terça-feira, 31 de maio de 2011

Estudo diz que cérebro limita nº de contatos em redes sociais


Disponível em: http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI5159218-EI12884,00-Estudo+diz+que+cerebro+limita+n+de+contatos+em+redes+sociais.html

Estudo diz que cérebro não permite interação com mais de 150 amigos simultaneamente

Um novo estudo, recém apresentado pela Universidade de Cornell, em Nova York, afirma que o limite máximo de contatos sociais que um mesmo indivíduo é capaz de manter pode acontecer também na rede social.

De acordo com a avaliação dos pesquisadores Bruno Gonçalves, Nicola Perra e Alessandro Vespignani, as interconexões de usuários do Twitter parecem reproduzir o modelo conhecido como Número de Dunbar, que sugere, em linhas gerais, que nosso neocortex cerebral, área utilizada para o pensamento consciente e a linguagem, só é capaz de administrar interação com um máximo de 150 contatos simultaneamente.

Este número de contatos parece ter-se mantido constante ao longo da história humana, das aldeias neolíticas às infantarias militares, segundo o site Slashdot, que prossegue informando que, na última década, as redes sociais influenciaram profundamente a forma como as pessoas se conectam, de modo que tuitadores seguem e são seguidos por milhares. Porém, isto não parece mudar nossa capacidade cognitiva.

Inspirados pela evidência empírica da teoria de Dunbar, os pesquisadores propuseram uma dinâmica simples, baseada no encadeamento de prioridades e limitações de tempo, informa a página de acesso ao estudo, mantida pela Universidade. Após a contagem dos tuítes de 1,7 milhão de usuários da rede, ao longo de seis meses, descobriu-se que, no início, as pessoas aumentam seu número de amigos até um ponto de saturação e, em seguida, as conversas com contatos menos importantes começam a se tornar menos frequentes, mantendo-se aquelas com as quais temos maior vínculo, justamente entre 100 e 200, como prevê a teoria de Dunbar.

"Estes dados sugerem que, apesar das modernas redes sociais, somos incapazes de superar as limitações biológicas e físicas para relações sociais estáveis", afirmaram Gonçalves e seus parceiros ao site Technology Review, do MIT.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Só duas de 56 faculdades tiram nota máxima em ranking de ensino a distância


Pesquisa sobre o tema ouviu mais de 15 mil estudantes em todo o país
Camila de Oliveira

Disponível em: http://noticias.r7.com/vestibular-e-concursos/noticias/so-duas-de-56-faculdades-tiram-nota-maxima-em-ranking-de-ensino-a-distancia-20110220.html

De 56 instituições particulares de ensino que oferecem cursos de graduação à distância no Brasil, só duas obtiveram a nota máxima em um ranking preparado pela ABE-EAD (Associação Brasileira dos Estudantes de Educação à Distância).

Veja o ranking neste link

Em uma escala de um a cinco pontos, a FGV (Fundação Getulio Vargas) e a AIEC (Associação Internacional de Educação Continuada) ficaram com a primeira e a segunda posição no ranking, respectivamente. Ambas obtiveram nota cinco.

Foram ouvidos 15.012 estudantes das faculdades e centros universitários avaliados pelo estudo. Cada um deles respondeu a um questionário com 40 perguntas sobre a qualidade do ensino adquirido – a ABE-EAD não levou em consideração a metodologia das aulas dadas, nem o número de alunos em cada curso.

Ricardo Holz, presidente da associação, explica que as perguntas foram direcionadas exclusivamente à opinião dos estudantes. Entre os pontos avaliados estão: a qualidade dos cursos, o material usado nas aulas, o sentimento de aprendizado real ou a falta desse sentimento, e, principalmente, a rapidez dos professores para responder às dúvidas dos estudantes - geralmente por e-mail.

Segundo Holz, a demora na resposta é “o maior problema da EaD (Educação à Distância)”.

- Tem professor que demora três dias para responder [à pergunta do estudante]. Se o aluno não recebe logo a explicação de uma dúvida, ele logo se desmotiva. Por isso, é um ponto muito importante.

