quinta-feira, 28 de março de 2013

Juan Carlos Tedesco: “É necessário discutir com quais sentidos e critérios as novas tecnologias devem ser usadas”



O especialista argentino Juan Carlos Tedesco também deu uma entrevista para o livro Educación y tecnologías: las voces de los expertos (2011), que você pode ler abaixo. É interessante notar que ele se refere a algumas iniciativas que ocorrem no contexto da Argentina.

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Como o uso das novas tecnologias impactará na escola?
Não creio que exista um único impacto do uso das novas tecnologias na aula, nem que o impacto dependa apenas da tecnologia. Ao analisar as experiências conduzidas em diferentes países, os especialistas concordam em afirmar que o impacto do uso das novas tecnologias depende do projeto pedagógico no qual se introduz a tecnologia.
Em termos de operações cognitivas, por exemplo, se pode fazer com os computadores o mesmo que já se vinha fazendo com o giz e a lousa. Nesse sentido, dependerá do docente e de sua estratégia: estar introduzindo estratégias de ensino que promovam a aprendizagem participativa do aluno. Estudos muito avançados realizados na Califórnia, região do mundo com a maior densidade de computadores por estudantes e escolas, demonstraram que uma porcentagem muito importante desses aparatos foram utilizados para reproduzir modalidades pedagógicas tradicionais.

Acredita que a escola tenha muitas expectativas quanto ao ingresso dosnetbooks na aula?
À medida que o docente conhece as novas tecnologias, baixam as expectativas sobre o que elas podem provocar e produzir no processo de ensino e aprendizagem. Existe muito mais expectativa quando o professor desconhece do que quando sabe do alcance e limitações implicados no uso dos computadores.
É preciso distinguir entre as novas tecnologias como dispositivo didático, e o conhecimento e o seu uso como código da cultura contemporânea
Pessoalmente, não creio na existência de determinismos tecnológicos. Ninguém duvida da necessidade de usar as novas tecnologias na sala de aula. Entretanto, creio que é preciso distinguir entre as novas tecnologias como dispositivo didático, e o conhecimento e o seu uso como código da cultura contemporânea. A esse respeito, é possível fazer uma comparação com a necessidade de saber ler e escrever, ou com a necessidade de estar cientifica e digitalmente alfabetizados.
Este é um bom momento para refletir se deve haver um curso dedicado ao ensino do uso das TICs. Todos concordamos que elas são transversais e comuns a todas as matérias, como no caso dos livros. Porém, não é porque o livro é um suporte para o ensino de todas as matérias que iremos deixar de introduzir no currículo uma matéria específica para ensinar o manejo da linguagem e assim entender melhor o livro. Com as novas tecnologias deve ocorrer o mesmo.

Quais debates são desencadeados no interior do sistema educativo pelo uso das novas tecnologias?
Uma vez que é estabelecida a ideia, por parte das políticas educacionais, que cada estudante deve trabalhar com seu computador, o uso das novas tecnologias deixou de ser uma questão voluntarista do professor ou da equipe docente. Já não depende de se a escolar quer ou quer utilizá-las como dispositivo pedagógico. Agora, deve fazê-lo.
Então, o problema a enfrentar é a forte heterogeneidade do sistema, já que temos professores ou instituições que manejam as novas tecnologias, com experiências muito avançadas e outros que estão muito longe de saber manejar as máquinas. Essa heterogeneidade significa desigualdade.
Por isso, é necessário que todos participemos dessa discussão, não de maneira superficial, mas sim qualificada, perguntando-nos como, de quê modo, com quais sentidos e com que critérios as novas tecnologias devem ser usadas. No meu entender, elas devem incentivar o trabalho institucional.
Os modelos 1 a 1 promovem sair de uma concepção individualista do docente inovador e geram uma maior participação
Nesse sentido, os modelos 1 a 1 promovem sair de uma concepção individualista do docente inovador e geram uma maior participação de todos, nesse diálogo em torno do uso das novas tecnologias.

Os docentes argentinos estão preparados para enfrentar o desafio do Modelo 1 a 1?
As enquetes aos docentes refletem a existência de um espectro variado, com escolas vanguardistas e outra que não têm absolutamente nada, estão sem conectividade nem infraestrutura. Há uma politica de Estado para reverter essa situação, assim como deveria existir uma política educacional para que os docentes incorporassem conhecimento no uso das novas tecnologias a partir de sua formação inicial. E, nesse mesmo sentido, capacitar os professores em serviço.

Apresenta-se, assim, uma grande ocasião para repensar a capacitação docente, superando o enfoque baseado exclusivamente em cursos individuais e fora da escola, que não resolvem o verdadeiro problema. Está provado que o docente sabe e aplica em aula o que outros pares e colegas transmitem na sala de professores, no trabalho cotidiano.
Está provado que o docente sabe e aplica em aula o que outros pares e colegas transmitem na sala de professores
É necessário transformar essa troca entre pares uma política de formação docente: a capacitação em torno das novas tecnologias resulta um tema muito propício para levar em frente esse tipo de experiências, inclusive mostrando como resolver situações de aula diante dos próprios estudantes.
Em um programa tão ambicioso como Conectar Igualdad, que se propõe a distribuir três milhões de computadores, a escala é um dado muito importante para definir estratégias, ainda que elas nunca devam estar desvinculadas do diagnóstico da realidade.

