quinta-feira, 31 de março de 2016

A ESCOLA COMO ESPAÇO DE INCLUSÃO DIGITAL

Facetas da inclusão digital caracterizando-se em sua maioria em uma pesquisa de campo.

RESUMO
Analisando o crescimento da informatização dos serviços oferecidos à sociedade atual, cada vez mais se busca a necessidade da inclusão digital dos cidadãos nesse modo de vida. Ao acontecer o uso destes recursos tecnológicos, eles devem ser apropriados de meios onde a tecnologia da informação e comunicação (TIC) se direcione para fazer valer a inclusão dos indivíduos neste ciberespaço. Deste modo, a escola se apresenta como ambiente capaz de fazer imergir tais tecnologias a serviço de uma metodologia de ensino a favor da interação dos alunos nesta sociedade da informação anulando, assim, as diferenças sociais não pertinentes a este processo. Ao se utilizar diferentes mídias, que colaboram para a apropriação de um ambiente de comunicação, o computador e seus inúmeros recursos destacam-se como ferramenta de acesso apoiado por diferentes programas sociais do governo federal. Baseado nestes preceitos, o presente trabalho tem como objetivo apresentar o tema de inclusão digital no ambiente escolar como uma ação educacional que envolve o professor, ao capacitar-se para apropriação e ideal uso de recursos tecnológicos, e o aluno como sujeito no espaço de interação e comunicação de novas formas de colaboração, interatividade, conhecimento e cidadania. Para idealizar a fundamentação teórica deste trabalho, utilizou-se como instrumento para coleta de dados um questionário a alunos do 3º ano do ensino médio de uma escola pública do município de Lagoa Vermelha, a professores de diferentes disciplinas da mesma escola e de professores da área de informática na educação, que atuam em universidades, com a finalidade de conhecer a real situação em que a escola está inserida ao se deparar com propostas de utilização de recursos tecnológicos, sua infraestrutura e acessibilidade, valorizando a pesquisa com a enriquecida contribuição da opinião de professores da área de interesse. Será realizada, também, a aplicação de um software matemático para complementar a pesquisa de campo, desenvolvendo, assim, uma visão amadurecida do tema escolhido.
Palavras-chave: Inclusão Digital. Processos educativos. Tecnologia da informação e Comunicação.
1 INTRODUÇÃO
Ao iniciar o presente trabalho, apresentando o tema de inclusão digital na escola, diz-se que ele tem por finalidade abordar facetas da inclusão digital caracterizando-se, em sua maioria, em uma pesquisa de campo. Nesse sentido, recorreu-se a autores de diversas áreas para sustentação do estudo obtendo, assim, uma visão mais ampla da realidade em que a inclusão digital está presente na escola e, ainda, na realidade dos alunos.
Desta forma, o objetivo específico foi definido como: analisar a escola como espaço de interação e comunicação proporcionado pela inclusão digital. Nesta linha, buscou-se entender que as tecnologias de rede precisam fazer parte do cotidiano escolar. A valorização do aprendizado através de mídias digitais, várias formas de pensar e interagir através de meios de comunicação e informação onde o aluno apropria-se das TIC (tecnologias de informação e comunicação) é o caminho a ser traçado.
Como parte do processo de aprendizagem, tais tecnologias necessitam ser apropriadas e entendidas pelos professores, que fazem um papel fundamental neste processo. Através de uma interação por parte dos professores com os recursos tecnológicos, eles acabam por interagir com a realidade que o aluno está inserido.
Não se deve desconsiderar que estes, nos cursos de formação, não possuem tanto contato com a tecnologia como forma de ensinar, acarretando, assim, um despreparo ao optarem ou necessitarem de recursos tecnológicos.
Em um breve relato, neste trabalho houve um apontamento sobre os programas que o governo federal executa e apoia a favor da inclusão digital dos cidadãos. Diante disso, as escolas aos poucos tem se adaptado às iniciativas que lhe são apresentadas. Dentro de um patamar de informação e comunicação, o ambiente escolar começa a abrir caminhos para a tecnologia acontecer neste processo.
Diante disso, pretende-se abordar mais profundamente o tema relacionado através de um relato de pesquisa de campo, onde se procurou explorar, conhecer e entender como se dá o processo de inclusão digital e a realidade escolar que os alunos estão inseridos. Muitas vezes, devido à falta de infraestrutura nas escolas ou pouco incentivo por parte dos professores, os alunos acabam demonstrando pouca interatividade com o ciberespaço.
Com vista ao melhor entendimento e apropriação do conteúdo, objetivou-se conhecer a opinião de professores especialistas na área, que desta forma podem contribuir qualitativamente para uma pesquisa criteriosa e elaborada.
Desse modo, ao entender que a inclusão digital tem um papel muito importante no processo de aprendizagem, pois ela procura formar cidadãos com capacidade de interagir com outros e compartilhar decisões/informações que propiciem a lógica da informação a serviço da interatividade.
Através da inquietação que se procura entender: a escola, como integrante na formação de cidadãos, está proporcionando o espaço para a inclusão digital dos indivíduos que compartilham dela? Ao procurar responder a pergunta buscou-se, através de referenciais teóricos, de um trabalho de pesquisa de campo e aplicando um software educativo, compreender e procurar confrontar a teoria com a prática.
