segunda-feira, 13 de abril de 2015

Interacionismo simbólico - aplicabilidade: Comunicação e cibercultura






A comunicação, feita por meio da linguagem verbal ou gestual empregada pelos atores sociais, pode ser considerada um elemento constante e fundamental nos processos de interação social.

O ato social é, por excelência, o comportamento externo real e observável, mas ele é condicionado por processos complexos de interações sociais. Quando ocorre uma interação social, o indivíduo é estimulado a acionar sua autopercepção, que pode ser entendida como uma operação mental em que o indivíduo empenha-se num processo comunicativo consigo mesmo, na interpretação dos símbolos externos que estão a sua volta, no contexto em que ele se encontra.

Na segunda etapa, pode ocorrer a ação prática ou comunicativa, que também é influenciada (ou derivada) da situação (ou do contexto) em que o indivíduo se encontra. Por sua vez, a reação dos outros indivíduos envolvidos no mesmo processo de interação conduz a uma nova reinterpretação simbólica. Desta perspectiva, os significados são construídos e reconstruídos.
Subculturas
O interacionismo simbólico foi um recurso metodológico muito empregado nas décadas de 1930 e 1940 pelos cientistas sociais da Escola Sociológica de Chicago nos estudos sobre os variados grupos sociais urbanos, principalmente aqueles que tinham tendências a se constituírem como subculturas (gangues de rua, bandos de delinquentes juvenis, grupos étnicos e até mesmo movimentos sociais).

Esses agrupamentos ou coletividades têm padrões de sociabilidade característicos que, por sua vez, influenciavam o comportamento dos seus integrantes através de normas de conduta validadas dentro do grupo em questão.

Embora possam se institucionalizar, essas coletividades são formas instáveis, fluídas e temporárias de agrupamento social, pois necessitam ser constantemente reconstruídas pelos indivíduos que as compõem.

Pesquisas nessas áreas tiveram como principal preocupação entender os processos de socialização que ocorrem no interior desses grupos. Essas pesquisas privilegiaram os chamados métodos de pesquisa qualitativos, em particular os métodos de "observação participante" e de "história de vida" (ou "biográfico"); que são ambos recursos metodológicos em que o pesquisador interage com o objeto social que é o foco do seu estudo.
Cibercultura e sociedade do consumo
O interacionismo simbólico tem sido muito empregado em pesquisas contemporâneas sobre o comportamento do consumidor e no estudo das novas formas de sociabilidade que emergiram com a Internet.

O consumidor é o alvo principal das estratégias de marketing; por esse motivo, passou a ser essencial entender as escolhas de consumo. Desse modo, os contextos reais de consumo em que os indivíduos estão inseridos são objetos centrais das inovadoras pesquisas de marketing.

Por outro lado, a sociabilidade formada nas interações sociais que ocorrem virtualmente, em decorrência da expansão do uso dos computadores (no âmbito das salas de bate-papo, dos grupos de discussão e das comunidades), está se tornando objeto de pesquisa multidisciplinar (principalmente por parte da sociologia, antropologia e psicologia, entre outras ciências).

Considerado uma perspectiva teórica e metodológica bastante flexível, o interacionismo simbólico tem se ajustado às pesquisas com enfoques nos processos de interações sociais.
Autor: Renato Cancian,  é cientista social, mestre em sociologia-política e doutor em ciências sociais. É autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: gênese e atuação política - 1972-1985".

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