Afinal, que conhecimentos os professores da era digital precisam dominar?
[1] - Technological Pedagogical Content Knowledge – que engloba três tipos básicos de conhecimentos - o
Para lançar luz sobre o tema e nos ajudar a visualizar respostas a esta pergunta, recorro à experiência de
Judi Harris, educadora que trabalha no College William & Mary
, na cidade de Williamsburg, Virgínia, EUA.
Judi Harris, educadora que trabalha no College William & Mary

Ela é especialista em Currículo e Tecnologia Educativa e desenvolve já há alguns anos uma pesquisa
sobre a relação entre as ferramentas digitais e a ação pedagógica. O intuito do seu trabalho é exatamente
reconhecer conhecimentos necessários aos professores para tornar as práticas pedagógicas associadas às
inovações tecnológicas mais eficazes. Em outubro passado, Judy Harris foi uma das convidadas para abrir o
VI Encontro Internacional EducaRede
e, já no vídeo
que enviou como apresentação pessoal, fez
provocações muito interessantes que deram o tom do que seria sua participação presencial.
inovações tecnológicas mais eficazes. Em outubro passado, Judy Harris foi uma das convidadas para abrir o
VI Encontro Internacional EducaRede


provocações muito interessantes que deram o tom do que seria sua participação presencial.
Em uma delas, a pesquisadora pede que se relembre uma
propaganda veiculada na TV americana em que se propõe a arquitetos
que desenhem, projetem uma casa em volta de um determinado
modelo de torneira.
propaganda veiculada na TV americana em que se propõe a arquitetos
que desenhem, projetem uma casa em volta de um determinado
modelo de torneira.
É a mesma coisa que, freqüentemente, nesses últimos vinte e cinco anos,
temos feito com educadores, diz ela. Desenhem experiências de ensino-
aprendizagem em torno de uma determinada tecnologia, dispositivo, continua,
sinalizando já a valorização excessiva do conhecimento tecnológico e
suas implicações.
temos feito com educadores, diz ela. Desenhem experiências de ensino-
aprendizagem em torno de uma determinada tecnologia, dispositivo, continua,
sinalizando já a valorização excessiva do conhecimento tecnológico e
suas implicações.
A analogia com a educação aparece por meio da uma imagem (ao lado)
que ilustra com muita propriedade o questionamento que norteia todo
trabalho da pesquisadora: Ferramentas são fundamentais. Mas são elas que
devem configurar nossa ação pedagógica? Apesar de ferramentas serem
poderosas, terem funcionalidades atraentes, muitas vezes sedutoras,
não é em torno de, ou a partir de ferramentas que deveríamos planejar
nossa aula, nossa atividade, nosso projeto pedagógico.
que ilustra com muita propriedade o questionamento que norteia todo
trabalho da pesquisadora: Ferramentas são fundamentais. Mas são elas que
devem configurar nossa ação pedagógica? Apesar de ferramentas serem
poderosas, terem funcionalidades atraentes, muitas vezes sedutoras,
não é em torno de, ou a partir de ferramentas que deveríamos planejar
nossa aula, nossa atividade, nosso projeto pedagógico.
A apresentação segue com mais provocações baseadas em imagens
muito expressivas que nos motivam fortemente a refletir sobre a
maneira como estamos lidando com as tecnologias da informação e
da comunicação no âmbito do processo ensino-aprendizagem.
muito expressivas que nos motivam fortemente a refletir sobre a
maneira como estamos lidando com as tecnologias da informação e
da comunicação no âmbito do processo ensino-aprendizagem.
palestra - Não mais rabos movendo os cães: uma nova compreensão da integração das TIC –, metáfora que reitera
sua posição: não são os equipamentos, os aparatos tecnológicos que devem direcionar a atuação do professor.
Não são as tecnologias que devem mover o processo ensino-aprendizagem. Assim como não é o rabo que
move o cãozinho. Traduzindo: não se trata de conhecer muito bem uma ferramenta e elaborar uma aula em
A imagem do martelo, usada pela educadora, também chama muito
a atenção pela força que tem para expressar uma postura bastante
comum entre educadores que enxergam nas ferramentas tecnológicas
a solução mágica – a panacéia - para todas as situações: quando se tem
um martelo novo, brilhante, pode-se sair por aí achando que tudo é prego.
Ferramentas têm grande potencial para ajudar alunos a aprenderem mais,
professores a ensinarem melhor, afirma. O problema é quando deixamos
que as ferramentas sugiram, ou decidam, o que e como vamos ensinar.
a atenção pela força que tem para expressar uma postura bastante
comum entre educadores que enxergam nas ferramentas tecnológicas
a solução mágica – a panacéia - para todas as situações: quando se tem
um martelo novo, brilhante, pode-se sair por aí achando que tudo é prego.
Ferramentas têm grande potencial para ajudar alunos a aprenderem mais,
professores a ensinarem melhor, afirma. O problema é quando deixamos
que as ferramentas sugiram, ou decidam, o que e como vamos ensinar.
Judi Harris enfatiza então – no vídeo e, mais expressivamente, na palestra a que pude
assistir presencialmente - a necessidade de um novo olhar para a maneira como a tecnologia está sendo
integrada aos processos educativos. Mostra como resultado de sua pesquisa, a metodologia baseada no TPACK