Sendo a introdução o primeiro capítulo e segundo o procedimento metodológico, apresentam os anseios deste trabalho e a forma que ele será desenvolvido. Em seguida, o terceiro capítulo abordando as tecnologias de informação e comunicação, e a importância da inclusão digital no ambiente escolar no quarto capítulo, complementando o estudo teórico da pesquisa. Nos capítulos seguintes, inicia-se a pesquisa de campo, sendo o quinto capítulo caracterizado pela descrição e analise dos questionários avaliados por professores e alunos. No sexto capítulo, é realizada a aplicação do software Régua e Compasso e seu desenvolvimento. Ao finalizar este trabalho, o sétimo capítulo apresenta as considerações finais, seguindo das referências e apêndices.
2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo estudar, aplicar e relatar a importância da inclusão digital na escola, em especial de uma escola pública do município de Lagoa Vermelha. Por meio desta pesquisa, de carácter exploratório e se tratando de relatos de pesquisa de campo, buscou-se investigar qual a real situação que a escola apresenta neste momento.
Procurando entender de que forma a inclusão digital acontece, ou seja, ferramentas para que ela seja concretizada, foi realizado um estudo baseado nos pensamentos de vários autores sobre as tecnologias de informação e comunicação e inclusão digital, o qual se caracteriza como ferramentas tecnológicas para que o aluno se torne incluído digitalmente.
Ao sentir a necessidade de compreender claramente as faces que norteiam a inclusão digital, foi solicitado a dois professores da área de interesse, dentre eles o professor Dr. Adriano Canabarro Teixeira, responsável pelo projeto “Mutirão pela Inclusão Digital” e pesquisador da área, sua opinião sobre questões que instigavam o pensamento da autora do TCC em relação ao tema desta pesquisa e, através de um questionário, o mesmo contribuiu com suas ideias de uma forma produtiva, fazendo com que houvesse uma maior interação sobre o assunto.
Houve também a importante contribuição do professor Max G. Haetinger, onde se teve a oportunidade de conhecê-lo, através de uma palestra que ministrou em uma feira de livros. Na oportunidade foi adquirido um livro de sua autoria com o título “Informática na Educação: um olhar criativo”, o qual também foi usado como referência neste trabalho. O professor participou desta pesquisa, de forma que respondeu ao questionário sobre inclusão digital, através da gravação de um vídeo, respondendo e comentando todas as questões.
A pesquisa caracterizou-se, também, pela realização de questionamentos com sete alunos do terceiro ano do ensino médio e quatro professores de diversas disciplinas de uma escola pública estadual do município de Lagoa Vermelha/RS, os quais contribuíram com suas opiniões e conhecimentos a respeito, sendo que, ao final, foi realizado um levantamento e análise dos dados obtidos.
Em outro momento, ao realizar uma experiência com desenvolvimento de uma atividade com uso de um software matemático com os alunos da escola pública. Deve-se observar que ele foi escolhido numa oficina da Jornada Nacional de Educação Matemática da UPF, no ano de 2010, onde foram desenvolvidas várias atividades com o uso do software matemático “Régua e Compasso” que tem por objetivo desenvolver construções geométricas. Por este motivo foi escolhida esta atividade para aplicar ao grupo de alunos, sendo que através desta proposta os alunos aprenderam mais uma ferramenta tecnológica a serviço da educação.
Após concluir a parte da aplicação, procedeu-se a análise do desenvolvimento da atividade através de questionários entregues aos alunos, que manifestaram sua visão em relação a participarem de uma atividade deste gênero.
Portanto, a pesquisa de campo e a confrontação dos princípios da inclusão digital com a realidade que o aluno está submetido, serão destacadas nas considerações finais deste trabalho de conclusão de curso, apontando os aspectos importantes da inclusão digital na escola, o processo educativo como meio de utilização dos recursos tecnológicos e, também, uma análise do que se pode constatar através o trabalho desenvolvido.
3 AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
A generalização do uso de tecnologias em todos os ambientes da vida cotidiana, faz perceber que se está rodeado de tecnologias da informação e comunicação (TIC) a serviço da modernidade e agilidade dos processos, facilitando e criando um novo mundo, sendo que, aos poucos, a escola está sendo inserida neste contexto. Tem sido válido o fato de difundir a importância da inserção dos recursos tecnológicos na escola e apresentar propostas práticas de um trabalho fundamentado no uso de computadores, tendo em vista a busca de mudança à prática pedagógica, já que as tecnologias estão cada vez mais disponíveis no mercado e presentes na escola.
Observando o caráter que as TIC têm de poder transformar e criar novos subsídios para o ensino e aprendizagem da educação, com o enfoque que ela possibilita criar e transmitir um conhecimento assimilado a formação do sujeito, Sancho (2006, p. 16) cita que estas tecnologias têm, invariavelmente, três tipos de efeitos:
Em primeiro lugar, alteram a estrutura de interesses, o que tem consequências importantes na avaliação do que se considera prioritário, importante, fundamental ou obsoleto e também na configuração das relações de poder. Em segundo lugar, mudam o caráter dos símbolos, quando o primeiro ser humano começou a realizar operações comparativamente simples[...], passou a mudar a estrutura psicológica do processo de memória, ampliando-a para além das dimensões biológicas do sistema nervoso humano. [...] Em terceiro lugar, modificam a natureza da comunidade. Neste momento, para um grande número de indivíduos, esta área pode ser o ciberespaço, a totalidade do mundo conhecido e do virtual. (2006, p. 16).
Isto demonstra que as pessoas que já convivem em meio a estas novas tecnologias não encontram grande dificuldade como aquelas que não costumam utilizá-las, sendo que, mais cedo ou mais tarde, as mesmas sentirão a necessidade de se apropriar involuntariamente.
