sexta-feira, 26 de junho de 2015

Redes sociais refletem quem somos e quem queremos ser enquanto figuras públicas

Tem gente que percebe, tem quem desconfia e mesmo quem duvida, mas o fato é:
estamos sendo monitorados. Nem é preciso entrar na questão da dita compra de dados
por parte das grandes corporações, basta reparar em tudo o que se sabe sobre a vida 
alheia graças às redes sociais. De fulano cortou o cabelo até beltrano tem problemas com o 
chefe, a linha de fronteira é tênue. Um deslize no bom senso e pronto, o que era privado
torna-se público e o que era sossego pode virar dor de cabeça.


Quando episódios de exposição acontecem e repercutem de forma inesperada, danos
à imagem são só a primeira das consequências. “Todos os conteúdos que compartilhamos
constroem sentido sobre quem somos e quem queremos ser, como um diário aberto”,
esclarece a assessora de imprensa e professora dos cursos de comunicação da Unisinos
Cybeli Moraes. “Se uma pessoa expõe algum dado de sua vida íntima, por exemplo, é
natural que a imaginemos nesta situação, e essa associação adere como uma marca, e
especialmente ao papel que a pessoa desempenha, social e institucionalmente.”
Não que as redes sejam problema, pelo contrário, são canais adequados tanto à
convivência, quanto à produção e circulação de conteúdo relevante e de entretenimento.
Mas o uso individual, sem a reflexão sobre as consequências que as postagens ou
comentários podem ter, é que representa sinal de alerta, afinal, reflete a reputação do
indivíduo enquanto figura pública. E mais: pode interferir na vida do outro, aquele que,
sem entender por que, acaba envolvido na situação. "Os círculos de amigos proporcionados
pelas redes são cada vez mais populosos, ou seja, é muito fácil estar conectado com muitas
pessoas, ainda que indiretamente, que você não conhece, mas que acabam se relacionando
com tudo o que você compartilha", comenta Cybeli.
Em ambientes virtuais, toda ação gera uma reação, por isso, vale lembrar que ter a
possibilidade de dar opinião não significa estar sujeito à manifestação compulsória. Nas
redes sociais, então, é ainda mais fácil confundir o direito à liberdade de expressão com a
falsa necessidade de posicionamento - o que gera bites de lixo informacional e, com
frequência, consequências jurídicas. Tudo começa por um comentário inocente.
Para evitar incômodos, o primeiro passo consiste em pensar o que se quer deixar
para a posterioridade. Depois, cabe ponderar sobre a relevância das práticas. “O que eu tenho 
a dizer vai contribuir, tem pertinência, é passível de aproveitamento?”, questiona a professora.
Por fim, mas não menos importante, saber o destino que se pretende dar ao meio de
comunicação em si - o que espero que a rede diga sobre mim? "Muitos sites de redes sociais
não foram criados com este objetivo, de serem quase um veículo institucional de alguém, mas
esse uso está sendo dado a eles, desde as empresas de recrutamento até a escolha na 
hora de adicionar, seguir ou bloquear amigos. Por isso, é preciso dar um sentido próprio e 
reflexivo a estes espaços".
O professor Ederson Locatelli, que atua com Formação Docente, complementa: "Um
exercício importante é, ao publicar algo, imaginar todos os seus contatos na sua frente e pensar
se externalizaria isto a eles, pois a cibercultura não é um universo paralelo, mas tem tudo
a ver com a sua vida".

Confira dicas e saiba mais sobre práticas nas redes sociais assistindo ao vídeo a seguir.


Fonte: http://www.unisinos.br/noticias/universidade/parecia-um-comentario-inocente

Nenhum comentário: