sexta-feira, 24 de maio de 2013

Estudo mapeia comportamento de jovens brasileiros na internet

A presença em massa de crianças e adolescentes na web não é novidade. Mesmo assim, pouco se é falado sobre o comportamento destes jovens na internet: quais são os riscos e oportunidades que eles encontram diariamente na rede? Baseado na pesquisa europeia EU Kids Online, que fez um mapeamento da relação dos pequenos com a internet, o CGI.br em conjunto com o CETIC.br e o NIC.br, lançaram a pesquisa TIC Kids Brasil Online 2012 que revelou dados interessantes sobre a vida online dos jovens. 
Entre os dados, o estudo apontou que o acesso à web acontece cada vez mais cedo, se intensificando de acordo com a classe social, e que 50% destes jovens estão em rede diariamente, inclusive por dispositivos móveis, como tablets e smartphones. Nas atividades exercidas, redes sociais, jogos e entretenimento, como vídeos, estão no topo. Os números são maiores que os Europeus, entre os jovens brasileiros de 9 a 16 anos, 70% têm um perfil em alguma rede social. 
Destes jovens conectados, poucos recebem alguma mediação dos pais para usarem a internet. Dificilmente esbarram em regras ou direcionamentos para aproveitar melhor os benefícios da tecnologia ou mesmo para evitar os riscos, que passam, por exemplo, por pornografia, exploração sexual e bullying. Um dos motivos desta falta de mediação é o fato de que os pais de 55% destes jovens não utilizam a internet e não conhecem os potenciais perigos. A boa notícia é que 75% das crianças e adolescentes acreditam nos perigos e querem se prevenir. 
Junto ao lançamento da pesquisa, também aconteceu o debate “Crianças e adolescentes na internet: riscos e oportunidades”, que contou com a presença de Ellen J. Helsper, Profa. Dra. da London School of Economics, Cristina Ponte, Profa. Dra. da Universidade Nova de Lisboa e a Profa. Dra. Regina de Assis, Consultora em Mídia e Educação. Na conversa, foi discutida a importância da mediação de pais e educadores no uso das tecnologias pelos jovens, a diferença entre o comportamento virtual em diferentes partes do mundo e o papel fundamental desta pesquisa para o futuro de políticas públicas relacionadas às TICs na educação. 
“As redes sociais se tornaram algo cultural no Brasil, muito mais do que na Europa, e é evidente que as crianças queiram fazer parte disso cada vez mais cedo”, comenta Cristina. Para Regina, o papel dos pais nas ações virtuais dos filhos é essencial. “A geração 2.0 acha que sabe tudo. Ela sabe muito, mas não sabe tudo”, explica. 
Mas segundo Ellen, esta mediação deve ser feita com muito cuidado, principalmente para os pais não tentarem se apropriar da intimidade dos filhos, que é essencial ao desenvolvimento. “É natural que as crianças e os adolescentes errem e os pais devem entender este processo. Então esta mediação do uso das tecnologias deve ser feita na conversa, no cotidiano, sem uma imposição ou utilizando de ferramentas de bloqueio, por exemplo”, pontua. 
A pesquisa, inédita no Brasil e com dados pouco explorados em todo o mundo, aparece como um forte combustível para que pais e professores integrem as tecnologias ao seu cotidiano e passem a enxergar as oportunidades que elas trazem. Uma vez que a população jovem está tão conectada, não restam dúvidas de que os mais velhos devam entender e fazer parte também da realidade virtual. 

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