Buscando novos horizontes, no intuito de desenvolver uma prática inovadora, aproveitando o conhecimento remanescente e de forma homogênea, as tecnologias da informação e comunicação (TIC), vêm para poder atribuir transformações que se quer e necessita. Neste sentido, Bonilla (2005, p. 21) afirma que:
As TIC, mais do que um simples avanço no desenvolvimento da técnica, representam uma virada conceitual, à medida que essas tecnologias não são mais apenas uma extensão dos sentidos humanos, onde o logos do fazer, um fazer mais e melhor, compõe a visão do mundo. As tecnologias da informação e comunicação são tecnologias intelectuais, pois ao operarem com proposições passam a operar sobre o próprio pensamento, um pensamento que é coletivo, que se encontra disperso, horizontalmente, na estrutura em rede da sociedade contemporânea. (2005, p. 21).
Sendo assim, as tecnologias da informação e comunicação, têm sido instaladas no âmbito escolar através de projetos do governo1 e das próprias escolas. Desta forma, cria-se a oportunidade de professores introduzirem em suas aulas o uso das novas tecnologias disponíveis fato esse que, infelizmente, não tem acontecido na maioria das instituições escolares.
Para que se entenda o motivo, pode-se destacar que os próprios professores ainda não interagiram com essas tecnologias havendo, em primeira instância, certo receio de aplicá-las. Segundo Scheffer (2006, p.13) novas possibilidades são oferecidas pelos sistemas multimídia e ambientes exploratórios que atuam como facilitadores da aprendizagem. Ela afirma que algumas dessas possibilidades são os softwares educativos, os quais se definem como um conjunto de recursos informáticos projetados com a intenção de serem utilizados em contextos de ensino e de aprendizagem.
Como em qualquer metodologia que se propõe uma maneira diferente de ensinar, utilizar uma ferramenta tecnológica não seria diferente. Por esta razão, ela precisa estar implantada em um projeto, bem pensada para produzir esta mudança que se deseja realizar. Conforme Haetinger:
Os softwares podem ser utilizados em sala de aula de modo diferente ao proposto pelos fabricantes dos mesmos, criando-se novos caminhos para exploração destes recursos, adequando-os a cada realidade para obtermos maior interatividade e resultados, aproximando-os de nossas comunidades. É como no ensino presencial: quando usamos um livro em sala de aula, ele pode ser apenas lido, ou integrado a outras atividades. O computador e seus aplicativos devem ser encarados de forma aberta, explorando-se todas as possibilidades laterais, olhando-se as “entrelinhas” para oferecermos aos alunos novas alternativas. (2003, p. 22).
O fato da escola não ter absorvido totalmente as condições de usufruir de novas tecnologias, se justifica, em parte, o ensino tradicional que vem sendo aplicado, pois os professores ainda possuem a visão de que inserir uma tecnologia em sala de aula não complementaria a aprendizagem dos conteúdos propostos. Segundo Bonilla (2005, p.13) as concepções que se tem sobre educação não conseguem fugir da racionalidade que surgiu com a escrita e é realmente desta forma que a maioria dos educadores repassam o conhecimento, ou seja, não conseguem abranger a racionalidade de que o pensamento da escrita e fala podem ser incorporados às novas formas de organização e produção do conhecimento que estão emergindo com as tecnologias atuais.
Segundo Betts (1998, p. 26) é importante ter como base de que estas tecnologias educacionais sem um objetivo concreto é inválida. Conforme suas palavras:
Não podemos isolar a tecnologia do conjunto da prática educativa, porque, por si só, é burra. Existe a necessidade de intervenção de uma ação docente para que ocorra a construção do conhecimento. Nós, seres humanos, somos por natureza seres aprendentes e, conscientemente ou não, os facilitadores da construção do nosso próprio conhecimento. (1998, p. 26).
Analisando de forma geral, além destas tecnologias auxiliarem no aprendizado em sala de aula, fora dela haveria uma complementação nas tarefas extras dos professores, como no preparo de provas e trabalhos, materiais atualizados disponíveis da internet, preenchimentos dos cadernos de chamada e auxílio em afazeres administrativos. Enfim, é importante e se faz necessário os professores buscarem essas facilidades por conta própria, pois o objetivo desta ferramenta é ser usada como meio e não como fim em si mesma, ou seja, ela deve ser vista como um recurso complementar e necessário. De acordo com Sancho (2006, p.19) a principal dificuldade para transformar os contextos de ensino com a incorporação de tecnologias diversificadas de informação e comunicação parece se encontrar no fato de que a tipologia do ensino dominante na escola é a centrada no professor.
Pensando desta forma, a simplificação da rotina docente afetaria em levar os alfabetizadores a se inteirarem das tecnologias espontaneamente, o que é elementar, já que seus alunos no cotidiano já se apropriaram delas. Mesmo os que não possuem computadores com acesso à internet em casa, procuram acessá-la na escola ou em outros locais para navegar em sites de relacionamento, grupos de discussão e, ainda, realizam pesquisas para auxiliar nos deveres de casa, mesmo sem recomendação de seu professor.
Com relação a esta interatividade, Menezes (2010, p. 122) afirma:
Os sistemas de comunicação evoluem com extrema rapidez e essa dinâmica é parte da vertiginosa modernidade em que estamos imersos. Não podemos nos deslumbrar com essas novidades ou ficar apreensivos pelo perigo de que substituam nossa função de educar. Mas não devemos ignorar as possibilidades que eles abrem para aperfeiçoar nosso trabalho, como o acesso a sites de apoio e atualização pedagógica ou a programas interativos para alunos com dificuldades de aprendizagem. (2010, p.122).
Portanto, não há motivos para ignorar o uso das tecnologias no ambiente escolar, a não ser que este recurso não possa ser usado de forma a gerar resultados no processo de ensino-aprendizagem melhores do que os que estão sendo apresentados.
Para Menezes (2010, p. 122) não se pode cobrar um bom desempenho das escolas se elas estiverem décadas atrás do que já se tornou trivial nas práticas sociais, e isto é uma realidade, pois há escolas com salas de informática onde a estrutura física aparentemente sustenta a ideia de escola munida de tecnologias, porém não há apropriação das mesmas, o que acaba tornando o uso obsoleto, uma vez que os professores muitas vezes não estão preparados para utilizar estas tecnologias.
A interatividade que os alunos têm com as tecnologias são mais avançadas do que possam ter seus professores ou pais, uma vez que eles, alunos, nasceram na era da informação e muitos possuem maior habilidade em entender a linguagem virtual do que a textual, pois aí está se tratando de diferentes tecnologias digitais. Portanto, de novas linguagens que fazem parte do cotidiano dos alunos e das escolas. Isso não significa que a educação atual seja pior ou ultrapassada, mas a realidade em que o aluno está imerso está mudando e a escola precisa acompanhar esta evolução.
Pode-se considerar que algumas tecnologias digitais, não se tratando apenas dos computadores, já estão familiarizadas na escola, como o uso de calculadoras, calculadoras científicas, televisores e até mesmo os celulares. Eles podem, sim, ser considerados como tecnologias de informação e comunicação que possuem grande contribuição para um ensino estruturado e inovador.
De acordo com Alba (2006, p.144) as novas tecnologias baseadas nas telecomunicações abrem possibilidades de utilização para gerar novas formas de comunicação, interação com a informação e socialização em contextos educativos.
Não se pode ignorar as tecnologias digitais, se os próprios alunos não ignoram e elas estão amplamente acessíveis. Por exemplo, hoje em dia é difícil um estudante de ensino fundamental ou médio que não possua celular, então porque não tentar inclui-lo em uma atividade de aula, uma vez que ele oferece muitas possibilidades didáticas. As tecnologias abrem um imenso leque de recursos didáticos para educadores. Muitas escolas, por enquanto, as proíbem.
3.1 Novas possibilidades tecnológicas e a formação de professores preparados a usar as novas tecnologias
A rápida evolução tecnológica em diversos setores da sociedade está exigindo dos profissionais da educação uma constante atualização. Nos cursos superiores, a formação de novos docentes enfrenta um novo desafio: o de ensinar as práticas educativas associadas às tecnologias para aprimorar o conhecimento nas aulas. O professor formando precisa estar ciente e compreender em quais situações a utilização da tecnologia irá ajudar no aprendizado dos alunos.
Analisando o novo perfil do profissional e suas capacidades essenciais, Betts (1998, p. 28) ressalta que:
Além de transformar-se num aprendiz vitalício e ser responsável pela própria carreira, o trabalhador, para ter sucesso na era do conhecimento, terá de desenvolver outras competências.[...]. Essas três competências – aprender a aprender, adaptabilidade e autodisciplina – são habilidades desenvolvidas nos primeiros anos de vida; portanto, o grande desafio para o Brasil é justamente investir maciçamente na qualidade da educação infantil, porque é lá que os futuros trabalhadores da era do conhecimento desenvolverão suas competências básicas para o futuro de suas vidas. (1998, p. 28).
De fato, este novo profissional da educação pronto para encarar essas mudanças, precisa usar sua criatividade para melhor aproveitar situações de aprendizado, com a capacidade de compartilhar de suas experiências novas com equipes interdisciplinares (na escola e em grupos de estudo pedagógicos), engajado na facilidade de adaptar-se a diferentes situações, com uma capacidade crítica diante das disciplinas técnicas e humanistas. É um novo paradigma a ser alcançado.
O professor, ao utilizar destes recursos tecnológicos a favor dos conteúdos, torna-se um mediador do conhecimento de uma forma democratizada, como relata uma professora de Florianópolis/SC à Revista Nova Escola. Em seu depoimento, ela coloca em foco a importância da tecnologia andar lado a lado com o ensino e como pode facilitar no aprendizado do aluno. Enfatiza, também, que alguns educadores ainda não se sentem capacitados, enquanto outros, empolgados, fazem mau uso dos recursos em atividades sem planejamento.
[...] O fato é que nossos alunos são formados dentro da cultura digital e profundamente influenciados por ela. Com a democratização do uso da internet, o crescimento do número delanhouses, o barateamento dos computadores, e mesmo a implantação de programas do governo destinados à informatização das escolas, não há por que trabalhar usando somente o quadro e o giz.” (MENEGUELLI, 2010, p. 49).
Analisando pelo ponto de vista da professora, as TIC não devem ser consideradas como mero instrumento que possa acrescer conteúdos nas aulas, e sim ser um meio que pode completar a prática educativa, dando oportunidade aos estudantes de desenvolver habilidades tecnológicas básicas na sociedade da informação que a escola partilha hoje.
4 A IMPORTÂNCIA DA INCLUSAO DIGITAL NO AMBIENTE ESCOLAR
A escola tem vivido um momento muito importante na era da sociedade da informação, onde a disseminação das tecnologias de informação e comunicação tem chegado inevitavelmente às salas de aulas. Nessa perspectiva, há um intuito de levar esta parte integrante da sociedade, alunos principalmente de escolas públicas, a se inteirarem de tecnologias que apropriem o sentido de informática educativa de uma maneira mais democrática.
