todo com eles, nada melhor do que gravar as aulas ou conteúdos associados e torná-las portáteis. Audacity é uma ótima ferramenta para gravar e editar som, SoundCloud é muito boa para levar o som para as redes, LiveMocha para aprender e ensinar línguas e TreinaTOM para criar web-aulas.

Para conferir todo o artigo segue o link: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luliradfahrer/913403-ferramentas-para-o-ensino-digital.shtml

Todas as ferramentas acima, citadas por Luli Radfahrer, são ferramentas de colaboração online e suportam o conceito de “Gestão do Conhecimento” tão difundido no mundo corporativo. As ferramentas estão disponíveis e já fazem parte do nosso dia a dia. Cabe aos educadores procurar a melhor forma de utilizá-las como ferramentas pedagógicas.

Fica, então, o meu apelo: por que não aplicar a “Gestão do Conhecimento” e todas as ferramentas de colaboração na escola, de forma que este meio de transferir conhecimento possa ensinar aos alunos a se tornarem pessoas mais conscientes, inovadoras e, principalmente, a fazer o nosso planeta mais inteligente.

Fonte: http://imasters.com.br/artigo/20888/tendencias/a-colaboracao-online-como-ferramenta-de-apoio-educacional

domingo, 30 de outubro de 2011

Redes para educar


Entrevista com Sônia Bertocchi.

Com forte potencial para aplicações educacionais, as redes sociais ainda não ganharam status como instrumentos pedagógicos. falta compreensão de que a metodologia deve vir antes da tecnologia. Áurea Lopes

ARede nº 74, outubro de 2011 - Muitos pais e educadores não sabem o que são, de fato, as redes sociais. Ficam imaginando o que acontece nesse “lugar” de onde os jovens não arredam pé e onde acontecem casos de polícia, com os quais a mídia convencional “amedronta professores e pais”, como diz a educadora Sônia Bertocchi. Redes sociais são espaços de encontro, com enormes possibilidades de estimular e enriquecer a aprendizagem, alerta a especialista, que vai tratar desse tema em novembro, durante o 6º Encontro Internacional EducaRede, em Madri, promovido pela Fundação Telefônica - evento que ajuda a elaborar. Nesta entrevista, Sônia alerta: “O primeiro passo é estabelecer uma diferença entre tecnologia e metodologia. Hoje, a preocupação maior é com a tecnologia”, aponta.

Você pode explicar o conceito de rede social? Dá para fazer uma analogia, por exemplo, com a rua de antigamente. Um lugar onde se encontrava os vizinhos, os amigos?
Sônia Bertocchi – Para mim, é bastante simples: trata-se de uma plataforma. Um conjunto de ferramentas que facilitam a comunicação entre pessoas. Essa plataforma coloca as pessoas em contato umas com as outras. Portanto, uma rede social é, sim, um espaço de encontro. Mas é acima de tudo uma ferramenta que proporciona a possibilidade de comunicação, de contato. Só que a rede, em si, não é responsável pelo contato. O fato de existir a plataforma não significa que aconteça o contato, o relacionamento, como a gente imagina que vá acontecer. Por exemplo: eu clico em tal botão, me comunico com um amigo e esse amigo me indica outro amigo. 
A ferramenta facilita o contato. Mas não quer dizer que eu vou ficar amiga do amigo do meu amigo. A mesma coisa acontecia na rua. Eu conheço o Joãozinho, que me apresenta o Luizinho. Eu posso ficar ou não amiga do Luizinho. Só que a tecnologia potencializa essa rede de amigos, no tempo e no espaço. Mas não vejo a rede social como uma coisa nova. As pessoas se relacionam do mesmo jeito. Assim como as mulheres sentavam na calçada para conversar sobre o almoço, os filhos, contavam da vida. 
Os homens iam para o bar, falavam de futebol, de trabalho. Isso acontece hoje, no mundo virtual, por meio das redes segmentadas. 
Se eu quero falar de trabalho, tenho o Linkedin. 
No final de semana, falo de coisas mais leves no Orkut.

Quer dizer que cada rede social tem sua vocação?
Sônia – Mais ou menos. O perfil da rede social tem a ver com o momento em que foi lançada. O Orkut foi pioneiro, ficou mais popular. Depois veio uma ferramenta mais completa, o Facebook, com funcionalidades mais sofisticadas, controle maior de privacidade. Então as pessoas mudaram. Aí a coisa ficou bem avançada, cheia de botõezinhos para clicar e surgiu algo bem simples, como o Twitter. De repente, vem outra solução, que reúne Orkut, Twitter, Facebook no mesmo espaço... O novíssimo Google+ faz tudo isso e ainda permite formar círculos de interesse comum.

O público é diferente de uma para outra?
Sônia – De certa forma, sim. Mas existe também a migração de uma rede para outra. O Twitter, por exemplo, era para jovens. Hoje é para adultos (ver página XX). Não existe uma pesquisa sobre isso, mas eu intuo que seja pela dificuldade que o jovem tem de fazer sínteses. Outro exemplo: até o mês passado, o Orkut era o preferido entre os brasileiros. Agora, é o Facebook.

As redes sociais servem para educar?
Sônia – As redes sociais são instrumentos pedagógicos riquíssimos. Não tem como ir contra uma tecnologia em que o jovem pode ter voz, ser autor. Mas ainda não há nada sobre essa tecnologia nos currículos oficiais do ensino público. Existem iniciativas isoladas. Por exemplo, na cidade de São Paulo, o secretário de Educação, Alexandre Scheinder, é tuiteiro, tem afinidade com as novas tecnologias. As escolas da rede paulistana têm mais facilidade para emplacar ações, projetos que usem redes sociais. Ou seja, ele não cria barreiras, é permitido usar rede social na escola... Na cidade do Rio de Janeiro, a secretária de Educacão Claudia Costin também tuita, ela própria, não tem um avatar. Ela fala direto com os professores, desde as seis da manhã! E o que aconteceu? Hoje você tem uma rede da educação na cidade que se formou espontaneamente.