E qual é a realidade na escola? Por que nem todos os docentes são inovadores no uso das novas tecnologias, mas tampouco todos resistem a elas?
Em linhas gerais, podemos descrever três grupos, divididos grosso modo em proporções de 40%, 40% e 20%, anda que conforme as jurisdições e instituições.
Em primeiro lugar, os inovadores, que já trabalham com os computadores e estão muito avançados. Em segundo lugar, os indiferentes: sabem que eles existem, mas utilizam pouco ou nada. Por último, o setor minoritário dos resistentes que veem as novas tecnologias como uma ameaça, e mantêm muitos preconceitos sobre os usos e impactos dentro da aula.
Salvo casos excepcionais, em todas as escolas todos os grupos convivem. Por isso, eu falava da capacitação em serviço dento da instituição e com mecanismo de formação coletiva.
Coloquemos trabalhando junto o inovador com o resistente, para que este deixe seus preconceitos sobre as novas tecnologias e para que o outro deixe de pensar que é o único (uma vanguarda) e perceba que é melhor que avance em seu conhecimento se o restante também faz progressos.

De que modo as novas tecnologias impactam na tarefa do docente na aula?
Em primeiro lugar, reduzem o esforço do professor na tarefa de transmitir informação, porque com a internet ela está aí, ao alcance de todos. Os professores deve gastar seu tempo em transmitir os critérios, os sentidos e as formas com que se deve selecionar toda essa informação.
As tecnologias colocam um nível de exigência mais alto ao docente, similar ao efeito que tem a introdução de tecnologias em qualquer outro processo produtivo: a máquina suprime o trabalhador menos qualificado.
Assim, o trabalho do docente se torna mais complexo, já que deve refletir sobre a aplicação pedagógica no uso das novas tecnologias. O papel do adulto é dominar o instrumento, nesse caso os computadores, para dotá-lo de sentido e formar os critérios dos estudantes, que dominam apenas a parte instrumental.
O impacto das novas tecnologias está em que inverteram o modelo de transmissão cultural
O jovem sabe usar a máquina, mas não tem a formação necessária para saber escolher que informação aproveitar de toda a que lhe oferece o sistema. O impacto das novas tecnologias está em que inverteram o modelo de transmissão cultural. Nas instituições culturais tradicionais, por exemplo, a antiga televisão, com apenas quatro canais para ver, o poder era do emissor. Todos víamos o mesmo. Na atualidade, com a internet e a televisão por satélite, onde está tudo, o poder passou as mãos do usuário. É ele quem decide o que quer ver.
Entretanto, sabe escolher? Pode escolher realmente? Se não possui o critério e sentido, seu nível de escolha é muito pobre. Para poder escolher realmente o que quer, então, tem que conhecer e estar bem informado. Nesse aspecto, a brecha digital é um processo interno a uma brecha cultural, de valores e ideias.

Como esta situação se explica?
Sempre houve rupturas geracionais, porém estamos vivendo uma muito mais profunda, porque as transformações ocorrem em uma mesma geração, quando anteriormente ocorriam entre gerações.
O problema não está nos jovens, mas sim nos adultos, que deixamos de apaixonarmos por nosso patrimônio e por sua transmissão
Se as novas gerações querem construir seus próprios critérios e sentidos, me parece perfeito. Porém, e pode parecer conservador, ninguém pode construir no vazio, sem conhecer o patrimônio cultural que, por outro lado, é suficientemente valioso para ser estudado e para despertar paixão.
Não é possível que as novas gerações não se entusiasmem com Shakespeare ou ignorem os clássicos. Desse modo, os empobreceremos culturalmente, já que, ao desconhecê-los, não existe a possibilidade de que os discutam e os superem.
O problema não está nos jovens, mas sim nos adultos, que deixamos de apaixonarmos por nosso patrimônio e por sua transmissão. O que enriquece o estudante não é tanto o conteúdo, mas sim a paixão com que o docente transmite esses conteúdos. O problema é sério, porque estamos diante de adultos que querem ser jovens, que se concentram no presente, ante um passado que consideram obsoleto e um futuro que percebem como incerto e ameaçador.
Se os jovens se desenvolverem nesta ideia de viver o presente, romper com o passado e não ter ideia sobre que futuro construir, esse vazio será coberto pelos fundamentalismos, seja de mercado, totalitários, ou religiosos; ou pelo individualismo associal.
O processo das novas tecnologias está imerso nessa brecha cultural que devemos fechar ou diminuir, se realmente queremos construir para as novas gerações um futuro com maior justiça social, solidariedade, coesão e respeito pela diversidade.
A escola pode ajudar a criar valores exercendo um papel contracultural à cultura dominante da sociedade atual
A escola pode ajudar a criar estes valores exercendo um papel contracultural à cultura dominante da sociedade atual. Porém, antes é preciso preenchê-la de conteúdo, porque hoje a cultura escolar está vazia, e os docentes são os principais representantes desse mundo adulto que quer continuar sendo jovem.

As novas tecnologias podem ajudar a criar esses valores de que fala?
Em princípio, replicando a experiência da escola sarmentiana, que foi laica, positivista, modernizante e progressista, entre tantos outros valores, que não refletiam o que acontecia fora dela, e que desempenhou um papel como instituição socializadora frente a outros papéis que já desempenhavam a igreja e a família.
O professor foi um ator moderno nesse modelo de escola, e hoje pode voltar a sê-lo, utilizando as novas tecnologias a serviço dos valores anteriormente mencionados, porque elas, por si só, não o fazem.
As redes sociais não fomentam a diversidade: ali se agrupam os que pensam igual ou têm interesses similares
As redes sociais não fomentam a diversidade: ali se agrupam os que pensam igual ou têm interesses similares. Então, fomentemos espaços onde diferentes religiões discutam um tema determinado, ou onde estudantes de setores mais e menos desfavorecidos saltem os muros dos guetos que os separam e conheçam uns aos outros.
As novas tecnologias podem nos ajudar com essas iniciativas, porém, por si mesmas, não as realizam. São instrumentos, não um fim em si mesmo.