Quando um cidadão é incluído digitalmente, ele estará inserido a sociedade da informação de modo a evitar a exclusão social, pelo uso das tecnologias de informação e comunicação, tendo direito ao livre acesso à informação.
Para apresentarmos a conceitualização de inclusão digital, a dimensão da proposta de inclusão, citamos as palavras de Teixeira onde ressalta que:
[...] Assim, propõe-se o alargamento do conceito de inclusão digital para uma dimensão reticular, caracterizando-o como um processo horizontal que deve acontecer a partir do interior dos grupos com vista ao desenvolvimento de cultura de rede, numa perspectiva que considere processos de interação, de construção de identidade, de ampliação da cultura e de valorização da diversidade, para a partir de uma postura de criação de conteúdos próprios e de exercício da cidadania, possibilitar a quebra do ciclo de produção, consumo e dependência tecnocultural. (TEIXEIRA, 2010, p. 39).
Através deste entendimento, percebe-se a dimensão acerca da apropriação dos recursos tecnológicos, seja no âmbito escolar ou mesmo no cotidiano do aluno. É necessário saber que incluir digitalmente é disponibilizar a tecnologia e fazer dela um instrumento de ensino e até mesmo de possibilidade de inclusão social.
Com essas possibilidades tecnológicas que surgem juntamente com as tecnologias de rede, é preciso entender que incluir digitalmente não deixa de ser um processo de colaboração, onde a rede se torna um ambiente de troca de informações e conhecimentos, fazendo sentido em valer a cidadania, exercendo-a de uma forma democrática e consciente.
4.1 Programas de inclusão digital apoiados pelo Governo Federal
As estatísticas a seguir apresentadas, são resultado do levantamento sobre iniciativas de inclusão digital no Brasil e seus respectivos pontos de inclusão digital (PIDs). Os quantitativos apresentados são organizados por: regiões administrativas (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), unidades da federação (UF) e categorias (Governo Federal, Governo Estadual, Governo Municipal, Terceiro Setor e Universidades).
Através destes programas disponibilizados em apoio pelo governo, cada região do país se adapta ao programa capacitado e apropriado a desenvolver, como demonstra o gráfico mostrado na Figura 01.
Figura 01 – Gráfico do total de PIDs por região.
Fonte: http://inclusao.ibict.br/mid/mid_estatisticas.php
No intuito de desenvolver ações que possibilitem a inclusão digital no Brasil, o governo executa e apoia diversos programas e órgãos, dentre os quais serão citados os principais em ação e, ainda, uma estatística sobre um levantamento que analisa seus resultados e a disponibilidade de cada um por região e por Estados. Dentre os programas do governo serão destacados: ProInfo, Casa Brasil, Inclusão digital, Computador para todos, Estação digital, Observatório Nacional de Inclusão Digital, Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) e Programa Nacional de Banda Larga (PNBL).
a) ProInfo - Programa Nacional de Informática na Educação: em ação: Ministério da Educação – O ProInfo é desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância
(SEED), por meio do Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), em parceria com as Secretarias de Educação Estaduais e Municipais. O programa funciona de forma descentralizada, sendo que em cada Unidade da Federação existe uma Coordenação Estadual do ProInfo, cuja atribuição principal é a de introduzir o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas da rede pública, além de articular as atividades desenvolvidas sob sua jurisdição, em especial as ações dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs). É um programa educacional com o objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica.
O programa leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Em contrapartida, Estados, Distrito Federal e municípios devem garantir a estrutura adequada para receber os laboratórios e capacitar os educadores para uso das máquinas e tecnologias.
b) Programa Casa Brasil: em ação: Ministério da Ciência e Tecnologia, Instituto Nacional de TI, Ministério do Planejamento, Ministério das Comunicações, Ministério da Cultura, Ministério da Educação, Secom, Petrobrás, Eletrobrás/Eletronorte, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Implantação de espaços multifuncionais de conhecimento e cidadania em comunidades de baixo IDH, por meio de parcerias com instituições locais. Cada unidade de Casa Brasil abrigará um telecentro, com uso de software livre e pelo menos mais dois outros módulos, que podem ser uma biblioteca popular, um auditório, um estúdio multimídia, uma oficina de produção de rádio, um laboratório de popularização da ciência ou uma oficina de manutenção de equipamentos de informática, e um espaço para atividades comunitárias, além de um módulo de inclusão bancária nas localidades onde for possível. Atualmente são 74 unidades em funcionamento, atendendo em média 20 mil pessoas/mês. Já foram capacitadas mais de 1.000 pessoas nas 37 oficinas livres oferecidas a partir da plataforma de educação à distância construída pelo projeto. No total 86 unidades, selecionadas por meio de edital, serão implantas nas maiores cidades das cinco macro-regiões.
c) Centros de Inclusão Digital: em ação: Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) - A implantação de Centros de Inclusão Digital é uma ação que compõe o Programa de Inclusão Digital do MCT. O Programa constitui-se em um instrumento de promoção da inclusão social, cuja responsabilidade é da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (SECIS) e tem como objetivo proporcionar à população menos favorecida o acesso às tecnologias de informação, capacitando-a na prática das técnicas computacionais, voltadas tanto para o aperfeiçoamento da qualidade profissional quanto para a melhoria do ensino.