Ranking das melhores universidades em cursos à distância
Instituição - Nota final (padronizada) - Posição
FGV - 5 - 1
AIEC - 5 - 2
Cesumar - 4 - 3
Unisul - 4 - 4
Uninter - 4 - 5
PUC* - 4 - 6
Uniasselvi - 4 - 7
Claretiano - 4 - 8
Metodista - 4 - 9
COC - 4 - 10
Unopar - 4 - 11
Anhanguera - 4 - 12
UCDB - 4 - 13
FGF - 4 - 14
Castelo Branco- 4 - 15
Unifacs - 4 - 16
CBTA / INED - 4 - 17
UVB** - 4 - 18
A Vez do Mestre - 4 - 19
Universidade Caxias do Sul- 4 - 20
OPET - 4 - 21
Universidade Braz Cubas - 4 - 22
Universidade do Contestado- 4 - 23
Uniube - 4 - 24
Unisinos - 4 - 25
Universo - 4 - 26
Sociesc - 4 - 27
Unisa - 4 - 28
Uniararas - 4 - 29
Fapi - 4 - 30
Unaerp - 4 - 31
Unijorge - 4 - 32
Unifran - 4 - 33
Unigran - 4 - 34
Unijuí - 4 - 35
Fead - 3 - 36
UNIPAR - 3 - 37
Insep - 3 - 38
Unincor - 3 - 39
Unipar - 3 - 40
Unis - 3 - 41
Unoesc - 3 - 42
Estácio de Sá - 3 - 43
Uniceuma - 3 - 44
Unitau - 3 - 45
Univale - 3 - 46
Facam - 3 - 47
Fares - 3 - 48
Fael - 3 - 49
Unitau - 3 - 50
Finom - 3 - 51
Fumes - 3 - 52
Unimes - 2 - 53
FTC - 2 - 54
Unicid - 1 - 55
Ulbra - 1 - 56

* Em razão de terem obtido a mesma pontuação, a PUC-SP, a PUC-Rio e a PUC-Minas foram agrupadas como PUC.
** Foram avaliadas as instituições de ensino que fazem parte do consórcio UVB (Universidade Virtual Brasileira): Anhembi Morumbi, Veiga de Almeida, Unimonte, Unama e Universidade Potiguar.

Segunda vez

A pesquisa foi realizada entre 1º de julho e 29 de outubro de 2010, em todos os Estados brasileiros. É a segunda vez que os alunos dos cursos à distância de universidades credenciadas pelo MEC (Ministério da Educação) são avaliados - a primeira pesquisa foi divulgada em 2009.

Os cursos à distância de instituições públicas ficaram de fora, mas devem ser avaliados em 2011, segundo Holz. A pesquisa revelou que quase 59% das instituições foram avaliadas como boas (nota 4); 28% estão no nível satisfatório (nota 3); e 7% são ruins ou péssimas (notas 2 e 1).

Nas duas últimas posições estão a Unicid (Universidade Cidade de São Paulo) e a Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), com notas gerais 1,73 e 1,72, respectivamente.

Método

Para Vicente Nogueira Filho, diretor da AIEC, o ranking "não é válido" para quem pretende estudar à distância. Com exceção da FGV - ambas as instituições trabalham com atendimento 100% online e provas presenciais - todas as outras 54 instituições avaliadas usam o mesmo sistema de ensino, diz Nogueira Filho, “que é o da Unopar (Universidade Norte do Paraná)".

- Essa é a metodologia que representa a quase totalidade desse tipo de ensino [à distância]. Parece impossível, mas o curso de administração dessa universidade [a Unopar] obteve nota 3 no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes).

Elisa Maria de Assis, pró-reitora da Unopar, rebate as críticas do presidente da AIEC e afirma que o método usado pela universidade é "um modelo consolidado, validado pelo MEC". Ela ressalta que os alunos de cursos à distância são distribuídos em salas com no máximo 50 pessoas. Eles assistem às aulas por sátélite, ao vivo, e podem tirar dúvidas em tempo real, além do conteúdo transmitido pela web.

- A nota 3 no Enade é uma nota satisfatória; os conceitos 1 e 2 é que são ruins. Quando você tem um número maior de alunos [a Unopar é a maior universidade de EaD em número de estudantes matriculados] é normal que a média não seja tão alta.

Ricardo Holz frisa que apenas as opiniões dos alunos são consideradas na pesquisa, " e não o método utilizado" pelas instituições para as aulas de ensino à distância.

- Nós ouvimos os estudantes, procuramos saber o que eles acham do curso que fazem, se acham que estão aprendendo ou não. Ninguém melhor do que o estudante para saber.

