sexta-feira, 28 de junho de 2013

Fapergs lançou editais de R$ 10 milhões para projetos de conteúdo e redes digitais



A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), órgão ligado à Secretaria Estadual da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico (Scit), lançou dois editais na  segunda-feira (17/06) no Palácio Piratini. O Programa Arranjos Produtivos Gaúchos de Conteúdos Digitais Criativos e o Programa Redes Digitais de Cidadania RS somarão, juntos, mais de R$ 10 milhões, entre bolsas e custeio de projetos para as instituições interessadas. Os recursos são da Fapergs em parceria com o Ministério das Comunicações.
O Programa Redes Digitais de Cidadania RS irá selecionar e apoiar projetos de qualificação do uso da internet e ampliação das capacidades no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), por meio da elaboração e execução de cursos de extensão, na modalidade de Educação à Distância (EAD).
Já o Programa Arranjos Produtivos Gaúchos tem por objetivo estruturar um centro de produção e pós-produção de conteúdos digitais criativos, destinado ao adensamento da cadeia produtiva desse setor de forma articulada com os arranjos produtivos locais instalados ou em formação no Estado do Rio Grande do Sul.
"A iniciativa permitirá, por um lado, o aproveitamento das excelentes competências humanas e infraestrutura já existentes no Estado e, por outro, a transferência de conhecimento da academia científica para o âmbito da tecnologia e prestação de serviços à sociedade", disse a diretora-presidente da Fapergs, Nadya Pesce da Silveira.
Poderão submeter propostas de projetos as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), universidades públicas estaduais e demais Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), públicas ou privadas sem fins lucrativos do RS, até o dia 12 de agosto de 2013, através do Sistema de Gestão de Projetos de Pesquisa (Sigfapergs), no sitewww.fapergs.rs.gov.br.

O que é cibercultura?

terça-feira, 25 de junho de 2013

Livro faz um panorama da revolução digital no ensino


A revolução digital tem causado grandes transformações na educação dos tablets, dos Moocs e das simulações em 3D. Em meio a essa nova era onde fala-se muito em educação digital e menos de uma formação para a educação digital, especialistas chamam atenção: boa parte dos professores não sabe lidar com essas mudanças. “É muito claro que os governantes estão com uma vontade de levar a tecnologia para dentro da sala de aula, no entanto o que mais me preocupa é ouvir notícias sobre a compra de milhares de tablets e nenhuma sobre capacitação de professores para o uso deles”, afirma Martha Gabriel, autora do livro Educ@r – A (r)evolução Digital na Educação, lançado ontem pela Editora Saraiva. A publicação de Martha tem a proposta de ajudar professores, educadores e até pais para a entenderem e acompanharem as tendências tecnológicas.
A principal delas refere-se ao novo papel do professor. Martha, que é engenheira de formação pela Unicamp e professora acadêmica, reforça a ideia do educador também ser visto como um designer de currículo. Ela afirma que o docente precisa deixar de ser um conteudista para voltar a ser como no tempo de Sócrates, um “catalisador de conexões e reflexões” focado em seus alunos. “Antigamente os alunos precisavam única e exclusivamente do professor para chegar até à informação, ao conhecimento. Hoje, não, pelo contrário. O estudante encontra o que quer e a qualquer momento na internet”, afirma ela, que também é especialista em marketing e artes e já ministrou mais de 50 palestras nos Estados Unidos, Europa e Ásia.
crédito grandeduc / Fotolia
 
Nesse ambiente, em que o aluno está submetido a uma explosão de informações, afirma, ele precisa aprender a refletir. E é aí que entra a figura do professor, que pode adotar a tecnologia a favor de um ensino cada vez mais adaptativo e personalizado. Segundo ela, uma forma de se fazer isso é apostando nessas plataformas e softwares capazes de avaliar, em tempo real, o desempenho dos estudantes. O Porvir já citou algumas delas por aqui como a Knewton, a Dream Box e até a versão brasileira da Geekie. (Entenda melhor como funcionam as plataformas adaptativas).
“Se um aluno das classes C,D, e E compra um smartphone, por que um professor não consegue? Ele nunca vai aprender a ser digital sem usar e deve se responsabilizar por essa inclusão”
“Assim como no mestrado e doutorado, onde os estudantes tem a figura de um orientador por meio de um ensino dirigido, no ensino fundamental não será diferente”, diz a pesquisadora. “A escola não está mais confinada na parte física. Ela continua para além dos muros. A participação digital está em constante ascensão por conta dos Moocs”, afirma ela apontando para os pioneiros Coursera e edX.
Para a especialista, o professor é o único responsável por sua inclusão digital para a educação. “Se um aluno das classes C,D, e E compra um smartphone, por que um professor não consegue? Ele precisa e deve se responsabilizar por essa inclusão. O professor nunca vai aprender a ser digital sem usar. Imagine que num futuro breve as aulas serão feitas por meio de holografias a partir de simulações de ambientes incorporados dentro da escola”, diz.
Enquanto toda essa tecnologia não chega em grande escala à escola, Martha sugere que parte dos investimentos destinados à educação seja direcionada à tradução dos bons materiais feitos lá fora – como no edX,Coursera e Khan Academy. Estes dois últimos,  já vêm sendo traduzidos pelaFundação Lemann.
Ela vai mais além e aconselha que secretarias de educação tornem-se parceiras de iniciativas como essas para a criação de políticas públicas. “Parte do investimento poderia ser convertido para traduzir bons conteúdos de fora, gastando menos, uma vez que seria desnecessário produzir os mesmos materiais. Enquanto o resto do dinheiro poderia seria destinado à produção de conteúdos pelos próprios professores, especialmente na área de humanas, como literatura brasileira, história do Brasil, entre outros”, afirma. “Não adianta fazer um PDF. É preciso bons vídeos, que sejam curtos e diretos, com uma didática bacana, como acontece nos vídeos do Khan”, emenda.
Martha aconselha os governos a começarem de forma mais tímida, a partir de concursos em que professores possam competir na criação desses materiais e, inclusive, serem premiados por isso. “Não precisa começar nada grande. É começar como um estímulo aos educadores. De forma simples, assim como fez o Khan. Tem gente muito boa fazendo muitos conteúdos interessantes. Só precisam de um ponta-pé”, diz a especialista que não apenas fala de tecnologia na educação em seu livro, como também o produziu de uma maneira em que o mundo físico se integra ao conteúdo digital. 
Livro interativo
Na publicação Educ@r – A (r)evolução Digital na Educação, ao decorrer da leitura dos textos, o leitor encontra referências, como a de Salman Khan, podendo, a partir de um QRcode, assistir ao vídeo on-line que fala sobre o assunto no impresso. Isso acontece assim ele escaneia, a partir de seu celular ou tablet, esses QRcodes referentes aos links assinalados no texto. Já na própria capa da obra, o leitor tem a chance de assistir a um vídeo, com um minuto de duração, que conta sobre a obra, que, inclusive, teve o título escolhido a partir de uma campanha no Facebook.
Com 250 páginas,  a publicação é dividida em duas partes. Na primeira delas, Martha fala sobre as transformações que a tecnologia vem causando na sociedade – como as diferenças entre as gerações X e Y, creative commons, direitos autorais e um dos temas do momento, o Big data. Já na segunda parte da publicação, o destaque é para a educação 3.0, suas transformações desde a era industrial até a era da inovação, ressaltando o novo papel do professor, sobre criatividade, cyberbulling e ética. Além disso, também traz exemplos de iniciativas nacionais e internacionais, como a Educopédia, e os pioneiros Coursera e edX. Martha já está produzindo seu próximo livro, uma espécie de guia que auxiliará o professor a usar a internet de forma prática.
Veja vídeo em que Martha fala sobre seu livro:

domingo, 23 de junho de 2013

“Autoria em rede – Um estudo dos processos autorais interativos de escrita nas redes de comunicação”