d) Computador para todos: em ação: Presidência da República, Ministério do Desenvolvimento, Ministério da Ciência e Tecnologia e Serpro - Voltado para a classe C, permite à indústria e ao varejo a oferta de computador e acesso à Internet a preços subsidiados, e com linha de financiamento específica, além da isenção de impostos PIS/COFINS. PCs de até R$ 1.200 que obedeçam à configuração mínima podem ser parcelados em prestações de R$ 50. O equipamento deve utilizar obrigatoriamente software livre e contar com um processador de 1,4 GHz, disco rígido de 40 GB, memória RAM de 256 MB, monitor de 15 polegadas, unidade de disco flexível, unidade de CD-ROM (RW)/DVD-ROM (combo), modem de 56 K, placas de vídeo, áudio e rede on-board, mouse, teclado e porta USB e 26 programas. Notebooks de até R$ 1.800, que atendam a configurações mínimas descritas no portal do programa, também possuem isenção de impostos e têm financiamento facilitado.
e) Programa Estação Digital: em ação: Fundação Banco do Brasil. Sempre com o apoio de um parceiro local, sendo a maioria organizações não governamentais, a iniciativa busca aproximar o computador da vida de estudantes, donas-de-casa, trabalhadores, populações tradicionais e cooperativas, economizando tempo e dinheiro, criando novas perspectivas e melhorando a qualidade de vida da população. Desde 2004 estão em funcionamento 202 unidades pelo Brasil, 41 em processo de instalação e mais 20 unidades aprovadas para implantação até o final de 2008. Cerca de 56% das unidades estão localizadas na região Nordeste, 16% no Centro-Oeste, 15% no sudeste, 11% no norte e 2% no sul, com a capacidade para atender de 500 a 1.000 pessoas por mês, e integradas a arranjos produtivos locais.
f) Observatório Nacional de Inclusão Digital: em ação: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e parceiros. Aglutina informações sobre todos os programas de inclusão digital do governo federal no portal http://www.inclusaodigital.gov.br, com notícias, links, eventos e materiais de referência. Telecentros de todo o país - espaços sem fins lucrativos com conexão à internet, acesso livre à comunidade e capacitação - estão sendo cadastrados. Estima-se um total de 5.000 unidades de telecentros em funcionamento no Brasil, articuladas no âmbito federal, estadual e municipal. O ONID também trabalha na seleção de materiais de referência, tais como diretrizes, documentos, manuais, estudos e experiências de sucesso, para compartilhar melhores práticas entre os interessados no tema. No site http://www.onid.org.br são feitos o pré-cadastro e o mapeamento dos telecentros.
g) Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST): Foi instituído por meio da Lei 9.998, de 17 de agosto de 2000, para financiar a implantação de serviços do setor especialmente para a população mais carente. Pela lei, o Ministério das Comunicações é encarregado de formular as políticas para orientar as aplicações do Fust. À Agencia Nacional de Telecomunicações (Anatel) compete a implementação e a fiscalização dos projetos, tendo como objetivos prioritários: implantação de redes digitais de informação, inclusive da Internet, em escolas e bibliotecas, incluindo os computadores para operação pelos usuários e redução das contas desses serviços para beneficiar prioritariamente estabelecimentos frequentados por população carente; instalação de redes de alta velocidade para implantar serviços de teleconferência entre escolas e bibliotecas, entre outros. O Fundo é composto da cobrança mensal de 1% da receita operacional bruta das prestadoras de serviços de telecomunicações, depois de deduzidos os pagamentos de impostos. Recebe também recursos do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel), limitado a R$ 700 milhões por ano, e do preço cobrado pela Anatel pela concessão ou pelo uso de radiofrequência. Do total das verbas, 30% devem ir para programas implantados nas regiões de abrangência das Superintendências de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Nordeste (Sudene) e, no mínimo, 18% serão aplicados em educação, nos estabelecimentos públicos. Deve ser priorizado também o atendimento aos deficientes.
h) Programa Nacional de Banda Larga (PNBL): Tem como objetivos promover a inclusão digital, reduzir as desigualdades social e regional, promover a geração de emprego e renda, ampliar os serviços de governo eletrônico e facilitar aos cidadãos o uso dos serviços do Estado, promover a capacitação da população para o uso das tecnologias de informação e aumentar a autonomia tecnológica e a competitividade brasileira. A implantação do Programa Brasil Conectado teve início com a publicação do Decreto nº 7.175, de 12 de maio de 2010, que lançou as bases para as ações a serem construídas e implantadas coletivamente. O desafio do PNBL é traduzi-los em ações concretas capazes de promover, direta ou indiretamente, em um primeiro momento, o desenvolvimento da infraestrutura nacional e uma maior oferta do serviço, a preços mais baixos.
Portanto, citar os programas que potencializam a inclusão digital no Brasil, se justifica pela necessidade de evidenciá-los aqui, a título de conhecimento e interação do assunto, a fim de demonstrar que os primeiros passos para um país se tornar mais globalizado, atualmente, já estão sendo dados. Cabe aos educadores incentivar e participar destas iniciativas para inteirar a escola no mundo informatizado.
Publicado por: Cristiane Millan de Mattos
Para ler e saber mais: http://monografias.brasilescola.uol.com.br/matematica/a-escola-como-espaco-inclusao-digital.htm