As novas tecnologias estão modificando as capacidades cognitivas?
Existem resultados contraditórios a respeito. Certa literatura destaca os jovens multitarefa, capazes de realizar atividades diferentes ao mesmo tempo. Porém, isso é bom ou mau? A verdade é que não sei. Outros sustentam que diminuiu o tempo de concentração e hoje nenhuma exposição deveria se estender por mais de quinze minutos. Isso é avançar ou retroceder? Alguns assinalam que, ao estar submetidos a fluxos de informação permanente, existe uma tendência muito alta a prestar atenção à última notícia recebida, sem avaliar se ela é a mais importante ou não.
É necessário continuar com a investigação e inovação, antes de dar saltos na tomada de decisões. Porém, acredito que é muito importante avançar em processos que fortaleçam a capacidade do setor público, onde o Estado assuma papel de liderança, e não deixe nas mãos da lógica privada esse tipo de decisões.
O Estado acaba de comprar três milhões de netbooks, e a partir da lógica privada se antecipa que essas máquinas serão obsoletas em dois ou três anos. Por que descartá-las se esse instrumento continuar sendo socialmente útil? É aqui que adquire relevância o papel de liderança do Estado.

Mencionou-se anteriormente o papel das famílias no processo de ensino. Em quais aspectos podem ser impactadas pelo Modelo 1 a 1?
Cada vez aprecio menos certas categorias: família, por exemplo. Não existe, “a” família, mas sim diferentes tipos de família que abrange a “não família”. Então, pensar estes vínculos entre família e escola exige contextualizar do que falamos. Há famílias onde o computador já é um objeto mais cotidiano, e outras onde receberam pela primeira vez uma máquina. Aí, pode desempenhar o papel de alfabetizar digitalmente os adultos, como em sua época o fez o livro, quando entrou na casa de pais analfabetos dos alunos da escola.
Nem todos entendem os conceitos manipulados pela escola. Por isso, melhoremos o conteúdo da comunicação. Depois procuremos utilizar as novas tecnologias para aperfeiçoar esse fluxo
Entretanto, em si, a tecnologia não mudará o vínculo dos pais com a escola, nem deles com seus filhos. Se um adulto não exerce controle, não transmite pautas de disciplina, não se preocupa com o rendimento escolar, a tecnologia não ajudará. Pode ser um instrumento para uma comunicação mais eficaz e rápida entre escola e família, mas se o adulto não se interessou antes, por que o faria agora? O ponto principal dessa questão é que tipo de vínculo a escola quer ter com a família. E para isso é necessário também conhecer a situação da família.
Vou contar uma anedota pessoal. Quando era ministro da Educação, sabendo que o comportamento de meu sobrinho-neto não era o melhor, brincava com ele fazendo com que todos os dias me chegasse um informe de como havia se comportado. Um dia apareceu uma notinha no caderno, dizendo que “não respeitava o docente”. Eu ele perguntei o que aconteceu. E ele me retrucou: “O que é um docente?”.
O mesmo pode ocorrer nas famílias: nem todas entendem os conceitos manipulados pela escola. Por isso, antes de mais nada, melhoremos o conteúdo da comunicação. Depois procuremos utilizar as novas tecnologias para aperfeiçoar esse fluxo.

Fonte: http://blog.midiaseducacao.com/2013/03/juan-carlos-tedesco-e-necessario.html

Bernardo Sorj: “A introdução das novas tecnologias não é uma panaceia”




O sociólogo brasileiro Bernardo Sorj concedeu uma entrevista, inserida no livro Educación y tecnologías: las voces de los expertos (2011), que você pode ler abaixo.

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Qual é ou qual deve ser o papel do Estado na inclusão e na alfabetização digital?
O Estado deve assumir um papel na promoção da inclusão digital em relação inversa à penetração efetiva de computadores nos lares. Como realizar essa inclusão digital depende do contexto.
Em certos casos, trata-se de assegurar a infraestrutura física em lugares distantes que não interessam à iniciativa privada. Em outros, de promover a redução de impostos para que as pessoas possam comprar computadores ou instalar telecentros. E, finalmente, a criação de laboratórios nas escolas, incluindo, quando for possível, a distribuição de computadores para os alunos.
Em relação à alfabetização, creio que é um tema menos relevante, já que as novas gerações tendem a aprender a usar o computador de forma “natural”. Creio que a questão é outra: o aprendizado crítico do uso da internet.

A função do Estado muda quando se trata de países emergentes?
Os problemas mencionados anteriormente e as soluções indicadas são obviamente mais graves à medida que o país é mais pobre. O tema de como intervir é um problema relacionado com definir a medida adequada.
Por exemplo, em muitos países da América Latina, as ONGs e os governos promoveram a criação de telecentros em bairros carentes. Hoje, nesses mesmos bairros, vemos iniciativas privadas, ocupando esses espaços, oferecendo serviços baratos e gerando emprego.
Em outras palavras, a relação serviços públicos/mercado deve ser colocando dentro de uma perspectiva dinâmica, na qual inicialmente o Estado ou as ONGs podem ter um papel catalizador, sem necessidade de eternizar-se.

Como a inclusão das TICs impacta nas práticas de ensino e aprendizagem?
Esse tema é extremamente complexo. As investigações existentes têm produzido conclusões contraditórias. Em certos casos, há indicações de que o uso das novas tecnologias tem sido produtivos; em outros, neutro; e, finalmente, alguns estudos indicam resultados negativos.
Podemos, entretanto, apontar algumas pistas: a introdução das novas tecnologias não é uma panaceia para os problemas de formação adequada dos professores, infraestrutura escolar adequada e salários decentes; trata-se de um processo de longo prazo; esse processo apresenta um recorte geracional: de modo geral, professores de mais idade terão mais dificuldades para adaptar-se aos novos métodos pedagógicos; a criação de laboratórios de informática ou a distribuição de netbooks são apenas a ponta, e a mais barata, do iceberg que representa integrar efetivamente o computador no sistema escolar.
A utilização efetiva dos computadores por professores e alunos envolve uma cadeia de apoio
A utilização efetiva dos computadores por professores e alunos envolve a cadeia de apoio que inclui: a existência de serviços técnicos e material de reposição, a formação adequada e constante dos professores, a existência de software adequado, permanentemente avaliado e renovado, sistemas de comunicação entre a direção do sistema escolar e os professores, entre os próprios professores, e entre estes e os pais.
Vários estudos indicam que são as falhas na cadeia, e não na relação professor-aluno, as que levam a que os resultados sejam pouco animadores.