Não existe o receio dos professores em expor os alunos em redes sociais?
Sônia – Existe um tabu. E acho que a mídia é responsável por amedrontar professores e pais, porque a imprensa tradicional só divulga casos negativos. No conjunto, esses casos, de polícia, de crimes sexuais contra menores, de roubo de dados pessoais etc. dão a impressão de que nas redes sociais só acontece esse tipo de coisa. Não é verdade. Na rede, acontecem coisas boas e ruins, como na vida real. Tudo depende do uso que você faz da rede, assim como depende do uso que você faz do celular, ou de como você se comporta na balada... Você não vai deixar de sair de casa porque pode ser sequestrado na porta do barzinho. Você tem de estar ciente dos riscos e aprender a se proteger. O mesmo acontece na rede social. A solução é colocar em debate, com os jovens, as questões da rede – ética, valores, respeito, segurança... Fora isso, muitas escolas montam suas próprias redes, fechadas. Existe a plataforma Ning, por exemplo – que já foi gratuita, hoje é paga – mas que é viável e pode abrigar outras ferramentas, com controle sobre a rede escolar.

O professor está preparado para orientar os estudantes no uso cidadão da internet?
Sônia – Para começar, o professor reclama – ah, mas eu vou ter mais essa tarefa? Vou ter que cuidar de mais esse conteúdo? Ora, o professor já faz isso! Não dá noções de segurança no trânsito, não dá educação sexual? A cultura digital faz parte da vida, hoje. Por isso eu digo que cultura digital deve ser tema curricular. É preciso ensinar a fazer parte do mundo digital. De fato, o professor não sabe como lidar com essas questões de cidadania digital. E só vai saber quando se trabalhar isso. As escolas particulares estão mais avançadas nesse sentido porque o uso das tecnologias na Educação privada está mais desenvolvido. Portanto, esses educadores já estão precisando lidar com questões de fundo, como crimes cibernéticos. Isso também é formação. Trabalhar a questão de participação social, ética... você não precisa dar uma aula teórica de ética, nem usar exemplos do jornal. Você pode colocar todo mundo em uma rede social e criar uma situação que permita vivenciar a ética. É o aprendizado pela vivência: como eu me comporto, o que eu digo, o que eu posso dizer, o que eu não devo, a minha liberdade de expressão, a do outro...

Nos conteúdos curriculares formais, de que forma as redes sociais podem melhorar o aprendizado?
Sônia – Bem, primeiro gostaria de ressaltar que cidadania, hoje, também deve estar no currículo. Mas, no que se refere às disciplinas tradicionais – português, ciências etc. –, a gente sempre prevê o uso de redes sociais atreladas a uma proposta pedagógica. Como uma ferramenta de comunicação, de publicação de conteúdos, de produção de alunos. Aí entra o professor. Ele tem a intencionalidade pedagógica e pode enxergar, em cada ferramenta, o potencial para desenvolver determinada aprendizagem. Por exemplo: eu quero um recurso de vídeo porque espero que meu aluno desenvolva a criticidade, a habilidade de se expressar por meio de imagens. Mas também uso o Facebook porque quero que ele escreva, que aprenda a fundamentar um ponto de vista e o Face tem espaços maiores para isso. Mas eu também acho importante difundir esses conteúdos para muita gente, que é uma forma de contemplar a diversidade de opiniões, enriquecer o debate. Então, uso o Twitter. Uma aplicação que está crescendo é o tuitencontro. O professor cria uma hashtag, marca um horário e os alunos entram no Twitter para um debate. Pode-se convidar um especialista para participar. A vantagem é que isso está aberto, outras pessoas podem entrar, contribuir para a reflexão. Outra ação interessante é a online mobilização ou a tuitagem coletiva. Os alunos participam de mobilizações do tipo doe sangue, em defesa da ficha limpa, pela preservação da mata Atlântica, gerando movimentos na escola. Esse recurso é excelente porque você consegue fisgar o jovem pela natureza dele, que é a vontade de participar, de ser ativo.

Como conquistar os professores para trabalhar com redes sociais se grande parte ainda não consegue usar sequer desktops ou notebooks em sala de aula?
Sônia – A base de tudo é a metodologia. O primeiro passo é estabelecer uma diferença entre tecnologia e metodologia. Hoje, a preocupação maior é com a tecnologia. Se você propõe a um professor utilizar um Ipad, ele responde: eu não sei usar o Ipad, não conheço as funções. Aí o professor diz que precisa de formação, de treinamento para dominar a ferramenta. Isso acontece porque ele só está olhando para a tecnologia. O professor tem de se preocupar, da mesma forma, com a metodologia. Olhar para o dispositivo não como um aparelho. Mas a partir das funcionalidades possíveis. Então, é olhar e pensar: esse dispositivo facilita a comunicação. Assim não se está mais pensando em um equipamento, mas em um conceito. Eu quero que meus alunos se comuniquem? Quero. Por que não usar uma tecnologia que potencializa isso? Eu continuo querendo que meu aluno aprenda a ler, que aprenda geografia. Na medida em que os educadores começarem a enxergar mais a metodologia, por trás do equipamento, vai ficar mais fácil quebrar essa resistência. Atualmente, o que mais falta é alguém que pense nas metodologias.

Garantir condições para o uso eficaz das tecnologias na escola não é responsabilidade dos gestores da Educação, do poder público?
Sônia – Sem dúvida, é uma questão de política pública. Quando começou a internet, o que o poder público resolveu fazer primeiro? Comprar máquinas. Montar salas. Achou-se, com isso, que o problema estaria resolvido. Aí passou essa fase, está tudo equipado... e vem a pergunta: o que fazer com os equipamentos? Essa é a fase seguinte – vamos formar o professor. Só que foi pulado um pedaço. Pulou-se o coordenador pedagógico, o diretor da escola, o secretário de Educação... Ficou um buraco aí no meio. E, na escola pública, o professor não tem autonomia. Se ele não tiver apoio dos gestores, pouco acontece. É o gestor que vai determinar o esquema de uso Do laboratório, liberar o acesso a redes sociais, conseguir recursos para manter a infraestrutura, contratar a banda larga, determinar horas-atividades para o professor fazer seu projeto online... Além disso, a figura do coordenador pedagógico é muito importante porque é ele que vai construir a metodologia junto com o professor.

