segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A colaboração online como ferramenta de apoio educacional

por Carla Oliveira

Recentemente participei de um evento promovido pela IBM, cuja finalidade foi a divulgação do programa “IBM Global Entrepreneur”. O objetivo do programa é incentivar o empreendedorismo, dando orientação e apoio na geração de novas empresas inovadoras, possibilitando com isso a criação de um planeta mais inteligente. A proposta é que ideias inovadoras ajudem a fornecer soluções criativas nas mais variadas áreas, entre elas a educação.

Para maiores informações sobre o evento segue o site: ibm.com/isv/startup.

Este evento me fez recordar um artigo que escrevi, sobre o poder de uma ideia inovadora e o alcance que ela poderá ter através da Tecnologia da Informação. No artigo citei um exemplo de ideia inovadora, o Vizir – “seu conselheiro nas redes sociais”. Para quem quiser conferir, o nome do artigo é “O poder de uma grande ideia no mundo da tecnologia da informação”. Nesse artigo eu mostro que a colaboração online ganhou proporções e utilização muito além do ambiente corporativo. Com a popularização das ferramentas da web 2.0, como redes sociais, blogs e Twitter, Wikis, podcasts etc., o conceito de colaboração online invadiu os lares e se tornou tão natural quanto o ar que respiramos.

Pegando como base o evento da IBM, toda a colaboração online disponível hoje em dia e a geração Y, me veio à mente os seguintes questionamentos referentes à educação:

1. Será que nossas escolas estão preparadas para ensinar à Geração Y?

2. É possível utilizar os sistemas de colaboração online como ferramenta de apoio à educação?

A resposta para a pergunta 1, na minha opinião, é não. Infelizmente as escolas ainda não perceberam todo o potencial que está presente nas ferramentas de colaboração online disponíveis hoje. A metodologia de ensino ainda é antiga, não acompanhou a velocidade das mudanças e os acontecimentos “online” do nosso mundo conectado e globalizado.

Não quero entrar muito no detalhe da metodologia adotada pelas instituições de ensino atualmente e nem tão pouco quero criticá-la, uma vez que não sou educadora e por este motivo não possuo o conhecimento necessário para tanto.

Mas, em relação à pergunta 2, eu tenho condições de respondê-la com mais propriedade, uma vez que o tema questionado é objeto de meus estudos. A resposta para a segunda pergunta é sim. É totalmente possível aliar educação e tecnologia.

A ideia de utilizar a colaboração online como ferramenta educacional me veio à mente quando imaginei a utilização de blogs como apoio para aulas de Literatura e Redação. Acho que seria muito interessante ensinar redação e literatura para os jovens de forma mais “viva” e prática utilizando os blogs. Cada aluno teria seu blog e os temas de redação e literatura poderiam ser expostos ali, o que permitiria o compartilhamento de ideias. Sem contar que os alunos poderiam aprender sobre etiqueta na web e, principalmente, sobre o que é importante e o que não deve ser exposto em um blog ou nas redes sociais.

Outra ideia veio da minha própria experiência acadêmica: eu nunca gostei muito de Geografia, mas o Google Maps e o Google Earth poderiam deixar minhas aulas de Geografia muito mais atrativas e criativas. Pena que na época em que eu estava na escola essas ferramentas ainda não existiam!

Gostei tanto da ideia utilizar as ferramentas de colaboração online na Educação que resolvi procurar por este tema na Internet e, para minha surpresa, encontrei dois artigos que abordam exatamente isso. Os artigos são de Luli Radfahrer, Ph.D. em Comunicação Digital pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) - USP, onde é professor há 18 anos. Ele trabalha com internet desde 1994 e já foi diretor de algumas das maiores agências de publicidade do país. Hoje é consultor em inovação digital, com clientes no Brasil, Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. Mantém um blog com seu nome, www.luli.com.br, em que discute e analisa as principais tendências da tecnologia. Escreve quinzenalmente no caderno Tec da Folha e na Folha.com.

Vou transcrever abaixo alguns trechos dos dois artigos de Luli Radfahrer, como complemento e embasamento para a minha ideia.

O primeiro artigo chama-se “Ensino para o século 19”:

“A maioria das escolas, no entanto, ainda parece qualificar o profissional do século 19. As que frequentei, por exemplo, me prepararam para um mundo muito diferente. Comparadas com a rotina que levo hoje, eram quase paramilitares. Se diziam "progressivas", mas tinham códigos de vestimenta, horários rígidos, filas, contagens e chamadas. Avaliações aleatórias, sem direito a consulta, eram a norma. Como também o eram os trabalhos individuais, o preenchimento de relatórios e formulários para a realização de qualquer tipo de atividade, as punições morais na forma de notas e as restrições de circulação.

Mas o pior eram o que chamavam de "aulas": aquelas longas sessões em que informações desconexas eram impostas por autocratas entediados a uma audiência trancafiada e imóvel, sem poder de voto, argumentação ou debate, que tinha que decorar nomes de organelas, fórmulas de mecânica, sistemas políticos gregos e reações de oxidação, mesmo que mostrasse vocação para o jornalismo ou eletrônica.

Não é preciso dizer que telefones celulares, YouTube e mídias sociais, se existissem na época, certamente seriam proibidos, sob a justificativa de atrapalharem a "didática". O sistema, enfim, era mais claro em suas restrições --de movimento, de expressão e de atividade-- do que em suas propostas. Se é que existia alguma proposta além de passar em um tal de exame vestibular para profissões hoje extintas."