Quais mudanças acontecem nas formas de aprender e ensinar?
Sobre esse tema existe uma enorme bibliografia que exigiria um texto à parte. Em termos gerais, os estudos podem ser divididos entre os otimistas e os pessimistas. Os primeiros indicam que as novas tecnologias têm uma enorme capacidade de incentivar a criatividade e promovem o respeito pelas características individuais de cada aluno. Para os outros, as novas tecnologias favorecem a superficialidade, não formam pessoas disciplinadas e com capacidade de concentração e destroem o hábito da leitura.
Possivelmente ambas as posições possuem uma parte de razão. O desafio é como maximizar as virtudes e minimizar os efeitos nocivos. De qualquer modo, todos concordam que as antigas formas pedagógicas estão em crise. Devemos lembrar que essa crise vem de antes, associada a transformações sociais que debilitaram a autoridade do professor e que questionam valores tradicionais como disciplina, trabalho, respeito pela hierarquia ou idade.
A questão é que a introdução de novas tecnologias pode ser tanto um elemento de renovação como de aprofundamento da crise do ensino. No fim, não é fácil manter a atenção ou avaliar se o aluno presta atenção quanto está vendo a tela, ou quando muitas vezes usa o computador com mais destreza que o professor.

Sob quais perspectivas pedagógicas o acesso à internet deve se dar na escola?
A introdução de novas tecnologias pode ser um elemento de renovação ou de aprofundamento da crise do ensino
Creio que esse é o ponto nevrálgico. Para o bem e para o mal, os computadores estão sendo introduzidos nas escolas sem um planejamento pedagógico claro. No máximo, são oferecidos alguns softwares para o professor utilizar em classe.
Uma parte considerável dos professores, de modo explícito ou não, vivem essa transformação como mais uma fonte de insegurança sobre seu papel. Considero que, em primeiro lugar, deveria ser criada uma matéria que denomino “uso crítico da internet”, que indique ao professor (e ao aluno) qual é seu lugar nesse novo sistema de circulação e produção de conhecimento.
Esse papel será já não o de oferecer informação, que existe em abundância na internet, mas sim que se deve ensinar, de acordo com cada faixa etária, como usar, analisar e criticar os conteúdos disponíveis. Em suma, o professor deve continuar sendo especialista em conteúdo, e não ser colocado no papel de um técnico de computação, que muitos cursos de "formação" buscam objetivar.

Ao integrar as TICs às técnicas de ensino tradicionais, como se modifica o planejamento da aula e da instituição escolar em geral?
Sem entrar em detalhes sobre um tema extremamente amplo, existe consenso que as novas tecnologias conseguem obter efeitos positivos somente por meio de um redesenho do sistema de ensino. De forma sumária, trata-se da passagem da classe tratada como um grupo que avança em conjunto, até o tratamento individualizado de cada aluno.
Ou seja, as novas tecnologias valorizam as capacidades de cada estudante, ritmos diferenciados de aprendizagem, reconhecimento das capacidades específicas de cada indivíduo e novas formas de cooperação, inclusive pela formação de grupos virtuais.
No plano da instituição escolar, permitiria uma relação constante entre direção e professores, e entre esses e os alunos e seus pais, além da colaboração entre professores, independentemente de sua localização física. Por exemplo, existem várias experiências de elaboração de livros escolares por professores, por meio de plataformas que permitem a elaboração coletiva de textos.

Quais tipos de conteúdos e atividades podem ser trabalhados em aula com as TICs?
Podem ser trabalhados todos os conteúdos, e as atividades permitidas pelos sistemas de telemática, que favorecem novas formas de atividade e de expressão, como sites, blogs, diários online, e trabalhos que combinem textos com conteúdos audiovisuais.
Parte importante da formação dos professores deve ser orientada no sentido de captar as potencialidades das TICs e das novas formas de expressão em que trabalharão os jovens nascidos na era digital. Deverão, portanto, estar extremamente abertos a aprender dos alunos, inclusive a elaborar relatórios sobre as virtudes e defeitos dos softwares pedagógicos disponíveis.
Parte importante da formação dos professores deve ser orientada no sentido de captar as potencialidades das TICs

Que papel as famílias cumprem nesse processo de inclusão das TICs?
As famílias, da mesma forma que os professores, estão sendo superadas pelas novas tecnologias. No caso das famílias com menor conhecimento e acesso às novas tecnologias, o problema é mais dramático, inclusive porque se perde o suporte material (como o caderno com deveres), que permitia aos pais ter, ao menos, um mínimo de controle do trabalho dos filhos.
Igualmente, esses setores são alienados da nova dinâmica, por não poder comunicar-se on-line com os professores.

Quais são as perspectivas de futuro do Modelo 1 a 1?
É difícil prever o futuro. Estamos entrando em um túnel escuro, e enquanto alguns veem uma luz no fundo indicando um novo dia, outros pensam que se trata de um trem vindo da direção contrária. Penso que não podemos cair no pessimismo nem no triunfalismo, e que devemos recordar que o acesso a computadores e a internet, em si mesmo, não transforma a educação.
Distribuir computadores tem papel um positivo de inclusão digital, porém, em termos educacionais, os efeitos podem até ser nocivos, se não são parte de um projeto integral, que exige enormes recursos humanos e materiais, e que pode somente ser construído passo a passo, sem alardes, reconhecendo e corrigindo erros, por meio de um constante monitoramento dos resultados obtidos.