Os professores da escola pública têm condições de acompanhar o ritmo da evolução das tecnologias? Eles mal receberam os laptops do programa Um Computador por Aluno e o ministro da Educação já fala em tablets...
Sônia – Está havendo uma forte pressão em cima dos professores para se apropriarem dos equipamentos. E, desse ponto de vista, o problema só cresce. Veja, os computadores do ProInfo chegaram, ficaram velhos, e agora estão chegando os dispositivos móveis... laptops, celulares. Em muitos lugares, não tem computador, mas todos os alunos têm celular, com pacotes de dados baratos, acessíveis a todos. Por isso, hoje não se fala mais em computador, mas em telas digitais. Só que a história é a mesma. O que fazer com as telas digitais? A resposta é oferecer aos professores formações continuadas, que contemplem as questões de metodologia.

Não existe também uma resistência do professor, que precisa ser vencida?
Sônia – Sem dúvida. Conheço professores de 27 anos que acham que rede social é “coisa da nova geração”. Eu tenho 60 e acho que é da minha geração, do meu tempo. Eu tenho que encarar o caixa eletrônico no banco, tenho de mandar o Imposto de Renda pelo site da Receita Federal... então, a tecnologia é coisa do meu tempo. Acho uma irresponsabilidade o professor que se nega a absorver esses recursos. Eles ficam bravos quando eu falo, mas isso acontece com frequência. Penso também que o professor precisa conquistar as coisas. Na vida, não dá para ficar só esperando, cobrando do governo melhores condições, de braços cruzados. Hoje, a sociedade se mobiliza – em grande parte, pelas TICs – para colocar suas demandas. E consegue vitórias. Derruba projeto de lei, adquire direitos... São os movimentos sociais. Na escola, tem de ser assim. Primeiro, se interessar; depois, se organizar; e então, reivindicar. Os projetos que eu tenho visto dar mais certo são aqueles em que o professor toma a iniciativa, começa a desacomodar o diretor, a “criar o problema”.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Aplicative-se: educação começa a perceber a força dos aplicativos nos processos de aprendizagem


De gadget prático para a leitura de revistas, jornais e livros a forte candidato a substituto do PC. A ascensão dos tablets se deve, em grande parte, ao impressionante mercado de aplicativos para aparelhos móveis que, desde 2008, com a abertura da primeira loja virtual especializada nesses softwares, vem apresentando uma profissionalização e uma diversificação que fazem crer que é impossível que não exista ao menos um aplicativo capaz de facilitar a vida de cada um de nós.

Com o caráter de serviço que muitos adquirem, os apps deixam de ser apenas entretenimento ou uma nova interface para um editor de texto ou para uma planilha que pode ser acessada em qualquer lugar. Vinculados à mobilidade, são tudo isso e mais. “Na educação, eles representam a possibilidade de trabalhar um conjunto de competências que não são contempladas por outras ferramentas”, afirma Monica Timm de Carvalho, diretora-geral do Colégio Israelita Brasileiro (RS), que há pouco mais de um mês coordenou a implementação dos tablets em classes do ensino fundamental da instituição gaúcha.

Timm afirma que a instituição sempre entendeu a importância de utilizar as TICs na educação. “Somos do tempo da tartaruguinha”, diz, entre risos, referindo-se ao personagem característico do ambiente LOGO. Sobre as competências que são potencializadas nos primeiros anos educacionais pelos tablets com aplicativos que fazem parte de um programa pedagógico da escola, ela destaca o trabalho em equipe, a interação da criança com o conteúdo apresentado e a capacidade de compor histórias. “Explicamos o desafio, colocamos o tablet ao centro e eles fazem tudo em equipe.”

Um dos desafios é possível com o uso de um aplicativo que transforma as fotos tiradas em sala de aula em quebra-cabeças virtuais. Os alunos montam as fotos, que podem ser deles mesmos. Outro aplicativo permite que desenhos feitos por estudantes em sala sejam fotografados e agrupados e, em cima deles, seja construída uma história que precisa “linkar” todos os desenhos. “Trabalhamos expressão plástica, ordenação de sequência lógica, oralidade, narrativa. Isso tudo com uma interação incrível entre alunos de cinco anos de idade”, diz a diretora. O trabalho vai tão bem que mais dez tablets chegarão em breve à escola. Os professores e a pedagoga multimeios estão agora em busca de aplicativos que se encaixem no ensino médio.

Geração e mercado que pensam a mobilidade

A geração que aos cinco anos já tem aula com tablets em sala de aula vai encontrar um mercado de aplicativos para lá de avançado. Menos de três anos após a primeira loja de aplicativos surgir, a Apple já oferece aos usuários de seus equipamentos mais de 300 mil apps. O Google, que desenvolve e apoia o desenvolvimento para o sistema Android, disponibiliza mais de 200 mil.

Com todo esse mercado, o interesse dos jovens vai além do uso. O professor Luiz Francisco Teixeira, que orienta trabalhos de estudantes do curso técnico de informática da Fundação Bradesco de Osasco, conta que o interesse por desenvolver aplicativos nos projetos finais vem aumentando expressivamente. “Neste ano, eles devem responder por 40% de todos os trabalhos.” Ainda em sala de aula, os estudantes têm contato com empresas do mercado. Em um workshop, a empresa parceira apresentou todas as possibilidades dos seus aparelhos e até adiantou alguns lançamentos que fariam em meses para permitir que os alunos pudessem pensar em aplicativos para os novos telefones.

Na Febrace deste ano, Teixeira expôs, com duas equipes selecionadas para a feira de engenharia e ciências da USP, projetos de aplicativos que ele orientou. Um destes, o “Liberty Vison”, é um app de acessibilidade para deficientes visuais. “A tecnologia permite ganhos para toda a sociedade, e procuramos ter este olhar aqui na Fundação”, afirma o educador. A proposta do aplicativo, que traz um leitor de QR Code, é dar mais autonomia às pessoas com deficiência visual. “Neste caso, os aplicativos leem etiquetas com QR codes e indicam cor, tamanho. O projeto é inicialmente para roupas, mas isso pode servir para um universo de coisas. Pode ser útil, por exemplo, em livrarias”, diz Teixeira.