Quase 7 milhões de brasileiros estudam via internet


Um em cada dez internautas faz cursos a distância online, segundo pesquisa do Ipea
Renan Truffi e Rafael Sampaio
Disponível em: http://www.linkedin.com/news?viewArticle=&articleID=516274021&gid=3437724&type=member&item=53606518&articleURL=http%3A%2F%2Fnoticias.r7.com%2Fvestibular-e-concursos%2Fnoticias%2Fquase-7-milhoes-de-brasileiros-estudam-via-internet-20110510.html%3Fquestion%3D0&urlhash=kAvI

Perfil de brasileiro que faz cursos pela internet diz que eles são homens, com nível universitário e boa renda mensal

Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta terça-feira (10) revela que 11% dos internautas brasileiros já fizeram cursos online.

Enquete:
Você estudaria em uma faculdade via internet?

De acordo com a pesquisa, dos 63 milhões de usuários de internet que existem no Brasil, conforme mostrou o censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2009, aproximadamente 6,9 milhões estudam ou já estudaram à distância pela web.

O levantamento aponta o perfil do brasileiro que faz cursos online. Em sua maioria, eles são homens com formação universitária e com renda mensal acima da média.

Isso quer dizer que de todos os internautas com ensino superior, 22% já fez curso online. Dos que são da classe A, 21% estudaram de forma virtual. Além disso, de todos os homens e mulheres que navegam na internet, 12% deles e 10% delas fazem ou já fizeram curso à distância.

Quando a questão é faixa etária, a pesquisa aponta que não há grandes diferenças entre as idades dos usuários que estudam pela internet. Pessoas que têm entre 25 e 34 anos estão na ponta da tabela. Apenas16% delas fazem curso na web. No entanto, o número de alunos é bem distribuído entre todos os brasileiros que estão na faixa de 16 a 44 anos.

De todos os usuários na região Sudeste, 12% fizeram cursos online. Mas, também neste aspecto, os números são bem parecidos. Centro-Oeste e Norte possuem índices bem próximos do primeiro colocado, com 11% e 10% respectivamente. A surpresa fica para a região Sul do Brasil, que tem apenas 9% de todos os seus internautas.

A educação a distância tem conquistado mais adeptos com o desenvolvimento da tecnologia. A comunicação em tempo real permite contato com o conhecimento, com professores e colegas por meio de salas virtuais, sem precisar sair de casa.

Em outros países já é possível encontrar instituições de ensino que trabalham exclusivamente com a educação a distância. Mas, no Brasil, as escolas e universidades que trabalham com este tipo de educação ainda mantêm cursos presenciais.

Mesmo assim, o número de cursos não presenciais cresceu quase 20 vezes entre 2002 e 2009, saltando de 46 graduações abertas para 844 no mesmo intervalo, segundo um levantamento recente do MEC (Ministério da Educação).

Em porcentagem, o "boom" representa 1.834% de crescimento em sete anos. A procura dos estudantes pelo modelo de ensino também cresceu muito em sete anos - subiu de 40,7 mil matrículas, em 2002, para 838,1 mil em 2009, um aumento de 2.059%.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Criador do blog História Digital dá dicas de como o professor pode usar o blog como ferramenta de ensino


por Marcelo Modesto
Disponivel em: https://www.institutoclaro.org.br/ferramentas/criador-do-blog-historia-digital-da-dicas-de-como-o-professor-pode-usar-o-blog-como-ferramenta-de-ensino/


Dono de um blog de história com mais de 2.500 acessos diários, Michel Goulart, 32 anos, está sempre atrás de maneiras de inovar em sala de aula. Por meio do História Digital, por exemplo, ele estimula a troca de conteúdos e a interação entre alunos e professores e dissemina novas formas de aprender história.

O blog, criado em 2009, surgiu para complementar metodologias que ele utilizava na escola. Hoje, Goulart busca interagir suas ações pedagógicas à página na web. “Os alunos adoram! Creio que essas ferramentas fazem parte do cotidiano deles e, por isso, é excelente a receptividade. Eles dizem que é muito melhor estudar assim”, afirma o professor, que dá aulas nos ensinos fundamental e médio do Colégio Energia, em Florianópolis.

Além do blog História Digital, Goulart mantém outros sites na rede, sempre com temáticas que podem ser trabalhadas nas aulas de história.

Outras iniciativas de Michel Goulart

* Blog História Digital
* Filmes Históricos
* Games Históricos
* Twitter

Integração de conteúdos

Além de disponibilizar conteúdos próprios, o professor usa o blog para elencar outras iniciativas que considera relevantes na rede. A ideia é integrar esses conteúdos com a prática docente, transformando o blog em uma extensão do ambiente de aprendizagem escolar. Para criar uma página atraente, ele utiliza ferramentas diversas, como vídeos, podcasts, resumos, apresentações de slides e infográficos, além de outras ferramentas digitais. Na sua maioria, essas ferramentas estão disponíveis na web e são de uso gratuito.

Desafios das TICs em sala de aula

Falta de tempo, conhecimento técnico. De acordo com Goulart, existem várias dificuldades que um professor enfrenta ao incorporar as tecnologias digitais à prática docente. E, assim, as TICs acabam sendo utilizadas para reproduzir velhas metodologias.

Para o professor, não há fórmula pronta para se inovar com TICs na educação, mas nenhum retorno vem sem esforço. Goulart diz que colocou muita energia para a concretização do blog e que o esforço valeu a pena. O caminho que ele pretende seguir agora é estudar como as pessoas aprendem, aprimorando suas atividades docentes. “Todo professor que faz o seu trabalho com empolgação e alegria contagia seus alunos, por isso acredito no que eu faço”, coloca.

Cartilha ajuda a levar as tecnologias para a sala de aula

Lançada pelo Instituto Claro em parceria com o Fronteiras da Educação, a cartilha “Tecnologias na escola” traz dicas para facilitar a utilização da tecnologias em sala de aula. O material está disponível para download no portal.

Guia Facebook para Educadores


Disponivel em:http://www.midiassociais.net/2011/05/guia-facebook-para-educadores/?utm_content=backtype-tweetcount&utm_medium=bt.io-twitter&utm_source=twitter.com


O Facebook lança essa semana o Guia Facebook para Educadores – um material gratuito e fácil de baixar que ajudará professores do mundo todo a entenderem e aproveitarem a mídia social na sala de aula. http://facebookforeducators.org/. O guia foi escrito pela especialista em educação Linda Fogg Phillips, pelo mestre Derek Baird e pelo Dr. BJ Fogg. Abaixo Linda Fogg Phillips fala sobre como as mídias sociais podem ajudar na sala de aula.

P: Por que há a necessidade desse tipo de guia para professores?

R: O Facebook influencia todos os aspectos da sociedade, incluindo a educação. Os professores estão reconhecendo que precisam ter um melhor entendimento sobre o Facebook e utilizá-lo de forma positiva e produtiva para apoiar a educação dos alunos do século 21.

P: Quais são os pontos mais importantes sobre a mídia social que os professores devem saber?

R: O ponto mais importante que os professores devem saber a respeito da mídia social é que ela está mudando a maneira como nos comunicamos e interagimos de uma forma inédita. Os professores precisam conhecer e entender essa tecnologia para que sejam capazes de atender às necessidades educacionais dos alunos de hoje. Também precisam saber ensinar e estimular seus alunos a serem bons “cidadãos digitais”.
P: Muitos professores querem manter seu próprio espaço pessoal no Facebook, mas também têm interesse na mídia social como uma ferramenta para o aprendizado. Há uma forma de manter seu próprio espaço e usar a ferramenta para fins educativos?

R: Os professores podem manter sua privacidade e interagir profissionalmente com seus alunos utilizando os grupos e as páginas, sem a necessidade de se tornarem amigos dos alunos. Também é importante que definam suas configurações de forma a refletirem o nível de privacidade desejado.

P: Como os professores estão utilizando, de maneira positiva, o Facebook e a mídia social na sala de aula?

R: Os professores que entendem que uma das ferramentas mais poderosas para o ensino é também um meio que promove o entusiasmo pelo aprendizado têm grande capacidade de engajar seus alunos em uma experiência de aprendizado ativa. Alguns professores estão usando o Facebook como uma ferramenta para apoiar discussões em classe, ampliar a conscientização de eventos e causas, estimular a colaboração entre os alunos e encorajar “o aprendizado além da sala de aula”. Alguns também oferecem aos alunos a oportunidade de receberem feedback e informações vindas de seus pares. Isso sem falar da possibilidade de ministrarem aulas virtuais, móveis e mediante solicitação.

P: Como os professores podem participar da elaboração da política de mídia social de sua escola?

R: Acima de tudo, os professores precisam ter um bom entendimento da mídia social, incluindo seus benefícios e riscos, para que possam desenvolver uma política de mídia social adequada para a escola. Com esse entendimento, professores e administradores podem realizar discussões regulares para elaborarem uma política de mídia social capaz de apoiar as metas sociais, emocionais e acadêmicas de sua respectiva instituição de ensino. As políticas de mídia social das escolas devem ser revisadas com frequência.