Inclusão Digital Dentro e Fora da Escola

A Inclusão Digital Fora da Escola

A Inclusão Digital fora da escola é necessária, primariamente, para aqueles que continuam excluídos da tecnologia digital apesar de já terem passado da idade escolar. Neste caso, o processo de inclusão precisará ser feito nos chamados tele-centros comunitários ou em alguma instituição equivalente - que pode até mesmo ser os laboratórios de informática de escolas em seus períodos de ociosidade (fim de semana ou à noite, no caso de escolas que não funcionem com seus cursos regulares nesse turno).
Para se instalar um tele-centro (ou equivalente) são necessários os mesmos componentes já caracterizados:
- Equipamentos (hardware, software, conexão com a Internet) capazes de prover acesso à tecnologia digital por parte daqueles que não possuem acesso a ela em casa ou no trabalho
- Recursos humanos e materiais (inclusive material didático) que permitam oferecer treinamento no manejo técnico dessa tecnologia (Windows, Office, Internet - ou softwares equivalentes)
- Recursos humanos e materiais (inclusive material didático) que permitam oferecer capacitação na integração dessa tecnologia aos afazeres diários dos participantes, ajudando-os, assim, a usar a tecnologia para desenvolver competências que resultem na melhoria da qualidade de sua vida
Desses três componentes, o último certamente é o mais difícil, porque os participantes vão fatalmente possuir interesses, talentos e qualificações bastante diferenciados.
Os participantes em um programa de Inclusão Digital extra-escolar sem dúvida precisam aprender a usar Word, Excel, PowerPoint e (talvez) Access - ferramentas da Microsoft hoje utilizadas de forma generalizada no mercado (ou, naturalmente, softwares equivalentes). Mas eles precisam também aprender o que é que podem fazer, com Word, Excel, e PowerPoint para construir competências que possam se traduzir na melhoria da qualidade de sua vida.
O desafio maior não é conseguir que os participantes venham a digitar em Word um texto que lhes é previamente fornecido pela apostila: é que, usando Word, aprendam a escrever uma carta, a redigir um currículo, a fazer uma proposta de trabalho.
O desafio maior não é conseguir que venham a introduzir fórmulas em Excel que façam com que o programa some automaticamente uma coluna de números: é que aprendam para que servem planilhas eletrônicas, como Excel pode ser usado para planejar e controlar finanças ou estoques, para acompanhar fluxo de caixa, para estabelecer preços.
O desafio maior não é conseguir que venham a elaborar alguns slides em PowerPoint: é que aprendam a falar em público (pelo menos em seus rudimentos) com a ajuda de PowerPoint.
Por aí se vê, portanto, que a Inclusão Digital, mesmo quando tem lugar fora da escola, não pode prescindir de um forte e indispensável componente educacional.

A Inclusão Digital Dentro da Escola

Numa sociedade como a brasileira, em que mais de 95%; da população em idade escolar está, hoje, pelo que consta e em princípio, na escola, é de esperar que a Inclusão Digital se faça predominantemente dentro da escola e através dela - e que, portanto, com o tempo, os programas de Inclusão Digital extra-escolares se tornem virtualmente desnecessários.
Há várias vantagens em se concentrar o trabalho de Inclusão Digital na escola, evitando que quem conclua a sua escolaridade básica seja ainda considerado digitalmente excluído. Eis duas das principais:
- A maior parte das escolas hoje já fornece a seus alunos acesso à tecnologia digital, pois possui computadores, softwares e acesso à Internet - o primeiro componente da Inclusão Digital estando, portanto, atendido nelas (embora o tempo de acesso à tecnologia pelos alunos seja terrivelmente restringido pela razão número de alunos / número de máquinas disponíveis, que precisa claramente ser melhorada - isto é, diminuída).
- Para crianças e adolescentes nem é preciso dar muita ênfase ao segundo componente da Inclusão Digital, a capacitação no manejo técnico da tecnologia, pois eles têm notória facilidade para aprender a manejar a tecnologia sem necessidade de ensino formal, sendo, portanto, possível concentrar a atenção no terceiro componente, muito mais importante.
Assim sendo, a escola pode concentrar seu esforço naquilo que realmente importa na Inclusão Digital, a saber: capacitar seus alunos para integrar a tecnologia na sua vida e nos seus afazeres, desenvolvendo, com a ajuda da tecnologia, as competências necessárias para melhorar a qualidade de sua vida. (Registre-se que o uso da tecnologia para melhorar a "empregabilidade" dos alunos é apenas uma das muitas maneiras em que a tecnologia pode ajuda-los a melhorar a qualidade de sua vida).
Mas essa já é, na verdade, a função da escola! Nela (corretamente entendida) o principal afazer do aluno é se desenvolver como ser humano, aprendendo a traduzir seus potenciais em competências que lhe permitam definir seu projeto de vida e transformá-lo em realidade. Enfim, na escola o principal afazer do aluno é aprender o que é necessário aprender para que ele "dê certo na vida", isto é, seja capaz de viver a vida que escolher para si mesmo.
Logo, qualquer programa de Inclusão Digital através da escola deve explorar as formas em que a tecnologia pode ajudar os alunos a aprender melhor - aprender, no caso, sendo entendido como se tornar capaz de fazer aquilo que, antes, não se era capaz de fazer, e pressupondo-se que, dado o tempo relativamente exíguo que a criança e o adolescente brasileiro passam na escola, que se dará foco aos aprenderes realmente importantes para a vida.
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Fonte: http://caminhoinclusaodigital.wikidot.com/inclusao-digital-dentro-e-fora-da-escola

INTELIGÊNCIA COLETIVA

Estivemos em um Seminário Internacional de Política Educacional e fomos agraciados com a fala do pensador francês Pierre Lévy, quetem formação em História das Ciências, Sociologia e Filosofia, e experiência técnica na concepção de sistemas de informação inteligentes. De acordo com Pierre Lévy, “a inteligência coletiva desenvolve-se à medida que a linguagem evolui”. Com a divulgação das idéias através dos discursos e da escrita houve a disseminação do conhecimento. A inteligência coletiva pode ser dividida em inteligência técnica, conceitual e emocional.A inteligência técnica se realiza através do mundo concreto e dos objetos, como a engenharia.A inteligência conceitual se relaciona ao conhecimento abstrato e não ocorre sobre a materialidade física, como as artes e a matemática. 