O padrão conectado e o uso do “tempo livre”

O uso dos aplicativos por todas as faixas etárias, com diversas finalidades, aponta que eles já estão estabelecidos na linha de frente da cultura digital e que reforçam a tendência de estarmos sempre interagindo nos ambientes virtuais por meio da tecnologia digital móvel. Mas de que forma isso impacta o nosso dia a dia? Para Alexandre Matias, editor do caderno de cultura digital Link, do jornal “O Estado de S. Paulo”, os aplicativos tendem a radicalizar a nossa noção de tempo, além da percepção do estar conectado. Ele defende que a tendência para os próximos anos é não notarmos que estamos online.

*Colaborou Marcelo Modesto

Fonte: https://www.institutoclaro.org.br/em-pauta/aplicative-se-educacao-comeca-a-perceber-a-forca-dos-aplicativos-nos-processos-de-aprendizagem/

sábado, 22 de outubro de 2011

Livros sobre redes sociais, comunicação e web 2.0


Abaixo estão listados alguns livros sobre redes sociais, comunicação e web 2.0 em português. É só você ir direto na página do blog @midia8 no Issuu ou em outros lugares da web em que o material estiver disponível. Boa leitura!


Em português:

01. Como escrever para a web (Guillermo Franco)
02. O que é o virtual? (Pierre Lévy)
03. Jornalismo 2.0: como viver e prosperar (Mark Briggs)
04. Web 2.0: erros e acertos (Paulo Siqueira)
05. Para entender a internet (org. Juliano Spyer)
06. Redes sociais na internet (Raquel Recuero)
07. Televisão e realidade (Itania Gomes)
08. Autor e autoria no cinema e televisão (José Francisco Serafim)
09. Comunicação e mobilidade (André Lemos)
10. Comunicação e gênero: a aventura da pesquisa (Ana Carolina Escosteguy)
11. Conceitos de comunicação política (org. João Carlos Correia)
12. O paradigma mediológico: Debray depois de McLuhan (José A. Domingues)
13. Informação e persuasão na web (org. Paulo Serra e João Canavilhas)
14. Teoria e crítica do discurso noticioso (João Carlos Correia)
15. Redefinindo os gêneros jornalísticos (Lia Seixas)
16. Novos jornalistas: para entender o jornalismo hoje (org. Gilmar R. da Silva)
17. O marketing depois de amanhã (Ricardo Cavallini)
18. Branding: um manual para você gerenciar e criar marcas (José R. Martins)
19. Grandes Marcas Grandes Negócios (José R. Martins)
20. Relações Públicas digitais (org. Marcello Chamusca e Márcia Carvalhal)
21. Ferramentas digitais para jornalistas (Sandra Crucianelli)
22. Blogs.com: estudos sobre blogs (org. Raquel Recuero, Adriana Amaral e Sandra Montardo)
23. Mobilize: guia prático sobre marcas e o universo mobile (Ricardo Cavallini)
24. Mídias sociais: perspectivas, tendências e reflexões (e-books coletivo)
25. Manuais de cinema I: laboratório de Guionismo (Luís Nogueira)
26. Manuais de cinema II: gêneros cinematográficos (Luís Nogueira)
27. Manuais de cinema III: planificação e montagem (Luís Nogueira)
28. Manuais de cinema IV: os cineastas e a sua arte (Luís Nogueira)
29. Homo consumptor: dimensões teóricas da publicidade (Eduardo Camilo)
30. Retória e mediação II: da escrita à internet (orgs. Ivone Ferreira e María Cervantes)
31. O conceito de comunicação na obra de Bateson (Maria Centeno)
32. Comunicação e estranheza (Suzana Morais)
33. Néon digital: um discurso sobre os ciberespaços (Herlander Elias)
34. Manual da teoria da comunicação (Joaquim Paulo Serra)
35. Estética do digital: cinema e tecnologia (orgs. Manuela Penafria e Mara Martins)
36. Jornalismo digital e terceira geração (org. Suzana Barbosa)
37. Comunicação e ética (Anabela Gradim)
38. Blogs e a fragmentação do espaço público (Catarina Rodrigues)
39. Sociedade e comunicação: estudos sobre jornalismo e identidades (João Correia)
40. Teorias da comunicação (orgs. José Manual Santos e João Correia)
41. Comunicação e poder (org. João Correia)
42. Comunicação e política (org. João Correia)
43. Manual de jornalismo (Anabela Gradim)
44. A informação como utopia (Joaquim Paulo Serra)
45. Jornalismo e espaço público (João Correia)
46. Semiótica: a lógica da comunicação (Antônio Fidalgo)
47. Informação e sentido: o estatuto espistemológico da informação (Joaquim Serra)
48. Informação e comunicação online I: jornalismo online (org. Joaquim Serra)
49. Informação e comunicação online II: internet e com. promocional (org. Joaquim Serra)
50. Campos da comunicação (orgs. Antônio Fidalgo e Paulo Serra)
51. Jornalistas da web: os primeiros 10 anos (Jornalistas da web)
52. Onipresente (Ricardo Cavallini)
53. O uso corporativo da web 2.0 e seus efeitos com o consumidor (André Santiago)54. Caderno de viagem: comunicação, lugares e tecnologia (André Lemos)
55. Desenvolvimento de uma fonte tipográfica para jornais (Fernando Caro)
56. Perspectivas do Direito da propriedade intelectual (Helena Braga e Milton Barcellos)
57. E o rádio? Novos horizontes midiáticos (Luiz Ferraretto e Luciano Klockner)
58. Manual de redação do jornalismo online (Eduardo de Carvalho Viana)
59. Jornalismo internacional em redes (Cadernos da Comunicação)
60. Cartilha de redação web: padrões Brasil e-Gov (Governo Federal)
61. A cibercultura e seu espelho (orgs. Eugênio Trivinho e Edilson Cazeloto)
62. Direitos do homem, imprensa e poder (Isabel Morgado)
63. Conceito e história do jornalismo brasileiro na 'Revista de Comunicação'
64. Tendências e prospectivas. Os 'novos' jornais (OberCom)
65. O livro depois do livro (Giselle Beiguelman)
66. A internet em Portugal (OberCom)
67. Memórias da comunicação (orgs. Cláudia Moura e Maria Berenice Machado)
68. Comunicação multimídia (org. Maria Jospe Baldessar)
69. Cultura digital.br (orgs. Rodrigo Savazoni e Sérgio Cohn)
70. História da mídia sonora (orgs. Nair Prata e Luciano Klockner)
71. História das relações públicas (Cláudia moura)
72. Manual de laboratório de jornalismo na internet (Marcos Palacios e Beatriz Ribas)
73. O ensino do jornalismo em redes de alta velocidade (Marcos Palacios e Elias Machado)
74. Retórica e mediação: da escrita à internet (orgs. Ivone Ferreira e Paulo Serra)
75. Design/Web/Design: 2 (Luli Radfaher)
76. A arte de despediçar energia (Ricardo Cavalline)
77. A blogosfera policial no Brasil (orgs. Silvia Ramos e Anabela Paiva)
78. Direitos humanos na mídia comunitária (UNESCO)
79. Do broadcast ao socialcast (Manoel Fernandes)
80. Manual de assessoria de comunicação (FENAJ)
81. Manual de sobrevivência no mundo digital online (Leoni)
82. Olhares da rede (orgs. Claudia Castelo Branco e Luciano Matsuzaki)
83. A democracia impressa (Heber Ricardo da Silva)
84. Design e ergonomia (Luis Carlos Paschoarelli)
85. Design e planejamento (Marizilda do Santos Menezes)
86. História e comunicação na nova ordem internacional (Maximiliano Martin Vicente)
87. O percurso dos gêneros do discurso publicitário (Ana Lúcia Furquim)
88. Representações, jornalismo e a esfera pública democrática (Murilo Soares)
89. Princípios Inconstantes (Itaú Cultural, com coordenação de Claudiney Ferreira)
90. Mapeamento do ensino de jornalismo cultural no Brasil em 2008 (Itaú Cultural)
91. Mapeamento do ensino de jornalismo digital no Brasil em 2010 (coord. Alex Primo)
92. Dinheiro na internet: como tudo funciona (Katiero Porto)
93. Como criar um blog: de desconhecido a problogger (Paulo Faustino)
94. Futuros imaginários: das máquinas pensantes à aldeia global (Richard Barbrook)
95. Além das redes de colaboração (orgs. Nelson De Luca Pretto e Sérgio Silveira)
96. Guia prático de marketing na internet para pequenas empresas (Cláudio Torres)
97. Políticas, padrões e preocupações de jornais e revistas brasileiros (UNESCO)
98. Teoria e pesquisa no contexto dos indicadores de desenv. da mídia (UNESCO)
99. Qualidade jornalística: ensaio para uma matriz de indicadores (UNESCO)
100. Sistema de gestão da qualidade aplicada ao jornalismo (UNESCO)