Tese de Doutorado
Autora: Martins, Beatriz Cintra
Unidade da USP: Escola de Comunicações e Artes Área do Conhecimento Interfaces Sociais da Comunicação
Data de Defesa: 2012-03-23
Título: Autoria em rede : um estudo dos processos autorais interativos de escrita nas redes de comunicação 

Resumo em português

As redes de comunicação têm impulsionado um significativo deslocamento nos processos autorais de escrita, que adquirem nova dinâmica no meio digital, apresentando-se cada vez mais como uma ação interativa entre diferentes agentes criadores. Com base no pensamento de Michel Foucault sobre o tema da autoria, esta tese explora o significado desse deslizamento da posição do autor, ou da função-autor como propõe o filósofo, estruturada atualmente em uma rede de interações. A fim de construir uma reflexão sobre esse fenômeno, parte-se da pesquisa sobre a historicidade do conceito de autoria, buscando explorar as diversas constituições das práticas sociais da produção textual através da história, desde a Antiguidade até o momento atual das redes eletrônicas. Neste percurso, a Modernidade é reconhecida como o período específico no qual o processo autoral adquire uma configuração mais centrada no indivíduo, época em que também ganha espaço a noção de obra fechada e proprietária. Compreendendo a constituição da história como um processo complexo no qual se correlacionam diversas dimensões de acontecimentos, alguns aspectos que se articulam com esta questão são aprofundados na forma de intertextos. Deste modo, são abordados em diferentes capítulos os seguintes temas: as especificidades da linguagem do meio digital e suas implicações para a questão autoral; as transformações nas formas de criação e circulação dos bens intelectuais trazidas pelo advento do capitalismo cognitivo; as novas formas de validação da produção textual discursiva em publicações eletrônicas que estão sendo criadas como alternativas ao modelo editorial centralizado típico do meio impresso. Por último, com o objetivo de trazer elementos empíricos para a pesquisa, foram realizados estudos de observação participante e de observação nos sites Wikipédia e Overmundo, e também desenvolvidos um blog e um experimento wiki especialmente para a pesquisa. Com base nestes estudos, foi proposta uma tipologia da autoria interativa em rede, a saber: a colaborativa, quando o processo autoral se dá através do trabalho de duas ou mais pessoas que interagem na elaboração de um texto de forma cooperativa; e a dialógica, quando pode ser observada a interação dialógica entre um texto principal e intervenções na forma de comentários, compondo ao final um todo discursivo. Assim, através da articulação de diferentes reflexões teóricas com a pesquisa empírica, buscou-se compor um estudo abrangente do atual fenômeno da autoria interativa nas redes de comunicação.

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27154/tde-31082012-103436/pt-br.php

Fonte: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27154/tde-31082012-103436/pt-br.php

terça-feira, 18 de junho de 2013

Do Hipertexto à Hiper-realidade: rumo a uma educação sem distância



Nesta conferência proferida pelo Prof. Dr. Romero Tori (USP e Senac/SP) durante o 4º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação (Recife, Novembro de 2012), ele aborda aspectos da tecnologias que podem tornar a educação presencial ou a distância mais envolvente e signficativa.

Fonte: http://blog.midiaseducacao.com/2013/06/do-hipertexto-hiper-realidade-rumo-uma.html

Uso de tecnologias exige planejamento

Cada vez mais presentes no cotidiano, as tecnologias têm alterado o modo de pensar e de estudar dos jovens – algo que, segundo a diretora técnica do Instituto Crescer, Luciana Allan, ainda não foi assimilado totalmente pelas escolas brasileiras. Com base nos ensinamentos da neuroeducação, Luciana defende que o papel do professor agora é muito mais de mediação das informações do que apenas de transmissão delas. No entanto, ela ainda acredita que são necessárias mudanças tanto na estrutura da escola como também na formação dos professores para a adoção plena das tecnologias na educação. Leia a seguir a entrevista exclusiva concedida por Luciana para a Gestão Educacional.
Gestão Educacional: A inserção das tecnologias no cotidiano das crianças mudou a forma como elas pensam. Quais são as mudanças que as tecnologias promoveram no processo cognitivo das crianças?
Luciana: O cérebro vem passando por uma evolução nos últimos tempos, com base na quantidade de informação processada e dos estímulos que são dados, tanto que há uma expansão de 20% do córtex cerebral das pessoas por conta disso. O fato de as crianças estarem expostas cotidianamente a uma série de recursos multimídia tem feito com que elas aprendam de uma forma diferente da que nós aprendemos, que era muito mais cartesiana, linear e baseada na leitura e escrita. Hoje, a forma como as crianças aprendem está muito mais embasada nos estímulos visuais, o que traz uma nova necessidade de o professor repensar o trabalho que faz em sala de aula e trazer cada vez mais as tecnologias para o cotidiano escolar. O fato de a criança ter estímulo visual, interagir com uma quantidade muito maior de informações e conseguir lidar com diferentes recursos tecnológicos não quer dizer que ela está aprendendo. O papel do professor é muito importante nesse processo. Teve uma pesquisa em que colocaram um grupo de crianças numa sala onde só tinha uma televisão, passando uma programação, e outro grupo, numa outra sala, onde tinha a TV e outros estímulos. Ao final, perguntou-se para as crianças o que elas lembravam que tinham visto e ambos os grupos lembravam-se das mesmas coisas. Ou seja, apesar de elas estarem expostas a uma quantidade enorme de informações, elas param muito menos para refletir e prestar atenção naquilo que estão vendo. O educador precisa fazer com que essas crianças reflitam sobre os processos e não simplesmente saiam usando tecnologia.
Gestão Educacional: E quais tipos de práticas que façam uso dessas novas habilidades das crianças o professor pode usar em sala de aula?
Luciana: Os professores devem ter cada vez mais em mente que é preciso trabalhar as competências das crianças e tirar um pouco o foco do conteúdo. Ele [o professor] tem que trabalhar competências de leitura e escrita, de raciocínio lógico, de comunicação, relacionamentos interpessoais, administração do tempo. E para isso você tem diversas tecnologias que podem colaborar nesse sentido. [Saber] qual é a melhor tecnologia para cada momento vai depender muito da estratégia de ensino que o educador quer promover. Não adianta a gente pensar que o caminho inverso é o caminho adequado. Como ainda não há muita clareza sobre a intencionalidade do que se quer fazer e há uma demanda muito grande, uma cobrança tanto da gestão como dos pais para que isso ocorra, os professores acabam às vezes se atropelando e fazendo um processo inverso. Muitas vezes isso acaba otimizando o péssimo: aquilo que já não era bom acaba se tornando pior, e a aula tende ao fracasso. Aí sim aquela preocupação que a gente tem que os alunos acabem entrando em sites que não deveriam acaba se tornando muito mais evidente. Se você não tiver muito claro o objetivo daquela aula, o trabalho que tem que ser feito, o aluno vai sair clicando por aí. Agora, se você tiver uma aula muito bem planejada, ele vai focar no que tem que fazer.
Gestão Educacional: Além das tecnologias, quais outros recursos os professores podem utilizar com as crianças para estimular essas competências?
Luciana: Eu acredito muito no trabalho com projetos. Ele possibilita que os alunos estejam envolvidos num desafio que pode acontecer de forma colaborativa, estimulando os relacionamentos, a administração do tempo, o foco na pesquisa, o uso de tecnologias para apresentar seus projetos e o processo próprio de produção de textos e de oralidade. Tudo isso acaba sendo possível quando você trabalha com projetos. Os alunos gostam disso. Se você sabe apresentar bem um projeto, de uma forma lúdica, envolvendo eles num contexto que tenha a ver com o mundo real – por exemplo, a simulação de uma redação de jornal, de um tribunal ou de um grupo de pesquisas de uma universidade ou da NASA [Agência Espacial Norte Americana] –, e eles têm ali um papel muito bem definido, eles acabam se envolvendo naquela atividade, trabalhando muito bem em equipe e desenvolvendo suas competências. O mercado está pedindo pessoas com essas competências, e se a gente só tem foco no conteúdo, na transmissão de conhecimento, estaremos perdendo essa oportunidade, não preparando esse jovem para isso.
Gestão Educacional: Com a internet, os alunos adquirem conhecimentos – didáticos ou não – muito antes do professor. Qual deve ser o papel do professor nesse cenário, em que ele não é a única fonte de conhecimento da criança e do adolescente?
Luciana: O educador tem que ser ainda mais o moderador desse processo de aprendizagem. O fato de o aluno ter o acesso à internet não quer dizer que ele tem acesso a uma informação qualificada, que ele ache a informação mais adequada. Há todo um trabalho que deve ser feito de orientação para pesquisa, para identificar se um site é confiável ou não, de uma preocupação que se tem que ter com direitos autorais, com [a forma de] referenciar essas fontes de informação que vêm da internet. Eles não sabem como fazer isso, e é papel do professor ensinar aos estudantes [essas práticas]. Então, o fato de eles estarem navegando na internet, novamente, não quer dizer que está havendo um aprendizado adequado. É necessário todo um processo de orientação para isso, o que é papel do professor.
Gestão Educacional: O professor está preparado para essa orientação?
Luciana: Não, o professor ainda não consegue entender muito bem o papel dele nesse novo processo, com raras exceções. Eles [os professores] ainda estão com um pensamento, com uma preocupação muito maior de que o aluno esteja fazendo “cópia e cola” e jogando essa culpa no aluno. A pergunta é: em que momento o professor parou e orientou aquele aluno a não fazer “cópia e cola”? A tendência inicial do aluno é fazer isso, é o primeiro movimento que ele tem de aprendizado. Para ele, aquilo é suficiente, e aí o aluno fica até indignado quando o professor desvaloriza aquilo que ele fez. Mas em que momento ele foi orientado? Esse professor sentou junto, mostrou como fazer uma pesquisa, usar os recursos avançados de pesquisa de um sistema de busca, identificar quem é o autor daquela informação? Aí sim, a partir do momento em que você dá todas essas orientações, você pode cobrar do aluno que copiou e colou.
Gestão Educacional: As escolas estão preparadas para esse novo tipo de aluno, que está acostumado a receber vários estímulos, que tem um pensamento muito mais rápido do que antigamente?
Luciana: Não, elas ainda não estão. É fato que a gente vive num momento de transição. Nós temos a internet, que é a grande mudança, a meu ver, nesse processo todo. Ela trouxe uma nova forma de acesso à informação. Antes, o conteúdo que se aprendia na escola ou na universidade era suficiente ou quase que suficiente para você ingressar no mercado de trabalho e exercer uma profissão ao longo da vida. Hoje, o que se considera “verdadeiro” já não é mais amanhã. Os conceitos estão sendo continuamente revistos, e a informação é atualizada o tempo inteiro; e por conta do quê? Por conta da internet. A velocidade com que as informações estão surgindo é muito maior, e isso trouxe uma nova dinâmica para a sala de aula, porque antes você tinha um livro didático, que se seguia do começo ao fim, e isso era suficiente. Hoje, você tem esse mesmo livro didático e, dependendo da descoberta que foi feita, a informação que está ali não é nem mais verdadeira. Então, isso tudo trouxe uma nova dinâmica, e as pessoas ainda estão buscando formas de lidar com tudo isso. E o sistema de ensino ainda é muito “quadrado”, antiquado. O nosso sistema de ensino ainda valoriza o vestibular, o pai ainda cobra a escola para que ela prepare o aluno para ele entrar numa universidade, as provas ainda estão embasadas em conteúdos, a estrutura em que estamos organizados é em grade curricular, nós temos aulas compartimentadas: uma de Português, uma de História, outra de Geografia… A gente tem toda essa estrutura, e as escolas ficam tentando levar essas ferramentas para dentro de um sistema que não atende mais a essa demanda. Você pensa numa estratégia de ensino e quer usar a tecnologia para o aluno pesquisar, mas aí tem que parar tudo, tem que trazer aquela estrutura para a sala de aula ou levar os alunos para o laboratório. Tudo isso dificulta também a organização.
Gestão Educacional: E falta formação adequada para os professores?
Luciana: Acesso à tecnologia, todo mundo tem. Tem pesquisas que mostram que quase todo professor tem um computador. Para fins pessoais, ele sabe utilizá-lo, usar o Word, acessar a internet, ler e-mails, acessar redes sociais… Então dizer que o professor não tem o conhecimento mínimo não faz mais sentido. O xis não está mais nessa questão. A questão está na dificuldade de levar isso para dentro da sala de aula. E essa dificuldade está na falta de conhecimento para fins educacionais, na falta de tempo para fazer uma aula bem planejada, pois você tem que parar, avaliar os recursos, usar o software, e o professor não tem esse tempo nem na rede pública, nem na particular. Falta infraestrutura de apoio para o professor em muitos casos, e falta espaço para que tudo isso aconteça. A falta de adoção das tecnologias não está mais nem no fato de o professor saber ou não mexer no computador. E as escolas estão cada vez mais numa corrida insana atrás de novos recursos quando, na realidade, não está conseguindo nem lidar com o recurso anterior. Nem sabemos trabalhar com o computador e já se está pensando no tablet. Não sabemos usar o tablet e já estamos pensando na lousa digital. Estão colocando toda aquela parafernália, exigindo que o professor use, mas em que momento esse professor pode parar, refletir e entender como pode usar esse recurso?