Fonte: http://blog.midiaseducacao.com/2013/03/bernardo-sorj-introducao-das-novas.html

Henry Jenkins: “O maior desafio é eliminar a ideia que as tecnologias farão todo o trabalho por nós”



A seguir, você pode ler a entrevista do pesquisador Henry Jenkins, dos EUA, dada para o livro Educación y tecnologías: las voces de los expertos (2011).

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Qual papel o Estado deve desempenhar no processo de alfabetização digital?
Na atualidade, a emergência de tecnologias móveis e digitais ocorre de maneira desigual ao redor do mundo. Como muitos autores estão discutindo, as tecnologias encerram um paradoxo: aqueles países que buscam frear a adoção destas novas plataformas e práticas se isolam do desenvolvimento econômico e das correntes de pensamento, ainda que o fluxo de informação provoque mudanças sociais, políticas e culturais que são imprevisíveis.
Já temos visto alguns resultados dessa contradição nos últimos meses, com as dramáticas transformações no mundo árabe, com o crescimento das expectativas de uma geração que, conectada ao mundo global, pressiona as rígidas estruturas de poder e as tradições culturais.
Além disso, a natureza das mudanças digitais assume formas diferentes, dependendo dos contextos culturais em que ocorrem. Não conheço em profundidade os programas de inclusão digital na América Latina, mas estou especialmente interessado no contexto de uma região que preserva suas vibrantes tradições folclóricas no século XXI, e cujas tradições interagem com as dimensões mais participativas da cultura web. De acordo com essas variáveis, não pode haver uma única abordagem para a educação digital (media education). Cada sistema educativo deve desenvolver sua própria abordagem, que reflita as realidades de cada país.
Na minha opinião, os países mais esclarecidos enfatizaram a centralidade da alfabetização com as novas tecnologias no campo educativo do século XXI. Porém, buscaram também aproximações harmônicas com suas culturas, refletindo as condições econômicas e as tradições políticas de suas nações, que os ajudem a preparar os jovens para um futuro cada vez mais global.
O foco está menos nas tecnologias do que nas novas práticas culturais e mentalidades

Como a inclusão das TICs impacta nas escolas?
No meu entender, o foco está menos nas tecnologias do que nas novas práticas culturais e mentalidades que têm se desenvolvido ao redor das novas ferramentas e plataformas tecnológicas.
Muitas vezes há a presunção de que tudo o que temos que fazer é conectar a aula ou dar um laptop a cada criança, e desse modo o trabalho está feito. Não me interpretem mal. Isto é um grande passo para qualquer Estado, porém aprender a como usar as ferramentas é somente o primeiro passo.
Estas ferramentas estão transformando vários aspectos de nossas vidas, e como resultado temos que repensar cada tema que ensinamos na escola. Precisamos de um sentido ampliado do que a alfabetização significa. Algo que envolve a capacidade de pensar, ler, aprender e comunicar a partir de um campo de meios cada vez mais estendido; um sentido que inclua a habilidade de trabalhar com simulações e visualizações, de misturar e recircular o conteúdo midiático de forma significativa, para participar em grandes redes e produzir conhecimento, num modelo colaborativo.
Essas habilidades e mentalidades são tão vitais que, num sistema onde a tecnologia é limitada, podemos até fazer progressos pelo ensino destes hábitos na mente. Uma vez que adquirem essas habilidades, as pessoas poderão saber o que fazer quando finalmente as ferramentas chegarem às suas mãos. Muitas vezes, as escolas usam essa falta de tecnologia como uma desculpa para não atender as demandas de alfabetização dos cidadãos numa sociedade hiperconectada (networked society).

Como as TICs transformam as maneiras de ensinar e de aprender?
Não há nada inevitável a esse respeito. As ferramentas por si mesmas não fazem muito. Certamente, a internet expande nosso acesso à informação e as ferramentas digitais nos proporcionam novas capacidades para criar e compartilhar. Por exemplo, podem ser usadas de modo que reforcem as velhas práticas educacionais e facilitem o processo de aprendizagem; ou de maneira criativa, lúdica, imaginativa, com o objetivo de dar poder aos jovens e permitir que eles sigam suas paixões e interesses.
Atualmente, ao redor do mundo, temos visto como o PowerPoint se converte em uma ficha ilustrativa/mnemônica (flash card) e os podcasts são usados como uma versãohigh tech de um relatório bibliográfico. O que teríamos que estar vendo é o uso dessas ferramentas para estimular os jovens a comprometer-se a encontrar seu interesse a partir delas, para convencê-los nas redes e plataformas que utilizam.
Precisamos usar as ferramentas para promover a experimentação e a inovação
Precisamos usar essas ferramentas para promover a experimentação e a inovação, por vezes na forma de jogo, o que diminui o risco de errar e estimula as pessoas a assumirem riscos que as levem a novas descobertas.

Quais tendências pedagógicas devem ser consideradas ao permitir o acesso à internet em instituições educativas?
No meu relatório para a Fundação MacArthur, “Confronting the Challenges of a Participatory Culture: Media Education for the 21st Century” (2006), destaco uma série de habilidades e desafios centrais que o educador enfrenta quando prepara os jovens para o cenário das novas tecnologias.
Atualmente, o projeto New Media Literacies está desenvolvendo novos modelos curriculares e abordagens de desenvolvimento profissional, que acreditamos que funcionam para a alfabetização digital. No coração disso está o que chamamos de aprendizagem participativa (participatory learning) e que definimos com base em cinco características. Em primeiro lugar, nossa abordagem começa com a ideia de expandir a ecologia da aprendizagem, de modo a incluir todo o campo de experiências que os jovens têm dentro e fora da aula, incluindo seu jogo informal com a tecnologia.
Em segundo lugar, queremos criar um espaço de coconfiguração de saberes, em que professores, estudantes, pais e diretores (administrators) aprendam entre si enquanto navegam em um espaço pouco familiar mas emergente.
Além disso, buscamos criar uma cultura de aprendizagem que dê um alto valor à criatividade e à imaginação dos estudantes, e que busque expandir suas capacidades expressivas.
Também focamos naquilo que motiva os estudantes a aprender, e que tem a flexibilidade de responder a seu compromisso pessoal.
Finalmente, trabalhamos com materiais autênticos, que tenham significado para os estudantes e que emerjam de suas experiências de vida, em lugar de ter propósitos puramente instrutivos.

Como o planejamento da aula se modifica com a incorporação das TICs?
Eu iria mais além do planejamento da classe, para incentivar os docentes a reimaginar o que é a aula, não apenas em seu aspecto físico, mas sim de modo a incluir a comunidade em que vivem os estudantes, e a aprender das amplas redes digitais através das quais podem interagir.
A isso é o que nos referimos quando falamos da ecologia da aprendizagem; um espaço mais poroso em que os estudantes podem compartilhar experiências fora da aula que sejam significativas como parte de sua aprendizagem; onde possam obter os saberes que necessitam, inclusive quando vão mais além dos recursos de uma única escola, e onde os alunos e professores estão conectados a uma comunidade maior, até global, com a qual compartilham os mesmos interesses.

Quais tipos de conteúdos e atividades podem ser trabalhados com as TICs numa aula?
Há múltiplas possibilidades e exemplos. Podemos imaginar o valor dos jogos e da simulação na aula de história, como forma de incentivar os jovens a refletir sobre perguntas do tipo “o que aconteceria se”; questionamentos que lhes permitem entender a lógica profunda das análises históricas, em lugar de simplesmente reproduzir os dados do passado.
Podemos pensar, também, que o uso de ferramentas de visualização em ciências naturais permitirá aos estudantes fazer perguntas originais e trabalhar séries de dados complexos em busca de respostas.
Ou que o uso de práticas mistas em arte servirá para que os jovens possam desenvolver um entendimento profundo de como os artistas se comprometem com os materiais da cultura que os rodeiam, e que utilizam como recurso para sua expressão individual e coletiva.
E podemos imaginar o YouTube como um arquivo que nos proporciona diferentes materiais a que de outras forma seria impossível consultar.
Temos a sorte de que alguns estudantes façam suas próprias contribuições à Wikipédia e defendam o saber que compartilharam, apesar dos desafios, enquanto que no processo aprendam mais sobre a investigação como prática do que sobre a informação como produto.

Nesse contexto, que lugar deve ocupar o docente, como tutor ou guia do estudante?
Os professores têm que se despojar da aura da autoridade absoluta quando ingressam num mundo em que ninguém sabe tudo
Os professores têm que se despojar da aura da autoridade absoluta quando ingressam num mundo em que ninguém sabe tudo, e em que todos têm valor potencial para contribuir.
Agora mesmo, os docentes são prejudicados pela ansiedade, porque sabem que seus estudantes têm maiores ou, pelo menos, diferentes conhecimentos do mundo online.
Porém numa classe baseada na coconfiguração da expertise, isso pode permitir aos estudantes compartilhar seu saber e aprender dos outros. Isso não significa que o docente seja deslocado de sua tarefa, mas sim que assume um papel de guia ou mentor, de alguém que monitora a aprendizagem do estudante; dá retroalimentação ao seu desempenho; o ajuda a relacionar-se com os novos recursos e oportunidades; e, no processo, aprende ao seu lado.

Como os docentes poderiam ser convencidos a adotar um papel de aprendiz sem perder a posição de autoridade?
Muitos professores têm demonstrado uma enorme capacidade de aprendizagem. É uma pena que vários deles deixem de aprender quando se tornam docentes. A melhor maneira de estabelecer sua autoridade em uma classe mais participativa é moldar seu próprio processo de aprendizagem, para mostrar capacidades de exploração e crescimento, que é o que espera ver em seus alunos.
Isso é o contrário do que geralmente mostrávamos a nossos estudantes. Atuamos como se já soubéssemos tudo, como se a aprendizagem fosse um produto e não um processo, como se se chegasse a um ponto em que não fosse necessário aprender mais. Se a vida no século XXI nos ensinou algo, é a ideia de que a aprendizagem é um processo que dura toda a vida.

Nesse contexto, é possível aproveitar os saberes dos estudantes sobre as TICs na aula?
Absolutamente, mas requer a vontade de ser flexível e a capacidade de improvisar. É por isso que usamos o termo play (jogar) para descrever nossos programas de formação de professores (a sigla de Participatory Learning and You), porém o usamos também para destacar que as escolas devem converter-se em lugares de jogo.
Nosso grande obstáculo são as provas padronizadas, que fizeram das escolas lugares sem diversão
Os pesquisadores que escrevem sobre o jogo falam do “círculo mágico”, uma atitude mental que emerge quando diminuímos as consequências que as ações normalmente envolvem, e quando encorajamos as pessoas a se arriscarem, sabendo que podem falhar.
Nosso grande obstáculo são as provas padronizadas, que fizeram das escolas lugares sem diversão, onde a criatividade e o assumir riscos, associados ao jogo, são desestimulados. Mas se começamos a ter uma atitude mais lúdica, podemos criar um espaço em que os estudantes sintam-se mais confiantes na opção de compartilhar o que sabem entre si, e onde possam construir juntos habilidades e saberes.
Jogar dá a cada um a permissão para experimentar e suspender algumas das regras que normalmente dominam a aula.