Fonte: http://www.blogmidia8.com/p/biblioteca-virtual.html

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

STEVEN JOBS: O FIM DE UMA ERA



Steven P. Jobs, o presidente do conselho e cofundador da Apple que abriu o caminho como pioneiro na indústria de computadores pessoais e mudou a maneira como as pessoas pensam sobre tecnologia, morreu dia 05/10/11, aos 56 anos de idade.

"O brilhantismo, a paixão e a energia de Steve foram as fontes de incontáveis inovações que enriquecem e tornam melhores nossas vidas", disse o conselho da Apple em um comunicado. "O mundo é incomensuravelmente melhor por causa de Steve."

A companhia não especificou a causa de sua morte. Jobs lutou contra um câncer no pâncreas e vários anos atrás recebeu um transplante de fígado. Em agosto, renunciou ao cargo de executivo-chefe, passando as rédeas a Tim Cook.

Durante sua carreira de mais de três décadas, Jobs transformou o Vale do Silício ao ajudar a fazer do que fora uma silenciosa área ocupada por pomares em um centro de inovação para a indústria de tecnologia. Além de lançar as bases de uma moderna indústria de alta tecnologia ao lado de outros pioneiros, como Bill Gates, cofundador da Microsoft, e Larry Ellison, fundador da Oracle, Jobs provou a capacidade de atração de produtos intuitivos e bem desenhados frente ao poder da própria tecnologia e mudou a maneira como os consumidores interagem com a tecnologia em um mundo cada vez mais digital.

Ao contrário desses homens, no entanto, o período mais produtivo na carreira de Jobs ocorreu perto do fim de sua vida, quando um fluxo quase contínuo de produtos inovadores e muito bem-sucedidos como o iPod, o iPhone e o iPad fundamentalmente mudaram as indústrias de computadores, eletrônicos e mídia digital. Nesse intervalo, o modo como ele anunciava e vendia esses produtos, com campanhas publicitárias inteligentes e por meio de suas lojas de varejo, ajudaram a tornar a companhia um ícone da cultura pop.

No início dessa fase, Jobs descreveu sua filosofia, uma vez, como a tentativa de fazer produtos que fossem "a intersecção entre arte e tecnologia". Ao fazer isso, ele transformou a Apple na companhia mais valiosa do mundo.

Embora suas conquistas em tecnologia por si só tenham sido imensas, Jobs teve um papel igualmente pioneiro no entretenimento. Ele transformou a Apple na maior varejista de música e ajudou a popularizar filmes de animação como diretor executivo e financeiro da Pixar Animation Studios, que mais tarde foi vendida para a Walt Disney Co. Ele foi uma figura-chave em desafiar a maneira como as pessoas usam a internet e como consomem música, programas de TV, filmes e livros, despedaçando indústrias nesse processo.

Jobs também teve um dos regressos mais notáveis na história empresarial moderna, voltando à Apple após uma ausência de 11 anos, durante a qual ele foi mantido afastado como uma coisa velha e, em seguida, revivendo a fase de fortalecimento da companhia com a introdução de produtos como o iMac tudo-em-um, o aparelho para reprodução de músicas iPod, e a loja digital de música iTunes.

A companhia registra hoje uma receita de US$ 65,2 bilhões por ano, comparado com os US$ 7,1 bilhões em seu ano fiscal encerrado em setembro de 1997. A Apple tornou-se uma criadora de dispositivos eletrônicos com design especial, eliminando o "computer" de seu nome em janeiro de 2007 para realçar sua expansão para além do mercado de PCs.

Embora em agosto Jobs tenha entregado oficialmente as rédeas da companhia, por tempo indefinido, a seu vice Tim Cook, sua morte levanta uma questão de alto risco para a Apple: como a empresa - que tem sido a vanguarda da criatividade tecnológica por mais de uma década - sustentará seu sucesso sem sua visão e orientação. Outros ícones do capitalismo americano, incluindo Disney, Wal-Mart e a IBM experimentaram alguns problemas de transição depois que seus carismáticos fundadores faleceram, mas conseguiram prosperar depois disso.