P: Você criou um website, o FacebookForEducators.org, que acompanha o guia. O que os professores encontrarão lá?

R: O FacebookForEducators.org foi desenvolvido para oferecer aos professores informações atualizadas sobre o Facebook, além de conteúdo sobre como utilizar essa mídia como uma ferramenta de suporte para a educação. Os professores encontrarão tutoriais fáceis de entender, informações mais detalhadas e dicas e ideias criativas sobre o uso do Facebook na educação. O site também oferece acesso direto a especialistas nesse campo emergente e que muda rapidamente.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os desafios do ensino a distância no país


Em entrevista exclusiva ao Portal Administradores, David Forli, coordenador do MBA Gestão Estratégica EAD USP, indica os caminhos do ensino nesse formato
Por Fábio Bandeira de Mello

Disponivel em: http://administradores.com.br/informe-se/entrevistas/diversos/os-desafios-do-ensino-a-distancia-no-pais/44/

O ensino a distância através da internet vem alcançando patamares jamais vistos. Através dessa modalidade, hoje, são mais de um milhão de estudantes em cursos regulamentados pelo MEC e a cada mês surgem mais opções no mercado. Só quem nem tudo são "flores" quando o assunto é educação a distância.

Para entender os lados positivo e negativo dessa modalidade de ensino, a Revista Administradores elaborou uma grande reportagem sobre o tema na edição de Abril, decifrando os atuais problemas e os maiores benefícios do ensino a distância. Um dos entrevistados nessa investigação foi o professor da Universidade de São Paulo (USP), David Forli, coordenador do MBA Gestão Estratégica EAD USP, primeiro MBA a distância em gestão de negócios da Universidade. O professor analisou os desafios que esse formato ainda percorre, os pontos a serem melhorados e suas grandes vantagens. Confira a entrevista na íntegra:

1 - Como você percebe a aceitação do mercado de trabalho para alunos com formação a distância?

Na verdade há ainda uma grande dúvida a esse respeito, os educadores de instituições precipuamente presenciais buscam apontar defeitos nos programas EAD e apontá-los, algumas vezes de modo até intransigente. A verdade é que no último ENADE um grande contingente de cursos teve média de alunos em EAD superior a média dos alunos presenciais (Administração e Pedagogia são exemplos).

Quanto ao mercado, tendo em vista os headhunters com quem mantenho contato, não há um preconceito declarado dos contratadores por conta da modalidade, muitas vezes esse preconceito se dá em razão da reputação da instituição, em nosso caso, sendo a USP, a questão fica bastante elucidada.

2– Quais as principais competências de profissionais com essa formação?

Estamos na sociedade do conhecimento, na era das organizações liquidas (que se misturam a outras delegando parte de suas atividades e assumindo outras), num momento onde a educação continuada é cada vez mais exigida e necessária.

O profissional formado por meio de estratégias EAD desenvolve essa competência nova, de atuar em rede, de compreender capacidades e oportunidades novas. Por ter se inserido numa modalidade nova de educação, demonstra aos empregadores um perfil inovador.

Creio que se há preconceito com a modalidade ele é fruto do desconhecimento, o novo em geral causa essa reação ao estabelecido, lembre-se que a gravadora Decca (que já não existe) disse aos Beatles, "não gostamos de seu som e a música de guitarra está acabando". Ao ser apresentada aos computadores portáteis a IBM disse "quem vai querer ter um computador em casa?"

3 - Você acredita que esse tipo de modalidade de ensino funciona para todas as áreas? Por exemplo, é possível imaginar uma graduação à distância de Medicina?

Eu acredito que a EAD tem uma grande, enorme aderência, às ciências sociais (Serviço Social, Administração, Pedagogia, Psicologia, Turismo, Filosofia...), onde há discussão de ideias e o aprendizado pela troca coletiva prevalece. Em alguns casos, o conteúdo a ser transmitido evidencia desafios inerentes, como a medicina que você menciona, cursos como este, Enfermagem, Engenharia que demandam práticas laboratoriais vão exigir novas adaptações de conteudistas e designers, reflita: como garantir, pela teoria e pela comunicação escrita, que uma nova prática foi assimilada?

Creio que ainda precisaremos de inovações tecnológicas que nos permitam avançar com mais segurança, contudo não vejo essa possibilidade como um futuro tardio e nem tão pouco distante. Indico aqui uma palestra que ocorreu no TED, uma organização que realiza eventos periódicos para atualizar o mundo com novidades de TI e formas de pensar. A palestra é ministrada por Pattie Maes do Media LAB do MIT, que em conjunto com seu aluno Parnav Mistri, criou um dispositivo para desenvolver uma espécie de "sexto sentido". Tendo em vista as possibilidades da EAD, dispositivos como esses podem revolucionar novamente a comunicação e certamente a EAD.

4 - Em sua opinião, quais são as maiores vantagens e desvantagens do EAD?

Dentre as vantagens eu destacaria a mobilidade e flexibilidade, que apesar de parecerem lugares comuns são efetivamente vitais na vida contemporânea, onde todos parecem estar sem tempo, há metodologias que permitem realizar atividades com uma grande janela de flexibilidade com o apoio contínuo da tutoria. Cabe acrescentar ainda a relação de individualidade com o saber, claro que os cursos sempre buscam incentivar a troca, a coletividade, mas a relação do aluno com os novos saberes se dá no plano individual e ele pode se apropriar destes novos saberes com a profundidade que lhe couber melhor.

Além disso, há sempre inúmeros links e oportunidades de ampliação do conhecimento, desse modo, para conteúdos que interessem mais ao aluno pode haver um aprofundamento personalizado segundo áreas de interesse.

O networking desenvolvido num ambiente acadêmico a distância não depende da empatia física. Especialistas no assunto reconhecem que bons contatos deixam de ser realizados por uma determinada pessoa "parece meio de mau humor" ou que aparentem qualquer sentimento negativo como tédio, má vontade, ocupação, estresse... enfim todos estes sentimentos são na verdade preconceitos que desenvolvemos em relação a quem não conhecemos. Os relacionamentos desenvolvidos no ambiente acadêmico a distância não passam por esse filtro. Como disse John Guare "toda pessoa é uma porta que se abre para outros mundos" num MBA a Distância você abre diversas portas, em diversas cidades, em muitas empresas, para vários Mundos.

Nas desvantagens voltamos ao assunto networking, veja, há pessoas que simplesmente não conseguem desenvolver relacionamento via tecnologias EAD, elas até conseguem trocar algumas ideias, conversar, mas tem dificuldade em aprofundar o relacionamento. Outro ponto é a questão da disciplina, por mais que a metodologia do curso possa ajudar, algumas pessoas têm dificuldade em manter a rotina de atividades a distância e isso dificulta bastante sua participação no curso. De algum modo as desvantagens que menciono parecem apontar para o fato de algumas pessoas, tem dificuldade em se adaptar à modalidade EAD.

5 - Nos últimos anos houve uma verdadeira explosão de cursos, graduações e pós-grduações/MBA a distância. No entanto, nem todos primam pela qualidade e muitos não são reconhecidos pelo MEC. O que é preciso ser feito para que o surgimentos de cursos e instituições via EAD mantenham um padrão de qualidade?

Meu caro, esse é um ponto muito importante. Faço parte das comissões de avaliadores do MEC e creio que o MEC deve ampliar em muito a supervisão das instituições, acompanhar seus indicadores essenciais tais como a relação de alunos por tutor. Há instituições que trabalham com 1 tutor para cada 200 ou 300 alunos, eu já vi até 500, claro que não se pode garantir qualidade com um volume de alunos desse porte.

Deve-se examinar qual a carga de atividades exigida do aluno. Temos percebido que os bons cursos exigem ao menos uma hora e meia de dedicação diária dos alunos. Cursos formais (graduação e lato-sensu) com menos exigência do que isso são questionáveis. Pode-se fazer verdadeiros pactos velados de mediocridade nesse sentido, a instituição exige pouco, o aluno entrega pouco, ninguém reclama de nada e por consequência pouco se aprende.


6 - Além da fiscalização, existe algum outro fator que prejudica?

Considero ainda que haja muita liberdade metodológica. Creio que numa medida isso é bom, mas o MEC deveria avaliar a consistência metodológica das propostas pedagógicas das instituições, ou seja, qual a rotina mínima de atividades acadêmicas exigidas. Desse modo a instituição se obrigaria a penar nisso, o que vemos é que até há entrega de conteúdo, mas há poucos instrumentos de medição do aprendizado.

Tenho estimulado ainda maior abrangência do ENADE, constituindo-se de fato em um que é um censo da qualidade da educação superior, o ENADE tem muitos méritos, mas não deveria ser amostral, deveria ser obrigatório para todos os alunos e todos os cursos em todos os anos.