Qual papel cumprem as famílias no processo de inclusão das TICs, especialmente aquelas que pertencem aos setores vulneráveis?
Parte da consideração de uma ecologia da aprendizagem é o reconhecimento de que os pais e as famílias têm um papel vital para apoiá-lo e possibilitá-lo.
As famílias possuem conhecimentos e tradições locais que são parte vital da vida das crianças. Os pais tem saberes que os filhos devem adquirir para exercer julgamentos no novo e complexo ambiente em que estão ingressando.
Frequentemente, essas coisas são vistas como obstáculos para aprendizagem (como o passado, que deve ser deixado de lado para o ingresso no futuro), mas são, ao contrário, a base a partir da qual a aprendizagem deve se desenvolver.
Os pais devem ser recrutados como parte plena do processo de aprendizagem. Assim como se ensina aos jovens a respeitar e assumir as responsabilidades sobre suas habilidades emergentes, os pais devem ser respeitados e assumir a responsabilidade por aquilo que transmitem a seus filhos. Além disso, é necessário que existam tarefas que incentivem os jovens a aprofundar a história de sua própria família e da cultura de sua comunidade, para que possam compartilhar o que aprenderam com os demais por meio da escola.
E os docentes precisam identificar os saberes dos pais, e buscar incorporá-los mais dentro da aula para que possam compartilhar o conhecimento com outros jovens que queiram aprendem o que eles têm para oferecer.

Quais as expectativas sobre o Modelo 1 a 1?
A introdução das novas tecnologias pode produzir uma transformação impactante, mas somente se é acompanhada de mudanças fundamentais na cultura escolar
A introdução das novas tecnologias pode produzir uma transformação impactante, mas somente se é acompanhada de mudanças fundamentais na cultura escolar. Os jovens podem ter relações significativas e profundas com os meios digitais e com as comunidades online, ou podem usá-las de um modo superficial e banal que os distraia mais do processo de aprendizado.
Eles necessitam de adultos que os ajudem e guiem, por meio de relações mais produtivas com as redes e a informação, e adultos com a mente aberta, capazes de apreciar e valorizar os tipos de aprendizagem apaixonadas e conectadas socialmente, que ocorrem quando os jovens encontram seu caminho até um lugar especial dentro do mundo online.

Quais desafios as escolas enfrentam na sociedade da informação e do conhecimento?
O maior desafio é eliminar a ideia que as tecnologias farão todo o trabalho por nós, em lugar de vê-las como um recurso que pode ser mobilizado de modo a transformar a cultura de aprendizagem escolar.
O outro desafio é continuar crescendo, em lugar de acreditar que as soluções que funcionam hoje continuarão funcionando amanhã, tendo em conta os modos pelos quais as redes e os computadores aceleraram a inovação em todos os aspectos de nossas vidas.
As escolas são, geralmente, espaços mais conservadores que transformadores para os jovens estudantes. Necessitam ser, ao invés disso, ambientes que os ajudem a preparar-se para um mundo que está em constante transformação.

Fonte: http://blog.midiaseducacao.com/2013/03/henry-jenkins-o-maior-desafio-e.html

E-book: Educación y tecnologías: las voces de los expertos



Lançado em 2011, o livro digital Educación y tecnologías: las voces de los expertos apresenta entrevistas com 18 especialistas, do mundo todo, no tema, que dão suas opiniões, particularmente sobre o chamado "modelo 1 a 1", isto é, a distribuição de equipamentos digitais (como netbooks), no contexto educativo, para todos os alunos. Esta é a proposta do projeto argentino, promotor do livro, Conectar Igualdad, que já distribuiu mais de 2 milhões de equipamentos. As entrevistas são bastante interessantes, apontando possibilidades e limites de ações como essa. Nas postagens seguintes, publicaremos a tradução de algumas dessas entrevistas; no entanto, a leitura de todo o livro, que além das entrevistas possui uma síntese das avaliações, é recomendada.   

Fonte: http://blog.midiaseducacao.com/2013/03/e-book-educacion-y-tecnologias-las.html

domingo, 24 de março de 2013

RED - Revista de Educación a Distancia. Enseñanza y aprendizaje en entornos virtuales, diseño instruccional y calidad en e-learning.


Número 31: Ya es público


SUMARIO

Modelos de visualización del conocimiento y su impacto en el aprendizaje significativo: Crónica de una experiencia de trabajo grupal en entornos virtuales
Laura Martínez Escudero

Resumen
Si entendemos que la comunicación efectiva requiere conocer cómo el receptor recibe y percibe el contenido (Te’eni, 2011), especialmente si se trata de comunicación del conocimiento y no tanto en cuanto comunicación de hechos, entonces es necesario estar familiarizado con el concepto de visualización del conocimiento (Eppler and Burkhard, 2004). Este campo, todavía emergente, se refiere básicamente al uso de representaciones visuales de información y cómo este uso viene condicionado por dos puntos de vista: el punto de vista del usuario y el punto de vista de aquel que ha diseñado la representación gráfica de la información. Con este propósito, este estudio analiza el impacto de los modelos de visualización del conocimiento en el aprendizaje significativo y, más en concreto en el aprendizaje en redes. De igual manera, el estudio examina la posibilidad de introducir editores de presentaciones más dinámicos e innovadores como por ejemplo Prezi(Prezi, 2009) en la experiencia práctica que exige la teoría. Básicamente, Prezi permite que el diseñador de la representación gráfica priorice unos conceptos sobre otros en función de su significancia y no tanto en cuanto la linealidad secuencial que los modelos de conocimiento tradicionales arrastran con sus representaciones visuales de conocimiento.