Poucas companhias dessa estatura, no entanto, mostraram uma dependência tão aguda de seu fundador, ou o perderam no auge de sua carreira. Vários anos depois de Jobs ter sido demitido da Apple, em 1985, a companhia iniciou um declínio que a deixou à margem da indústria de computadores. Esse deslize foi revertido somente depois que Jobs retornou à Apple, em 1997.

Jobs também deixa para trás uma série de casos a respeito de seu estilo duro de gestão, como seu hábito de chamar os empregados ou suas ideias de "idiotas" quando não gostava de alguma coisa. Ele foi ainda mais combativo contra rivais como Microsoft, Google e Amazon. Quando a Adobe travou uma campanha pelo fato de a Apple não adotar o formato de vídeos Flash (da Adobe) em seus iPhones e iPads, em abril de 2010, Jobs redigiu um ensaio de 1,6 mil palavras sobre por que o software era ultrapassado e inadequado para aparelhos móveis.

O executivo-chefe manteve padrões intransigentes sobre os equipamentos e softwares da companhia, exigindo uma estética "insanamente espetacular" e facilidade de uso desde que o consumidor entrasse em uma das estilosas lojas da Apple. Sua atenção aos mínimos detalhes no processo de desenvolvimento e design foi determinante para moldar algumas das características mais marcantes dos produtos da Apple, enquanto suas apresentações meticulosamente planejadas ajudavam a disseminar uma empolgação que não se repetia em relação a seus pares.

Ao fim dos eventos para lançar novos produtos da Apple, Jobs frequentemente proclamava, de maneira endiabrada, "tem mais uma coisa", antes de revelar a notícia mais importante no fim de um discurso. Ele impunha um rígido sigilo aos funcionários da Apple, estratégia que acreditava elevar a expectativa pelos novos produtos da companhia.

Filho adotivo de uma família de Palo Alto, na Califórnia, Jobs nasceu em 24 de fevereiro de 1955. Sem nunca ter se formado na universidade, estabeleceu cedo sua reputação como um inovador da tecnologia quando, aos 21 anos, ele e o amigo Steve Wozniak fundaram a Apple Computer na garagem da casa da família Jobs em 1976. Jobs escolheu o nome, em parte, porque era fã dos Beatles e admirava o selo de discos do grupo, que se chamava Apple, conta o livro "Apple: The Inside Story of Intrigue, Egomania, and Business Blunders" (Apple: os bastidores de uma história de intriga, egomania e maus negócios, em tradução livre), escrito por Jim Carlton, repórter do "The Wall Street Journal".

Em 1977, a dupla lançou o Apple II, um computador inovador que era relativamente acessível e havia sido desenhado mais para o mercado de consumo de massa que para aficionados. O produto tornou-se um dos primeiros computadores pessoais bem-sucedidos, levando a Apple a um faturamento de US$ 117 milhões na época da oferta inicial de ações da companhia, em 1980. A emissão de ações, instantaneamente, transformou Jobs em multimilionário.

Nem todas as ideias iniciais de Jobs deram certo. Os computadores Apple III e Lisa, lançados em 1980 e 1983, respectivamente, foram um fracasso. Mas o Macintosh com seu desenho tudo-em-um - apresentado no comercial de TV inspirado no livro "1984", de George Orwell, que só foi exibido uma vez - marcaria o novo padrão para a criação de sistemas operacionais modernos, nos quais os usuários clicam em ícones com um mouse, ao invés de digitar comandos.

Mesmo nessa época, Jobs era meticuloso sobre detalhes de design. Bruce Tognazzi, um ex-especialista em interfaces da Apple, que entrou na companhia em 1978, disse certa vez que Jobs demonstrava, na época, insatisfação com o fato de o teclado das máquinas não incluir as teclas "para cima", "para baixo", "esquerda" e "direita", capazes de permitir aos usuários movimentar o cursor pela tela de seus computadores.

A busca de Jobs pela beleza estética às vezes beirava o extremo. George Crow, um engenheiro da Apple na década de 80, que voltou à companhia entre 1998 e 2005, lembra que Jobs queria que até o interior das máquinas fosse bonito. No Macintosh original, Crow diz que Jobs queria que os fios fossem das cores do arco-íris, que então compunha o logotipo da companhia. Crow diz que acabou convencendo Jobs de que fazer isso seria um gasto desnecessário.

Muitas ideias para o Macintosh surgiram de uma visita ao laboratório de pesquisa da Xerox, na cidade de Palo Alto, em 1979, onde Jobs viu uma máquina chamada Xerox Alto que tinha uma interface gráfica bastante rudimentar e um mouse. O episódio evidenciou um papel que Jobs assumiria por diversas vezes - o de refinador e popularizador de invenções já existentes.

"Picasso dizia que 'bons artistas copiam. Artistas fantásticos roubam'", disse Jobs em um documentário da rede de TV americana PBS do meados dos anos 90 sobre a indústria de computadores. "Eu não tenho vergonha de roubar ideias fantásticas."

Mesmo em suas aparições públicas, Jobs parecia tentar cultivar mais a imagem de um artista do que a de um alto executivo. Em público, ele raramente se apresentava com outra roupa que não uma camisa preta de gola role, calça jeans da Levi's e tênis de corrida da New Balance.

À medida que a Apple crescia, Jobs decidiu trazer para a empresa um executivo com mais experiência para tocar os negócios. Em 1983, ele recrutou John Sculley, então presidente da Pepsi, para comandar a Apple, convencendo o relutante executivo com a famosa pergunta: "você quer vender água doce para crianças, ou ajudar a mudar o mundo?"

Depois de a Apple ter sofrido uma queda subsequente, uma disputa pela liderança levou à decisão do conselho de apoiar Sculley e demitir Jobs dois anos depois, quando ele tinha 30 anos. "O que eu posso dizer, eu contratei o cara errado", suspirou Jobs no mesmo documentário da PBS. "Ele destruiu tudo o que passei 10 anos construindo".