tecnológico, o pedagógico e disciplinar - e três tipos de conhecimentos combinados – o pedagógico disciplinar[2],
Para ela, a implementação adequada de uma metodologia alicerçada nessa modalidade de conhecimentos
combinados – tecnológico, pedagógico, disciplinar –, aliada a bons recursos e professores bem formados,
pode ser fator decisivo para que a incorporação de tecnologia em processos de ensino-aprendizagem aconteça
de forma contextualizada, com uma compreensão de tecnologia relacionada à pedagogia e ao conteúdo.
combinados – tecnológico, pedagógico, disciplinar –, aliada a bons recursos e professores bem formados,
pode ser fator decisivo para que a incorporação de tecnologia em processos de ensino-aprendizagem aconteça
de forma contextualizada, com uma compreensão de tecnologia relacionada à pedagogia e ao conteúdo.
Este tipo de conhecimento – TPACK Technological Pedagogical Content Knowledge - seria então, segundo a autora,
o conhecimento necessário ao professor que deseja integrar tecnologia em suas aulas.
o conhecimento necessário ao professor que deseja integrar tecnologia em suas aulas.
Vale dizer aqui também que, apesar de esta abordagem ter se tornado popular mais recentemente, desde a
década de 90, outros autores[5] desenvolvem estudos sobre os diferentes
tipos e modalidades de conhecimento que os professores dominam, ou devem dominar.
década de 90, outros autores[5] desenvolvem estudos sobre os diferentes
tipos e modalidades de conhecimento que os professores dominam, ou devem dominar.
TPACK se fundamenta principalmente nas idéias de Lee Shulman
, professor emérito da Stanford
University School of Education
, que, já em 1986, se dedicou à pesquisa do Conhecimento Pedagógico
do Conteúdo – PCK.

University School of Education

do Conteúdo – PCK.
· Site dedicado ao modelo TPACK – Technological Pedagogical and Content Knowledge
· Designing and Doing
TPACK-Based Professional Development
[2] Conhecimento pedagógico disciplinar: conhecimento típico e quase que exclusivo dos docentes:
acontece, por exemplo, quando um professor de matemática sabe como avaliar corretamente ,
ou explicar da melhor forma possível qualquer aspecto da sua disciplina.
acontece, por exemplo, quando um professor de matemática sabe como avaliar corretamente ,
ou explicar da melhor forma possível qualquer aspecto da sua disciplina.
[3] Conhecimento tecnológico disciplinar: conhecimento muito necessário para qualquer profissional.
É o conhecimento de que se vale um patologista na hora em que utiliza o microscópio para analisar
corretamente um tecido.
É o conhecimento de que se vale um patologista na hora em que utiliza o microscópio para analisar
corretamente um tecido.
[4] Conhecimento tecnológico pedagógico: conhecimento que não se produz sozinho, separado. È
o conhecimento que junta à forma de ensinar com a tecnologia. Mas não serve para nada sem o
conhecimento disciplinar.
o conhecimento que junta à forma de ensinar com a tecnologia. Mas não serve para nada sem o
conhecimento disciplinar.
[5] SHULMAN, L. Those who understand: Knowledge growth in teaching. Educational Researcher 15(2),
1986, p. 4-14.
1986, p. 4-14.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
TARDIF, M. "Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. Elementos para
uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas conseqüências em relação à
formação para o magistério". Rio de Janeiro, PUC - Rio, 1999.
uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas conseqüências em relação à
formação para o magistério". Rio de Janeiro, PUC - Rio, 1999.
TARDIF, M., LESSARD, C. e LAHAYE, L. Os professores face ao saber. Esboço de uma problemática
do saber docente. Teoria e Educação nº 4, Porto Alegre: Pannônica, 1991.
do saber docente. Teoria e Educação nº 4, Porto Alegre: Pannônica, 1991.
Nenhum comentário:
Postar um comentário