Para conferir todo o artigo segue o link: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luliradfahrer/906917-ensino-para-o-seculo-19.shtml

O segundo artigo chama-se “Ferramentas para o ensino digital”:

“O professor que evita a tecnologiae ntra em uma relação perde-perde: se convencer a classe que o computador e a internet não prestam, terá criado analfabetos digitais, despreparados para viver em um mundo de conexões. Se fracassar nessa tentativa, poderá gerar um sentimento que a escola não presta para nada, e que tudo pode ser aprendido em tutoriais na rede. Não sei qual cenário é pior.

Mas sou otimista. Muito otimista. Acredito sinceramente que a maioria das tecnologias que nos tornam nerds podem ser usadas, sem muito esforço, para construir a escola do futuro. Apresento a seguir ferramentas, a maioria gratuitas, que podem ser usadas para incrementar a qualidade das aulas, sem demérito do professor. Não é preciso conhecimento técnico para operá-las.

- Blogs: Transformam o professor em material didático de referência. Podem conter o programa das aulas, bibliografia, exemplos e tarefas, abrir espaço nos comentários para que os alunos publiquem suas dúvidas e criar um ambiente de contato extraclasse. As principais ferramentas para se construir um Blog são Wordpress, Blogger, MovableType eTypePad.

- Microblogs: Se a informação for curta e menos estruturada, com pequenos conteúdos dispostos em periodicidade aleatória (como exemplos de aplicações práticas do que foi ensinado em classe), talvez seja melhor usar formas simplificadas de Blogs, também chamados de microblogs. O Tumblr é a ferramenta mais conhecida para essa tarefa, mas,Posterous, Presently e Xanga também dão conta da função.

- CMS: Para sistemas maiores e informações mais complexas, com várias funções integradas, talvez seja melhor usar administradores de conteúdo, sistemas dinâmicos de publicação como Joomla, Plone, TextPattern ou Drupal --este último é usado, por exemplo, pelo governo dos EUA em uma tentativa de aumentar a transparência de seus dados.

- Sites: Se o que se precisa é um site simples, estático, com algumas informações estáticas ou que mudam pouco (como endereços ou telefones, por exemplo), o mais fácil é usar um construtor de sites, ferramenta que automatiza sua criação sem precisar de uma linha de código. Os principais portais do país têm essas ferramentas, como o UOL,Terra e iG. Meu predileto é o WebFácil.

- Redes sociais: Se não dá para ignorar o Facebook, possível replicá-lo e criar, em aula, um pequeno sistema de relacionamento. Escolas, afinal, sempre foram redes sociais. Digitalizar as discussões em sala de aula pode aumentar o contato do aluno com a disciplina. As melhores ferramentas para essa tarefa são SocialGo, Elgg, Lovdbyless eCommunityEngine.

- Ambientes: Até mesmo sistemas completos de ensino à distância podem ser criados por um professor qualquer, em uma sala de aula de qualquer lugar do mundo, desde que ele tenha um computador mediano e um acesso à rede. Serviços como o Moodle, Engrade, Atutor e Manhattan têm comunidades fortíssimas que servem como boas redes de apoio para qualquer dúvida técnica ou de aplicação.

- Referências: Há muito material científico compilado das bibliotecas digitalizadas peloGoogle Acadêmico. O Projeto Gutenberg compila vários livros de acesso público e gratuito. Sites como o Scribd são boas alternativas para a busca de conteúdo. E se você tem medo que seus alunos copiem o material da rede, pode desmascará-los com oCopyScape.

- Fóruns e debates: As precursoras da Internet eram quase só compostas por sistemas de mensagens e grupos de discussão. Mesmo hoje, ferramentas que estimulam a troca de idéias são bastante populares e fáceis de usar. Nelas o professor pode criar um tópico e deixar que os alunos discutam suas aplicações. Não se preocupe se os alunos terão alguma dificuldade em operá-los: boa parte dos repositórios de pirataria tem esse formato, eles devem estar habituados. Boas ferramentas para a criação de fóruns sãoPHPbb, IP Board, SimpleMachines e Bbpress --este feito pelos mesmos criadores da ferramenta de blogs Wordpress, e tão fácil de usar quanto ele.

- Wikis: Os trabalhos de alunos não precisam mais ser impressos. Eles podem ser transformados em verbetes de uma Wiki, um sistema de produção de conteúdo colaborativo como se fosse sua versão própria da Wikipédia. O sistema usado pela enciclopédia mundial é o MediaWiki, mas o Twiki e o WikiSpaces também são muito bons. . Existem muitos serviços parecidos, que podem ser comparados no site WikiMatrix.

- Podcasts: Para encerrar a lista, podcasts, ou arquivos em áudio transmitidos pela rede. Já que boa parte dos alunos têm celulares e que passam o tempo todo com eles, nada melhor do que gravar as aulas ou conteúdos associados e torná-las portáteis. Audacity é uma ótima ferramenta para gravar e editar som, SoundCloud é muito boa para levar o som para as redes, LiveMocha para aprender e ensinar línguas e TreinaTOM para criar web-aulas.

Para conferir todo o artigo segue o link: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luliradfahrer/913403-ferramentas-para-o-ensino-digital.shtml

Todas as ferramentas acima, citadas por Luli Radfahrer, são ferramentas de colaboração online e suportam o conceito de “Gestão do Conhecimento” tão difundido no mundo corporativo. As ferramentas estão disponíveis e já fazem parte do nosso dia a dia. Cabe aos educadores procurar a melhor forma de utilizá-las como ferramentas pedagógicas.

Fica, então, o meu apelo: por que não aplicar a “Gestão do Conhecimento” e todas as ferramentas de colaboração na escola, de forma que este meio de transferir conhecimento possa ensinar aos alunos a se tornarem pessoas mais conscientes, inovadoras e, principalmente, a fazer o nosso planeta mais inteligente.

Fonte: http://imasters.com.br/artigo/20888/tendencias/a-colaboracao-online-como-ferramenta-de-apoio-educacional

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