terça-feira, 5 de março de 2013

Ensino à distância: matrículas vão de 5 mil para 1 milhão em 10 anos



Henrique Mendonca, de 24 anos, faz Sistemas de Computação à distância pela UFF e já conseguiu dois estágios em multinacionais
Foto: Leo Martins


Henrique Mendonca, de 24 anos, faz Sistemas de Computação à distância pela UFF e já conseguiu dois estágios em multinacionais Leo Martins


RIO - Na época dos seus pais, dizer que alguém se formou por correspondência era um modo de desqualificar a pessoa. Durante algum tempo, mesmo com a internet, o ensino à distância (EAD) também foi visto com preconceito pelo mercado. Mas o crescimento exponencial da procura por cursos de graduação não presenciais na última década está 
Dados do Ministério da Educação (MEC) mostram que o número de matrículas nessa modalidade saltou de pouco mais de 5 mil, em 2001, para quase 1 milhão, em 2011. Só a Universidade Aberta do Brasil (UAB), programa do governo federal que agrega 103 instituições públicas de ensino superior, deve registrar 220 mil alunos matriculados no primeiro semestre deste ano, com meta de 360 mil para 2014.
João Carlos Teatini, diretor de Educação à Distância da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), aponta alguns atrativos do modelo.
— Um dos principais é o fato de o estudante poder realizar as atividades em quaisquer hora e lugar. Os alunos podem desenvolver suas habilidades, antes muito restritas, com o apoio da simulação de experimentos em laboratórios virtuais, em complemento das atividades presenciais — explica Teatini.
Henrique Mendonça, de 24 anos, sabe bem disso. Ele está no 3º período de Sistemas da Computação da UFF, uma das 13 graduações à distância que receberam nota máxima do MEC. Não à toa, até pouco tempo, Henrique conciliava dois estágios em multinacionais, um na Wilson Sons, e outro na Accenture. Para dar mais foco à tecnologia da informação, optou por permanecer só no segundo.
— Escolhi essa modalidade de ensino porque é mais flexível. Se eu quiser acelerar uma matéria, posso. No presencial, teria que ir no ritmo da turma e do professor. À distância, você aprende mais rápido. Se tenho dúvidas, tiro na tutoria com os professores ou no grupo de estudos no Facebook que tenho com outros alunos — diz Henrique, que frequenta o polo de apoio presencial da Rocinha.
Os 7.511 polos de EAD credenciados pelo MEC são onde acontecem as provas e outras avaliações, além de oferecerem laboratórios, bibliotecas e tutorias presenciais. Nas videoaulas em frente ao computador, as distâncias se encurtam, e um estudante que mora no Piauí, por exemplo, pode estudar na UFRJ sem sair de casa.
Sócia-diretora da Resch Recursos Humanos, que faz processos seletivos para empresas como Brasil Brokers, Shell, Vale e White Martins, Jaqueline Resch aponta o ensino à distância como uma ferramenta usada pelas próprias companhias, através das universidades corporativas em cursos de reciclagem.
— Nunca recebi nenhuma sinalização de um cliente dizendo para não considerar alunos que fizeram EAD. Se ainda há algum preconceito, é por desconhecimento. Cada vez mais o mercado absorve isso. Só não há equilíbrio, pois o curso presencial ainda é mais valorizado — compara a especialista em RH.
Até por isso, os cursos de EAD ainda são bem menos concorridos. Isso pesou para a caloura Rayane Saory, de 17 anos, ao escolher licenciatura em Física da UFRJ.
— Planejava entrar em Engenharia Civil, mas, como não tive condições de pagar um pré-vestibular, a Física foi o que se aproximou mais da área — justifica Rayane.
Um dos grandes gargalos do EAD ainda é a evasão. O CensoEaD.Br 2011/2012, da Associação Brasileira de Ensino à Distância, aponta uma taxa de evasão de 13,7%. Mas, em alguns cursos como Física, o percentual chega a 70%, segundo Masako Masuda, vice-presidente de EAD da Fundação Cecierj, que gerencia cursos da UFRJ, UFF, Unirio, Rural, Uenf, Uerj e Cefet.
— Muita gente faz o processo seletivo, se matricula na empolgação, mas não aparece nas provas. Isso requer determinação e autonomia — aponta Masako.
Estudar à distância não é moleza. Se, por um lado, permite maior flexibilidade nos horários, por outro, exige disciplina para cumprir a carga prevista. Aluno do 4º período de Administração na Rural, Caio Freire, de 19 anos, concilia a academia e o trabalho num cartório em Niterói com oito matérias neste semestre:
—Quando tenho dúvidas, procuro o polo à noite ou no sábado de manhã. Só não aprende quem não quer.
Em outras línguas:
A procura por cursos de idiomas on-line também tem crescido no Brasil. Entre as vantagens, além da flexibilidade, está a privacidade para alunos tímidos, que têm vergonha de treinar em frente a outras pessoas. Por outro lado, há mais dificuldade de corrigir a pronúncia errada. Veja algumas opções abaixo:
ALIANÇA FRANCESA: A promoção de lançamento oferece quatro módulos de quatro horas por R$ 99 cada, em diferentes níveis de dificuldade. Na amostra grátis do primeiro módulo, disponível emwww.aliancafrancesaadistancia.com.br, dá para ter uma ideia do material multimídia, glossário, ficha gramatical e guia do estudante.
BUSUU.COM: O site www.busuu.com oferece 12 cursos de idiomas (do espanhol ao turco, passando pelo chinês) com conteúdo audiovisual de mais de 150 unidades de aprendizagem de diversas áreas temáticas e gramaticais. Há opção de aprender com usuários nativos por videoconferências e aplicativos para smartphones, em contas grátis ou pagas.
EF ENGLISHTOWN: Oferece sessões com professores on-line e recursos interativos para aprender gramática, vocabulário, leitura, redação, conversação, audição, com programa de reconhecimento de voz, que corrige sua pronúncia em inglês. São 16 níveis, do iniciante ao pós-avançado. A partir de R$ 119 por mês, com teste grátis por 14 dias:www.englishtown.com.br
OPEN ENGLISH: Além de aulas ao vivo com professores americanos, oferece um software capaz de reconhecer a voz humana, para corrigir a pronúncia, e consultores individuais. O curso de 1 ano custa R$ 1.625 à vista ou 12 parcelas de R$ 185: www.openenglish.com.br

Fonte: http://oglobo.globo.com/educacao/ensino-distancia-matriculas-vao-de-5-mil-para-1-milhao-em-10-anos-7720918

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