terça-feira, 15 de março de 2011

Uso das TICs em sala de aula: desafio para os professores



Disponivel em: http://www.institutoclaro.org.br/em-pauta/levar-as-tics-para-a-sala-de-aula-desafios-para-os-professores/


Levar as tecnologias para a sala de aula muitas vezes pressupõe uma interdisciplinaridade, ou seja, envolver outros professores no processo. Mas nem sempre isso é uma tarefa fácil. Resultado da enquete “Qual a maior dificuldade em usar as TICs em sala de aula”, realizada em fevereiro pelo Instituto Claro, mostra que 41% vêem como uma dificuldade envolver os outros docentes em seus projetos.

Para Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, professora da PUC-SP e coordenadora de programas voltados a educação e TICs, esse índice indica que as pessoas ainda acreditam que, para haver interdisciplinaridade, é preciso todos estarem juntos. “Na verdade, hoje esses projetos podem se dar de diferentes maneiras, na própria rede. Em teoria, não temos mais a limitação física, mas isso sugere que todos os professores tenham acesso adequado à tecnologia, o que nem sempre acontece”, ressalta.

Para a professora, outros pontos também dificultam o uso das TICs na educação e passam pela preparação do professor. De acordo com ela, ainda que os docentes estejam incluídos digitalmente, o uso pedagógico dessas ferramentas exige um conhecimento específico. Além disso, a grande rotatividade de professores –principalmente nas escola públicas– impede que os projetos evoluam de um ano para o outro. “O docente está sempre começando e acaba sendo uma vítima de todo o processo”, afirma.

A falta de equipamentos, apontada por 22% dos que responderam à enquete como mais uma dificuldade, reflete outra realidade. Como ressalta Mara Elizabeth, mesmo que a escola seja equipada com um laboratório, se pensarmos em toda a instituição, com seus diferentes turnos, cada turma conseguirá usar o espaço uma vez por semana, o que também pode inviabilizar alguns processos de aprendizagem.

Professora universitária, Magaly Prado afirma que, às vezes, o que atrapalha é a ineficiência da banda larga, incapaz de suportar o acesso de toda a universidade ao mesmo tempo. “Além disso, tem muita instituição que restringe o acesso às redes sociais, que possuem grande potencial em sala de aula e como ferramenta de informação”, afirma a docente, que no seu doutorado estuda o jornalismo nos dispositivos móveis.

Alunos plugados

Se manter os alunos interessado não parece ser um grande problema, 9% dos que responderam à enquete disseram que esse é um ponto negativo, para Magaly, o que existe é uma resistência inicial. “Alguns temem ter mais trabalho, enquanto outros se mostram tímidos em expor suas opiniões, principalmente quando usamos as redes sociais para construir algum conteúdo junto. Mas ao longo do processo, eles vão mudando de opinião.”

Para Maria Elizabeth, o comum é os estudantes enxergarem a tecnologia como um instrumento de diversão e lazer. “Eles têm domínio dessa linguagem, mesmo os que não têm recurso estão convivendo no mundo digital, mas não vêem tudo isso como uma forma de aprender. Por isso, é preciso uma ação pedagógica clara”, finaliza.

Jon Maddog Hall ressalta papel do educador dentro da cultura digital



por Giulliana Bianconi

Disponivel em: http://www.institutoclaro.org.br/entrevistas/jon-maddog-hall-ressalta-papel-do-educador-dentro-da-cultura-digital-/



Na quarta edição da Campus Party Brasil, que aconteceu entre 17 e 23 de janeiro em São Paulo, era fácil identificar por onde andava Jon Maddog Hall, o diretor-executivo da Linux International e ícone do software livre. Não somente pela inconfundível barba branca, mas pelos constantes flashes das máquinas fotográficas que o seguiam e pelo aglomerado de geeks que se formava à sua volta quando ele caminhava pela área livre dos campuseiros. Sim, o senhor que há mais de 40 anos se dedica à causa do software livre é um ídolo para o público do evento, e daqueles cheio de carisma.

Em uma de suas visitas ao Centro de Exposições Imigrantes, o Instituto Claro conversou com Maddog sobre educação e empreendedorismo. Ao falar do papel da cultura digital na formação de jovens empreendedores, ele ressaltou a importância do educador em todo o processo de aprendizagem. Confira a seguir:

O senhor passou boa parte da vida em sala de aula. Há quanto tempo deixou a educação tradicional e passou a se dedicar exclusivamente à divulgação do software livre?

Jon Maddog Hall: Fui professor por muito tempo, por mais de 30 anos, em diferentes níveis educacionais, e ensinar sempre foi algo que adorei fazer, mas saí da universidade em 1994 [desde então dirige a Linux, associação sem fins lucrativos patrocinada por grandes empresas internacionais na área de tecnologia da informação].

Os jovens de hoje, que crescem nesta cultura digital, são, na sua opinião, mais empreendedores que os jovens de outras gerações?

Maddog Hall: Eu não penso que os jovens que nascem na cultura digital são, necessariamente, mais empreendedores. Eles têm mais acesso à informação, isso é indiscutível, e eles podem alcançar a informação que quiserem. Mas precisamos pensar que esse acesso à informação é como uma visita à biblioteca. Você precisa de alguma orientação, precisa saber o que vale a pena acessar e selecionar. Por isso que o papel de quem ensina e orienta os jovens é tão importante, pois essa orientação pode fazer uma grande diferença. A cultura digital, por si só, não faz isso.

Como o software livre pode potencializar esse espírito empreendedor dos jovens?

Maddog Hall: Com o acesso à informação que se tem hoje, pode-se não somente construir ferramentas com software livre, mas também aperfeiçoá-las. As ferramentas fechadas não permitem isso, pois você simplesmente as usa e nem mesmo pode averiguar como realmente funcionam.

O senhor gostaria de comentar algo sobre o uso do software livre na educação brasileira?

Maddog Hall: Bem, eu sei que o software livre no Brasil tem muita adesão e que esse é um movimento crescente. Eu não tenho detalhes de como é utilizado, quais projetos são realizados com o software livre, mas, sem dúvida, em um país que quer incluir digitalmente as pessoas, esta aceitação é importantíssima.