Programa de capacitación docente para profesores universitarios sobre el uso de la herramienta wiki como estrategia de enseñanza en la formación de adultos.
Anais Hidalgo Sanpedro

Resumen
A pesar de la reflexión hecha por la comunidad académica acerca de la necesidad de formación tecnológica de los docentes, la hipótesis de la presente investigación consiste en que es poca la frecuencia de cursos que implementan los wikis, como estrategia de enseñanza a los estudiantes. Se abordó el problema desde la ausencia de formación tecnológica que posiblemente poseen los docentes, acerca de herramientas de colaboración con el uso de tecnología. Un wiki es una página web editable por los propios usuarios, en el que éstos interactúan en la elaboración de un único espacio. El presente es un proyecto factible cuyo objetivo es diseñar un programa de capacitación docente para los profesores de la Universidad Latinoamericana de Ciencia y Tecnología. Se aplicó un cuestionario auto-administrado en línea, a través del software gratuito Survey Monkey. Se envió el link a los 15 profesores de la Facultad de Psicología de la Universidad Latinoamericana de Ciencia y Tecnología (ULACIT), Costa Rica. Se encontró que los docentes de ULACIT son proclives a capacitarse como facilitadores de procesos en los que el estudiante interactúe con sus pares en la obtención de su aprendizaje. Se proponen tres acciones: la elaboración de un wiki por parte de los docentes, la implementación de un wiki en algunos de los cursos que imparte y la implementación de un diario de aprendizaje para recolectar las experiencias de los alumnos en la participación de un wiki. Las tres acciones propuestas buscan propiciar una experiencia inicial en el uso de wikis y adicionalmente un acompañamiento o asesoría a los docentes, en su primera implementación de dicha herramienta. 


Modelamiento de un agente de calidad multicriterio para un sistema de teleenseñanza.
Gladys Mansilla G. y Juan José Villacorta
Resumen
El presente articulo presenta un sistema de tele-educación  configurable de modo de a través de un agente puede entregar a los alumnos un servicio de óptima calidad, tanto en audio como en video. Este sistema permite impartir clases  en tiempo real.
Existen varios métodos de modelar e implementar agentes entre ellos inteligencia artificial, lógica difusa, teoría de juegos y teoría de utilidad multiatributomulticriterio.
Este trabajo contempla la construcción de un modelo de agentes que utiliza la teoría de utilidad multiatributo, para representar las interacciones de los diversos actores del sistema (alumnos, profesores, invitados, etc.), de manera de lograr la mejor calidad de servicio.



Calidad en entornos ubicuos de aprendizaje
Miguel Zapata-Ros
Resumen.-
La tecnología ubícua permite a los individuos aprender allí donde estén, y contar para ello con los componentes de su entorno social. Esta es la idea que se mantiene como tema de fondo en el presente trabajo. El objetivo es abordar la calidad centrada en el aprendizaje en los entornos apoyados con tecnología móvil: Suministrar elementos de referencia para el diseño instruccional y para los usuarios.
Para ello estudiamos rasgos, requisitos e indicadores que permitan evaluar las actividades que se hacen o pueden hacer con el apoyo de los dispositivos, y cómo se organizan en función de los aprendizajes.
El objetivo es pues la evaluación y  la forma de evaluar la solidez pedagógica del aprendizaje móvil o ubicuo. Para ello desarrollaremos una serie de reflexiones sobre la aplicación de ideas y conceptos extraídos de los desarrollos teóricos constructivistas y socioconstructivistas y a partir de ellos establecemos seis elementos de evaluación.


Creación de un patrón de eLearning a partir de la consideración de aspectos relacionados con el diseño de objetos de aprendizaje para un caso práctico concreto de uso del móvil para dar soporte a Lifelong Learners, desde la perspectiva del diseño instruccional.
Luis César Fuentes Marugán
Resumen
En el presente trabajo se desarrolla una labor de indagación, tratando de discernir y desarrollar aquellos factores y aspectos que elacionanel diseño de los objetos de aprendizaje con la práctica del mLearning para Lifelong Learners.
Para ello se han diseñado plantillas para la recogida de datos que aporten la suficiente información para lograr desarrollar patrones que ayuden en la práctica del diseño de objetos de aprendizaje en el contexto planteado.
El trabajo concluye con el diseño de una estructura para el lenguaje de patrones y el desarrollo de un patrón orientado a la resolución de un caso real.



Patrones en aprendizaje:Concepto, aplicación y diseño de un patrón.
Alexandra González Aguña

Resumen:
Las nuevas modalidades de aprendizaje, tanto las totalmente virtuales como las mixtas, han traído consigo no solo una revolución en cuanto a los recursos materiales, sino que también han supuesto un cambio en la perspectiva sobre la educación. Las Tecnologías de la Información y la Comunicación (T.I.C.) (Suárez, 2007; Alas y Bartolomé, 2003) han permitido la creación masiva de contenidos digitales de muy diverso tipo. Sin embargo, una vez hemos podido experimentar ya las posibilidades de medios como Internet, queda la tarea de reflexionar sobre lo acontecido hasta el momento y las implicaciones que representan para el futuro. Si además tenemos en cuenta la creciente necesidad de optimizar esfuerzos (porque hay que trabajar rápido ya que la información es cambiante, hay dificultades para conseguir inversión económica, etc.) obtenemos como resultado la aparición y aceptación de ideas como la  de patrones de Christopher Alexander para aplicar en educación.
Así, el presente trabajo ha elaborado un ejercicio de síntesis de las ideas y reflexiones principales sobre la educación actual, el e-learning, sus consecuencias en la creación de contenidos, y más concretamente, sobre todo lo que implican los patrones de Alexander para la construcción de contenidos y el favorecimiento de la comunicación.

Fonte: http://red-dusc.blogspot.com.br/2012/07/numero-31-ya-es-publico.html