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Somos anjos e demônios na internet, diz o sociólogo Manuel Castells

Enquanto o centro de São Paulo ardia, na noite de terça-feira (11), com os protestos contra o aumento da tarifa de ônibus, não longe dali, no Complexo Cultural Tomie Ohtake, o sociólogo espanhol Manuel Castells fornecia em tempo quase real uma explicação teórica para manifestações como aquela, que nascem na rede e ganham as ruas do mundo.

A batalha paulistana foi referência recorrente, ainda que breve, em sua fala sobre comunicação e poder, na terceira conferência do ciclo Fronteiras do Pensamento em 2013, evento do qual a Folha é parceira. O especialista em mídia e política atribuiu a onda mundial de protestos a um novo espaço público cuja marca é a "autocomunicação de massas".
Professor e pesquisador em instituições de ponta como a Universidade Aberta da Catalunha, o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e a Universidade da Califórnia em Berkeley, Castell expôs sua complexa teoria sobre a crise na "comunicação de massas político-midiática" e as transformações tecnológicas nas comunicações.


O sociólogo espanhol Manuel Castells fala no Fronteiras do Pensamento, na noite de terça (11), em São Paulo


Karime Xavier/Folhapress

Segundo Castells, a lógica midiática leva à "personalização extrema da política", na qual "a mensagem política se resume a um rosto a ser eleito" -ou a ser destruído em escândalos midiáticos.

"Se a confiança na pessoa é a mensagem central, a principal arma de combate político é a destruição dessa pessoa", afirmou. O resultado é a desconfiança geral em relação à política.
A internet, para Castells, altera esse esquema de dois modos: ao permitir a "autocomunicação", retirando a mediação dos meios de comunicação, e ao aglutinar demandas "emocionais", como a "dignidade" reivindicada por movimentos europeus.
"A internet é a liberdade e é um meio de perdermos o medo juntos", disse Castells. Para ele, já vivemos uma "virtualidade real" e não mais uma "realidade virtual".
"A rede é a infraestrutura de nossas vidas", afirmou. "Somos anjos e demônios. Viver na internet tem um perigo: nós mesmos".

Em setembro a Zahar lançará seu livro "Redes de Indignação e Esperança". A visita ao país incluiu palestra em Porto Alegre, na segunda, e também na Universidade Mackenzie, em São Paulo, nesta quarta (12). Na quinta (13), Castells debaterá com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em evento fechado na Fundação iFHC.

