segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O sujeito atual da sociedade virtual: da voz passiva para a voz ativa

Quando falamos que a comunicação está passando por um momento de reformulação e por um processo de reinvento constante, não estamos sendo otimistas o suficiente. Acredito que a explosão da comunicação ainda nem começou. Ainda está como aquele vulcão que expele cinzas, mas não entra em erupção. E alguns de nós, seres passivos, ainda agimos como se tudo circundasse uma utopia que se realiza diariamente, o que, decerto, deixa de ser coisa utópica e aos poucos se torna realidade.

Porém, se examinarmos o modo e a forma em que os meios pelos quais recebemos as informações diariamente e se medirmos o impacto que eles provocam no nosso dia-a-dia, veremos o que mudou... E o que não mudou vai mudar a partir de agora, esse agora que começou ontem, meses, poucos anos atrás.

O termo "comunicação de massa", aquele tipo de produto, geralmente televisivo feito para agradar a maioria, está sendo substituído, ainda microscopicamente, pelo jeito de fazer produtos comerciais direcionados e segmentados, o que não deixa de seguir uma visão coletiva, mas que abrange um público mais específico, interessado e interativo. Estamos falando da facilidade com que as pessoas estão encontrando espaço para fazer uso da sua voz ativa quando, por exemplo, não querem assistir na TV aquele filme que há anos é programado para passar à tarde ou depois da novela que era das oito, como se sempre valesse a pena ver de novo. O sujeito ativo de toda essa história vai buscar na internet aquele filme que estreou ontem no cinema, por que ele está com pressa e quer sair na frente, antes de muita gente. Assim está acontecendo com a notícia.

O furo jornalístico na televisão nunca mais será o mesmo depois da explosão da internet, depois da febre - que não passa - do Twitter. Porque quando o repórter chegar ao local do crime, do acidente ou algo do tipo, os usuários dessa ferramenta já vão ter todas as informações do que aconteceu, já estarão tecendo suas análises e trocando comentários entre si.

Exemplo muito claro e até recente disso foi a morte do terrorista Osama Bin Laden. O Twitter divulgou esse fato três horas antes de a TV e o presidente dos EUA, Barack Obama, confirmarem. E então, o que fazer para que o telespectador sinta vontade de pegar seu controle remoto e apertar o botão on que faça a sua TV ligar? Mostrar as imagens chocantes e espetacularizar o fato? Talvez não seja essa a saída, mas é o que ainda acontece.

As mídias e redes sociais estão se especializando em "gente", em como elas pensam e em que gostariam de fazer, e para isso estão dando abertura para que cada um aja como bem entender, para que você seja dono do que fala e compartilha. Essas redes sociais têm facilitado o modo de mostrar como a vida pode ser bem usufruída em mode on e que, além de trocar recados, assistir aos vídeos e publicar seus álbuns de fotografia, elas mostram que todos podem ir além disso, que cada um pode ser dono daquilo que quer que os outros saibam, que informação por informação qualquer um pode transmitir. As mídias e redes sociais estão se qualificando no "ter quase tudo em um espaço só" e, sem dúvida, as notícias estão inclusas nesse pacote, já que eu e você podemos fazer uma cobertura de um acidente no trânsito, por exemplo, pelo celular, sendo dessa forma o ponto de pauta.

O Governo Federal está trabalhando para garantir que a grande parte dos cidadãos deste país tenha acesso à internet de forma barata, através do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), o que vai aproximar o cidadão do computador e do mundo que existe através dele pela internet. O que isso implica?

Implica que mais pessoas estarão inseridas no espaço alternativo de conhecimento, que vai dar para elas a oportunidade de ser um agente direto. O sujeito na voz passiva vai passar de apenas um mero receptor da mensagem para ser um contribuinte direto, através das perguntas que podem ser enviadas, dos comentários, das sugestões de pautas, do vídeo que nenhum grande cinegrafista conseguiu chegar a tempo e fazer, ou seja, telespectador, ouvinte e internauta bom é aquele que faz parte do programa, da notícia. O que será do sujeito passivo na atual e futura sociedade virtual? Só mais um sujeito manipulável e oculto...

Por Leide Franco, jornalista (UFRN)

Fonte: http://www.blogmidia8.com/2012/01/o-sujeito-atual-da-sociedade-virtual-da.html

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