Jobs então criou o NeXT Inc, uma empresa iniciante que, em 1988, introduziu um computador de mesa preto com software avançado que inicialmente mirava o mercado acadêmico de computadores. Mas a máquina foi prejudicada pelo preço exorbitante e algumas decisões-chave de design, incluindo o uso de um drive de disco óptico e um microprocessador da Motorola, em um momento no qual os chips da Intel e os drives de disquete tornaram-se a norma.

No fim, a NeXT desistiu de vender equipamentos e fracassou como uma companhia de software. Mas seu sistema operacional tornou-se a base para o OS X, o software que é a espinha dorsal dos Macs de hoje, depois da Apple ter comprado a NeXT por US$ 400 milhões em dezembro de 1996.

Em 1986, usando parte de sua fortuna obtida com a Apple, Jobs pagou US$ 10 milhões ao cineasta George Lucas para adquirir a divisão de computação gráfica da Lucasfilm. A companhia que ele formou a partir desses ativos, a Pixar Animation Studios, primeiro vendeu equipamentos, então passou para o software e, mais tarde, voltou-se para a produção de filmes. A Pixar acabou criando uma série de sucessos de animação computadorizada, de "Toy Story" à "Wall-E" em 2008. Jobs vendeu a Pixar para a Disney em janeiro de 2006 em um acordo de US$ 7,4 bilhões que lhe deu um assento no conselho e o tornou o maior acionista da gigante do setor de entretenimento.

Enquanto isso, a Apple começou a naufragar. Os computadores usando os chips Intel e os software da Microsoft cresceram a ponto de dominar o mercado, uma tendência que se acelerou depois que o Windows, da Microsoft, absorveu muitos elementos da interface visual dos computadores Mac.

A Apple tinha de financiar internamente tanto o desenvolvimento de equipamento quanto de software. Poucos desenvolvedores de aplicativos criaram produtos para tornar o Machintosh mais útil. A Apple, no fim, decidiu licenciar seu sistema operacional para outras companhias de equipamentos, mas era tarde demais para reverter o movimento em direção às máquinas com Windows.

Em 1997, a Apple acumulava quase US$ 2 bilhões em perdas em dois anos; suas ações estavam nos níveis mais baixos de sua história, e a companhia passava por seu terceiro executivo-chefe, Gil Amelio, em quatro anos. Oito meses após um acordo para comprar a NeXT, em dezembro de 1996, Amelio foi deposto e Jobs nomeado executivo-chefe interino, um título que se tornou permanente em janeiro de 2000. Um ex-funcionário da Apple lembra que logo após o seu retorno, Jobs brincava que "os loucos tinham tomado conta do asilo e nós podemos fazer o que quisermos".

Jobs, que recebia um salário de US$ 1 por ano, junto com opções de ações da Apple, fez uma série de mudanças que rapidamente começaram a dar retorno. Ele acabou com o incipiente programa de licenciamento de software que criou clones do Mac, matou o problemático computador portátil Newton e enxugou uma confusa série de modelos Mac para um pequeno número de sistemas focados no mercado consumidor.

Aqueles que conheceram Jobs dizem que uma razão para ele se manter capaz de continuar inovando era o fato de que ele não se prendia a conquistas do passado ou ao legado, mas continuava olhando para frente e exigia que os funcionários fizessem o mesmo. Hitoshi Hokamura, ex-funcionário da Apple, recorda como um velho computador Apple I exposto na cafeteria da empresa desapareceu silenciosamente depois que Jobs regressou na segunda metade dos anos 90.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=48114

Homenagem:

Dos baby boomers às gerações X e Y: Engajamento, ousadia e inovação

Por Ricardo Zeef Berezin, do IDG Now!

Especialista descreve cada um dos grupos, detalhando anseios e motivações. "A próxima geração não é uma versão mais jovem da sua", alerta.

A palestra do professor Graeme Codrington na InTouch 2011 - evento organizado pela Amdocs, provedora de soluções em software para empresas de telecom - se não foi a mais aplaudida, foi, de longe, a mais bem humorada. Sua apresentação, na semana passada, sobre as gerações Y, X e Baby Boomers, motivou gargalhadas de muitos dos presentes, talvez identificados com as situações que descreveu.

“Vocês são daqueles que só assistem DVDs quando seus filhos estão em casa, por não conseguirem mexer no aparelho? E não é nem uma questão de fazê-lo tocar a mídia, o problema é encontrar o controle remoto correto. E na hora de aprender a usar um smartphone novo, vocês leem o manual? Eles nem vêm mais com manual! Ou vocês o entregam aos jovens para que, 15 minutos depois, eles voltem para explicar direitinho o que fazer?”

Logo no começo da exposição, Condrington exibiu uma cena do filme De Volta Para o Futuro. Primeiro porque o futuro do qual o longa trata não está longe: 2015 – é hora de se perguntar se algumas das projeções foram acertadas. Segundo, porque seu lançamento, em 1985, se deu quatro anos antes de o mundo mudar completamente.

O professor lembra que a partir de 1989, grandes eventos se sucederam em um espaço de oito meses. Junho (5/6) marca o término dos protestos na Praça da Paz na China, logo após o massacre promovido pelo Governo do país. Em novembro, o muro de Berlin é derrubado, dando fim à divisão da cidade alemã em dois lados, capitalista e socialista. Um mês depois, em 25/12, o ditador Nicolae Ceausescu é executado, e a Romênia abandona a URSS. Já em 1990, em fevereiro, Nelson Mandela é libertado na África do Sul, após passar 27 anos preso.

Todos esses acontecimentos foram preponderantes para o desenvolvimento da Geração Y. Se seus predecessores da Geração X conviveram em meio a grandes incógnitas, incertos sobre o que os anos seguintes lhes reservavam, as crianças nascidas no começo da década de 80 já podiam ter uma ideia melhor sobre o caminho que deveriam seguir.

“Família, religião, condição econômica são fatores importantes, mas nada se compara a esses primeiros 15 anos de vida no que se refere à formação de uma pessoa”, esclareceu Codrington.

Em seguida, tratou de explicar as diferenças entre as gerações, e, para ilustrá-las, usou três peças publicitárias – todas de produtos de tecnologia.

Baby Boomers
Os Baby Boomers, afirmou o professor, nasceram em uma época de grande otimismo, acreditavam em mudar o mundo e, o que é mais impressionante, ainda acreditam. Não raro, pouco após se aposentarem, voltam à atividade, desta vez como consultores.

“Aquele aforismo, que diz que o único empecilho para que você atinja todos os seus objetivos é você mesmo, vale para essa geração. Eles, no entanto, sabem que não mudaram o mundo. Por isso, acho, ainda estão no mercado”.

Eles têm a visão, eles têm a motivação, eles têm o dinheiro. Precisam, porém, de ideias concretas para colocar tudo em funcionamento. - daí que podem contar com a ajuda da Geração Y. Codrington gosta de resumir o pensamento dos Baby Boomers com a frase que um parente seu costuma dizer:

“Quando eu morrer, o mundo acabará”.

Geração X
As pessoas dessa geração não têm medo, de acordo com Codrington. Seus primeiros anos foram permeados de incertezas e, ao perguntarem aos pais o que estava acontecendo, não conseguiam nenhuma resposta – mesmo porque os mais velhos também não as tinham.

Aprenderam desde cedo que o sistema era na base do cada um por si. Aos 30 anos, já passaram por mais empregos do que seus pais tiveram a vida inteira. Aos 35, metade deles está em um trabalho sem nenhuma relação com a área na qual se formou. O trabalho por sinal não está no topo de suas prioridades. Querem flexibilidade, viagens, diversão, liberdade. É possível que a profissão só apareça em quinto lugar.

Felizmente, quando passam por dificuldades, costumam ter um boomer a quem podem recorrer: ficam um tempo na casa dele – por vezes tempo demais, é verdade – se recompõem, e partem para a próxima aventura. “A Geração X é a geração whatever (tanto faz)”, disse.

“Eles adoram mudanças. Mais do que isso, eles precisam de mudanças. Quando não as têm, eles as criam. E se para vocês isso significa caos, pois bem, eles adoram o caos. E quando não o têm, eles o inventam”.

Geração Y
“O que há com os jovens de hoje em dia?”, perguntou Codrington. “Se vocês têm filhos, sabem do que estou falando. Mas, garanto-lhes: por mais que pareça, não se trata de uma alteração genética. A profunda confiança que eles sentem, algo próximo da empáfia, é motivada por outro fator. Desde a tenra infância, são os consultores tecnológicos da casa. Eles auxiliam, decidem, ensinam. Vocês aprendem”.

Tal qual a geração anterior, os garotos da Geração Y também não gostam de rotina. Eles aceitam um celular corporativo da empresa, para que possam ser contatados a qualquer momento – em uma sexta-feira à noite, na manhã de domingo – mas querem que essa flexibilidade valha para os dois lados. Pediram uma folga na terça à tarde para assistir ao futebol? Isso não quer dizer que toda terça-feira faltarão ao trabalho. Assim como não trabalharão todo sábado.

Para o especialista também é falsa a constatação de que os membros da Geração Y não se conectam com ninguém. É justamente para isso, diz, que eles sempre carregam o smartphone. Essa geração é a mais conectada de todos os tempos, e o surgimento das redes sociais não foi um acaso – muito menos seu consequente sucesso. Possuem um desejo urgente de fazer parte de um grupo, de se verem incluídos, de se sentirem maiores do que realmente são.

Por isso, alega Codrington, é um contrassenso bloquear portais como Facebook e Twitter nas empresas. São a partir desses sites que os jovens compartilham, cooperam, contribuem, engajam: rendem bem mais com eles do que sem eles. As companhias devem dar um jeito de conectar seus funcionários – para um desempenho melhor – e seus clientes – para deixá-los satisfeitos. Um dispositivo sem acesso à Internet não serve para esse público.

Como atrai-los
“Os membros da Geração Y não querem apenas subir na empresa. Eles têm outras direções em mente”, afirmou o professor. Estão sempre entre uma coisa e outra – costumamos reduzir essa postura ao conceito de multitarefa. Não anseiam por estabilidade, mas por crescimento.

O crescimento não é necessariamente financeiro. Se eles avistarem uma boa oportunidade na companhia – ou em outra - mesmo que não seja um cargo superior ao que ocupam, não pensarão muito antes de arriscar. Para mantê-los motivados, e presos à empresa, é necessário provê-los com conhecimento, treinamento, aulas – e estas, é lógico, podem ser online.

Mas, principalmente, eles querem saber o porquê de tudo – talvez daí, brinca Codrington, venha o nome da geração, já que “y”, em inglês, se pronuncia why (por que). Na palestra, o especialista fez um desafio aos chefes: expliquem aos seus jovens funcionários os motivos pelos quais eles devem fazer isso, e não aquilo, e por que de determinada maneira, e não de outra, os resultados serão melhores.

“Não pensem que as pessoas da Geração Y são simplesmente versões mais jovens de vocês. Esqueçam o que costumavam ouvir de seus pais – Because I said so (Porque eu disse) – e expliquem suas decisões. Vejam como isso fará a diferença no comportamento dos jovens. Se não fizer, mandem-me uma mensagem”, disse, enquanto mostrava seu e-mail na tela. “Das centenas de apresentações que já fiz, nunca recebi um retorno ressaltando meu engano”.

Oportunidades
Por fim, Codrington comentou as inúmeras oportunidades que os próximos anos reservam. Se os membros da Geração Y desejam tecnologia para assisti-los e conectá-los, os baby boomers não estão atrás, desde que os produtos sejam fáceis de usar – vide o sucesso do iPad entre o público mais maduro.

Os adultos que nasceram pouco após a Segunda Guerra Mundial ainda estão no mercado. Os garotos da década de 80 já estão nele, e se destacam por entender melhor o que é inovador e atraente, e o que não é. A questão, ressalta o especialista, é que três quartos da renda global estão nas mãos dos baby boomers. É chegada a hora de unir as novas ideias de uma geração ao capital de outra.

Codrington já tem em sua cabeça uma contagem regressiva para 2015. Até lá, espera, os problemas que temos visto darão espaço às soluções. A pergunta que faltou ser respondida, no entanto, foi esta: se os baby boomers se unirão à Geração Y na construção do futuro, como ficará a geração whatever?

Fonte: http://idgnow.uol.com.br/mercado/2011/05/23/dos-baby-boomers-as-geracoes-x-e-y-engajamento-ousadia-e-inovacao/