Rute Vera Favero enviou uma pergunta ao Fronteiras Do Pensamento, para que fosse respondida pelo sociólogo espanhol, Manuel Castells

Pergunta:  É possível mudar o ensino como um todo e as instituições se tornarem "redes sociais de ensino e aprendizagem"? Afinal, todos esses jovens estão presentes nas redes sociais. Que estratégias acontecem nessas redes, que poderiam ser adotadas pelas instituições de ensino? 

Manuel Castells: As redes sociais não são algo à parte na vida dos jovens. Os jovens vivem nas redes sociais, nas redes familiares, nas redes pessoais. Quando minha geração desaparecer, todo mundo viverá nas redes sociais. Ou seja, no fundo, as novas formas de existência, que incluem... Eu sempre comparo a internet com a eletricidade. Na história, houve momentos em que apenas algumas pessoas tinham eletricidade. Mas, a eletricidade é fundamental para a sociedade industrial. Na nossa sociedade, a internet é a forma de comunicar, de existir, de fazer qualquer coisa.


Portanto, a questão é: os jovens, nas redes sociais, qual é a característica especial das redes sociais que favorece ou dificulta a expressão dos jovens? Eu diria que há uma conexão entre a cultura da autonomia, que é a cultura fundamental da sociedade atual e, principalmente, dos jovens, em relação às instituições e aos poderes da sociedade. A prática das redes sociais na internet que materializam essa cultura da autonomia. É o próprio meio dos jovens e, portanto, é também o meio de aprendizagem.

Um dos grandes problemas da educação é que há uma contradição entre a pedagogia e a organização do ensino – estabelecido historicamente através das formas verticais e burocráticas –, entre a cultura da autonomia, a capacidade de cultura digital do jovens... É totalmente contraditório. Mostraram os estudos feitos em diversos países: a razão do abandono escolar, da evasão escolar na escola secundária é porque os jovens se aborrecem na sala de aula. A sala de aula continua sendo feita em formas de comunicação que não são as dos jovens, que não são as desta sociedade. E isso não é um problema dos professores, é um problema do tipo de organização – vertical, tradicional.

Diria que o desenvolvimento da prática social dos jovens nas redes está reforçando sua autonomia e sua capacidade de redefinição cultural. No fundo, está levando ao  empoderamento dos jovens. Me parece irônico que, no país de Paulo Freire, se tenha esquecido a pedagogia da liberdade, a pedagogia do oprimido, que é a pedagogia básica.

Meu último comentário, aproveitando para passar uma informação para vocês... Vocês sabem que há estudos sérios do British Computer Society, que mostra uma correlação entre a internet e a felicidade. Arrá! Surpresa! Todos os meios de comunicação dizem que a internet é péssima, que é a fonte de todos os males... Não, há uma correlação entre o uso da internet e índices psicológicos de felicidade. Por quê? A correlação não quer dizer nada, mas o porquê é importante: a internet aumenta duas áreas fundamentais, a sociabilidade e o empoderamento. E quais são as duas variáveis mais importantes na determinação da felicidade das pessoas? A sociabilidade e o empoderamento. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Henry Jenkins: as novas mídias e suas implicações para o ensino e a aprendizagem

No vídeo abaixo, do Edutopia (fundação educacional do cineasta George Lucas), o pesquisador Henry Jenkins reflete sobre algumas implicações das novas mídias na educação, defendendo que a integração das mesmas ao processo educativo pode se dar de modo a favorecer mudanças de paradigma na educação. 



Fonte: http://blog.midiaseducacao.com/2013/06/henry-jenkins-as-novas-midias-e-suas.html

sábado, 1 de junho de 2013

Propaganda contra educação a distância é multada em R$100 mil

O juiz federal Raul Mariano Junior, titular da 8ª Vara da Subseção Judiciária de Campinas, interior de São Paulo, condenou o Conselho Federal de Serviço Social a pagar R$ 100 mil por danos morais e multa diária de R$ 5 mil caso o material  preconceituoso contra o ensino a distância não seja definitivamente recolhido. A ação foi promovida pela Anated (Associação Nacional dos Tutores da Educação a Distância), que saiu em defesa de tutores e alunos que estavam sendo ridicularizados com a campanha promovida pelo órgão de classe.