A inteligência emocional concebe a relação entre os seres humanos, confiança e sinceridade que a envolve, e se vincula ao direito, a ética e a moral. 
Atualmente as idéias são o capital mais importante. A produção dos capitais mais importantes está alicerçada e só pode ser alcançada quando as pessoas pensam em conjunto. Quando isso acontece produzimos três capitais: o técnico, que vai dar suporte estrutural à edificação das idéias e pode ser explicado pelas estradas, prédio, meios de comunicação (coisa); o cultural, mais abstrato, constituído pelo conhecimento reservado em enciclopédias, livros e na World Wide Web (signo); o social, que representa o vínculo entre as pessoas e a cooperação e colaboração entre elas (cognição). 
O capital intelectual é criado pelos capitais técnico, cultural e social. Destacando que o capital intelectual é representado por idéias idealizadas e disseminadas pela população e que, veiculadas, passam ao campo público.O capital intelectual é o cerne de toda a inteligência coletiva. 

Considero que, através da cooperação intelectual a criação coletiva de idéias se dá fundamentalmente pela internet e mais particularmente pelo ciberespaço. A conexão cada vez mais ativa entre os indivíduos verdadeiramente colabora para ações coletivas. Os debates de matérias relevantes para a sociedade, encontram o seu apogeu na facilidade de comunicação, através dos meios eletrônicos e da mídia. A internet traz em si a potencialidade para a conexão do pensamento humano e a cibercultura tem evidenciado a competência que o homem tem de reconstruir sua idéia de mundo, de incluir e interagir com o seu igual em um novo cenário de relacionamentos, buscando um necessário diálogo para a sua vivência. 

O alicerce para a disposição desse novo cenário já está disponibilizado através dos computadores e da Internet. Com o desenvolvimento de novos artifícios e novas tecnologias de comunicação à distância cada vez mais, serão expandidos os conhecimentos e as idéias para a integração planetária. Os que têm acesso à Internet estão conectados com a inteligência coletiva.Em um futuro próximo deverá haver a queda das fronteiras nacionais, estará existindo então um governo planetário, uma nova forma de democracia mais participativa. Hoje, o uso que fazemos da memória é completamente diferente, pois a memória, a percepção e o aprendizado são coletivos.Atualmente, as competências adquiridas por um indivíduo no começo de sua trajetória profissional serão obsoletas no fim de sua carreira. Devemos construir novos padrões de ambientes dos conhecimentos, que são emergentes, abertos, contínuos, de maneira reorganizada adaptada aos contextos que cada um ocupa em uma escala individual e evolutiva. 
A Inteligência Coletiva é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. (Pierre Levy). 

Autora: Amélia Hamze 

Fonte: http://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/inteligencia-coletiva.htm

COMUNIDADES VIRTUAIS: UM CAMINHO PARA A INCLUSÃO SOCIAL

A tecnologia hoje está presente no nosso dia-a-dia, já tão real que na maioria das vezes nem notamos sua presença, esse crescimento vem alterando a nossa cultura de forma significativa e re-configurando nossos hábitos e a nossa estrutura social. A comunicação mediada por computador traz atualmente um novo conceito de comunidade um dos primeiros a definir comunidades virtuais foi Howard Rheingold em The Virtual Community, de 1998, definindo como comunidades virtuais como "agregações sociais que emergem na Internet quando uma quantidade significativa de pessoas promove discussões públicas num período de tempo suficiente, com emoções suficientes, para formar teias de relações pessoais no ciberespaço" gerando a possibilidade de sentir-se parte de um contexto no ciberespaço, aproximando pessoas e criando uma nova forma de construção de conhecimento. 

A reflexão sobre redes e sua natureza na sociedade humana é, deveras, bastante ampla, encontrando ressonância em todos os campos das ciências. Nesse sentido, é importante referenciar o que pensa CAPRA (1996) sobre esse assunto. Para o autor, a rede é um elemento intrínseco do ser humano, sendo parte da constituição do homem desde seu nascimento até sua morte. A essa idéia se soma a questão virtual que, paulatinamente, vem integrando a humanidade numa nova rede de relações que passa também a ser da nossa constituição e natureza. As comunidades virtuais são, nesse caso, um dos elementos desse fenômeno com explicações que transcendem o entendimento no campo da educação. 

O uso de ferramentas como o blog para aumentar a atração pela aula é extremamente interessante, mas também muito complexa principalmente porque não existem receitas prontas de como fazer funcionar de forma eficaz. É um exercício de erros e acertos, mas que não deve ser deixado de lado. O blog é um ambiente aberto, não foi desenvolvido para um uso educacional, mas se afirmamos que a educação deve preparar o aluno para a vida, e oferecer situações que o aluno seja capaz de resolver problemas e fazer escolhas os blogs podem ser um meio de se trabalhar os valores, esse contato com uma comunidade virtual que nos apresenta diversas escolhas, que além do conteúdo a ser desenvolvido podemos aproveitar a tecnologia para aproximar pessoas, que a máquina pode ser utilizada pra expressar sentimentos. Atrás do computador tem uma pessoa com emoções, medos, angústias, sonhos e conhecimentos a compartilhar. 

Com o objetivo de preparar o aluno para o mundo, nas diversas formas que ele se apresenta, formando um cidadão capaz de fazer escolhas que contribuam para o crescimento social e diria até virtual, o blog é um dos meios de provocar no aluno um censo crítico, capaz de refletir sobre suas ações, a partir do momento que é levado a fazer escolhas e tornar pública sua opinião como nos diz Nóvoa, "a experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação".
As comunidades virtuais fazem com que o tempo e o espaço deixem der ser barreiras pra a comunicação alterando o cotidiano, pertencer a uma comunidade requer o sentimento de ligação, de participação. Considerando essa realidade virtual professor e aluno vem utilizando essa forma de socialização pra enriquecer seus conhecimentos, essa será a tendência de formação docente, mudando os estilos convencionais de comunicação.
Fonte: http://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/comunidades-virtuais.htm