 Início da campanha

A campanha publicitária “Educação não é fast-food – diga não à graduação à distância em serviço social”, foi desencadeada pelo CFESS em maio de 2011, passando a ser veiculada por meio de vídeos no youtube, materiais gráficos disponível de forma impressa e online e em rádios comunitárias por todo o país, com o objetivo de desqualificar e impedir a graduação a distância em serviço social. No mesmo ano, a Anated entrou com o pedido de liminar para suspender a campanha.

Condenação por danos morais

Segundo a decisão do juiz federal, “a campanha publicitária, da forma como veiculada, mostrou-se preconceituosa e leviana, na medida em que deixou de observar a excelência de alguns cursos não presenciais, verdadeiras referências de eficiência, praticados, inclusive em grandes universidades como MIT, Harvard, Oxford, para citar apenas algumas”, fundamentou Nader, em sua decisão.

De acordo com o presidente da Anated, Luis Gomes, o material possuía teor altamente pejorativo e expunha tutores e alunos que optaram pela modalidade do ensino a distância. “Tínhamos que dar um basta nisso”, afirma Gomes.

A sentença foi proferida em primeira instância, cabendo recurso da decisão.

Clique aquipara ler a decisão na íntegra publicada no Diário Oficial

Fonte: http://www.webaula.com.br/index.php/pt/acontece/noticias/2910-propaganda-contra-educacao-a-distancia-e-multada-em-r-100-mil

Educação Online: conceito



No vídeo acima, a Profa Dra Edméa Santos fala sobre o conceito de Educação Online, no contexto da Cibercultura e das Tecnologias Digitais em Rede, e afirma que"estar geograficamente disperso não é estar distante". 

A noção da Educação Online, desenvolvida há 10 anos pela professora, "é inspirada nas práticas culturais, comunicacionais, e pedagógicas da Cibercultura. As pessoas envolvidas na Cibercultura, elas se encontram, buscam redes, formam grupos, acessam informação, mapeiam informação, e produzem outros saberes articulando várias mídias, não só individualmente, mas com o outro via essa mediação, então, uma vez que o o sujeito está geograficamente disperso, mas que pode comunicar-se com o outro via rede, via ambientes virtuais, software de redes sociais, a autora acredita que não é mais tão interessante falar de distância, porque estar geograficamente disperso, não é estar distante".

Mas, então o que realmente, muda para o professor quando se fala em "Educação Online", quando se fala dessas novas demandas trazidas pela "Cibercultura" ? 

A professora diz que: "Na Educação a Distância convencional, mediada pelos meios de massa, a exemplo dos impressos, dos próprios áudio-visuais, a autoria do professor está  concentrada na autoria do material didático, então muitas vezes o professor produz o desenho didático de uma situação de aprendizagem, ele produz o conteúdo, e é esse conteúdo que vai fazer a mediação entre o saber científico, a instituição e o aluno que está lá na outra ponta recebendo, interagindo com isso tudo, e a lógica de comunicação estava centrada no auto-estudo. Com a internet, com a Cibercultura, a gente não só lança mão do auto-estudo, mas sobretudo da aprendizagem colaborativa e em rede, e isso muda tudo. O professor além de produzir esse conteúdo, articulando mídias, fazendo convergências, ele tem o papel fundamental que é fazer a mediação dessa comunidade de aprendizagem, garantindo a densidade dos conteúdos, fazendo novas provocações, arquitetando novos percursos de interatividade, então o papel do professor é efetivamente, o papel de mediador de todo esse processo de ensinar e de aprender".


Fonte: http://pensareducacaonline.blogspot.com.br/2013/05/educacao-online-conceito.html