O banco de dados do Kuadro, site voltado para conteúdo de reforço, que já possui mais de 40 mil alunos inscritos, sendo pelo menos 60% provenientes de escolas públicas, mostrou que 70% dos estudantes optam por videoaulas mais curtas e a grande maioria com exemplos práticos.
Os dados demonstram que cada vez mais os vídeos se estabelecem como complemento do ensino, seja presencial ou não. Amanda Wada ingressou na Universidade Federal Fluminense no curso de Desenho Insdustrial em 2014. Durante os anos em que fez curso preparatório para o vestibular procurou nos vídeos disponibilizados na internet e em plataformas de ensino um meio de relembrar as aulas do ensino médio e complementar o material passado pelos professores. “Queria relembrar as aulas que já tinha assistido e as que não havia entendido com o professor do cursinho”, conta.
Comportamento compartilhado por outros alunos, que procuram reforçar o aprendizado com os vídeos. No entanto, existe toda uma estratégia e preparo para elaborar as videoaulas e, consequentemente, conquistar os alunos. Necessidade que se torna ainda mais evidente no contexto da educação online. Amanda lembra que um ponto negativo dos vídeos e que os professores devem ficar atentos é o fato de, em sua grande maioria, não possuírem canais que possibilitem o esclarecimento de dúvidas: “o ruim é quando temos dúvidas, nas aulas presencias o professor responde na hora. Em muitos vídeos da internet não existe essa interação”. O que exige objetividade, clareza e muito planejamento na hora de disponibilizar as aulas em vídeo.
Por exigir dinamismo e interatividade a educação a distância costuma incorporar em seus cursos diversos recursos, sendo o vídeo um dos mais utilizados. Patrícia Rodrigues trabalha com educação a distância desde 2004. Em 2005 começou a realizar a produção de programas televisivos, quando recebeu o convite de um professor para atuar com EaD na Universidade Anhanguera-Uniderp. Hoje ela realiza treinamentos para pessoas físicas que querem fazer videoaulas e para instituições de ensino, treinando professores em cursos de apresentação e produção audiovisual para EaD. “Trabalho com o professor, capacitando-o para o vídeo. Abordo a questão pedagógica do audiovisual, do vídeo pedagógico”, diz. Ela também chega a falar das definições da área, dos espaços utilizados, orientando como montar os roteiros e se portar diante das câmeras.
Todavia, para ela, antes de discutir a presença dos vídeos no planejamento pedagógico da EaD é preciso saber as diferenças: “algumas instituições trabalham com videoaula, aulas gravadas e passadas aos alunos nos ambientes virtuais, ou teleaulas, aulas transmitidas ao vivo, via satélite. Outras ainda utilizam os dois modelos”, esclarece. Veja mais na imagem acima. Uma vez estabelecido os conceitos, o desafio é a instituição e o professor estarem abertos as mudanças. “Não adianta nada a instituição empurrar uma formação docente se o professor não estiver aberto aos novos papéis”.
Angariado o empenho do professor é hora de planejar como serão utilizados os diversos recursos audiovisuais que a EaD proporciona. A gerente de EaD Celina Pereira durante seu mestrado no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP elaborou um curso de capacitação de professores da rede pública do ensino fundamental I, por meio de um programa de teleducação (educação a distância). Em sua experiência constatou que “quanto maior o grau de interatividade, maior a capacidade de retenção do assunto”, característica identificada em vários estudos a qual teve acesso. Por isso, o vídeo precisa ser dinâmico. “Não posso pegar um professor, colocar em frente da câmera e reproduzir a aula presencial”, fala Patrícia. Para Amanda mesmo nos vídeos mais curtos o professor precisa de empenho: “ele precisa passar o conteúdo de maneira carismática e interativa, quando o professor é muito sério, acaba perdendo o foco e o aluno não assiste o vídeo inteiro”. “Assistia diariamente vídeos com mais de 30 minutos, via todo o conteúdo, isso acontecia pois o professor sabia fazer uma aula dinâmica”, conta.
Até mesmo porque para ser efetiva as videoaulas e teleaulas devem ser concisas e se adaptar ao meio em que estão inseridas: a internet. “Trabalhar as imagens, as dinâmicas na edição… antes de mais nada é preciso pensar no roteiro”, diz a produtora. Só assim os alunos conseguem absorver as informações. Celina conta que seu projeto de mestrado objetivou mostrar que um curso de educação à distância, com o uso de ferramentas interativas, provoca maior aumento do conhecimento – no caso de sua pesquisa, em saúde mental – do que a leitura passiva. Além disso, a gerente aponta que mesmo com as mudanças no cenário educacional que a EaD proporcionou o modelo educacional brasileiro sempre foi baseado na explanação do tema, “estamos acostumados com a aula no modelo de palestra, no entanto, com a rapidez da comunicação isso não é mais suficiente. Todavia esse modelo não deve ser eliminado, mas sim, complementado com outros recursos” e os vídeos são uma ótima alternativa para isso.
Quando falamos em videoaula é possível trazer alguns números referentes aos vídeos online e sua expansão, “hoje os vídeos são responsáveis pelo maior tráfico na internet”, afirma Patrícia. Assim, iniciativas relacionadas a educação são inevitáveis, um grande exemplo é o sucesso da Academia Khan. “Esses empreendimentos vieram dar suporte ao ensino de determinado assunto… a vantagem é que os vídeos são personalizados…ou seja, aparecem de acordo com as necessidades e o perfil do aluno”. “Eu assistia quase todas as matérias, mas principalmente as de exatas, matérias que tinha mais dificuldade”, fala Amanda.
Entretanto, Patrícia alerta que os alunos devem estar atentos ao conteúdo dos vídeos e as datas em que foram realizados. “Muitos vídeos estão defasados, foram feitos há muito tempo e não mais agregam conteúdo”. Ademais outra preocupação é que a maioria das instituições que utilizam vídeos ainda pegam o professor sem nenhum preparo e o colocam na frente das câmeras. “Eu não posso deixar o professor estático diante da tela”. Dessa maneira as instituições precisam investir em produção: “não adianta pedir que o professor faça o vídeo, se não há equipamento, uma equipe. É preciso investir em estrutura”, afirma.
Fonte: http://cloud-ead.programmers.com.br/blog/videoaulas-objetivas-e-com-exemplos-praticos-sao-preferencia-de-alunos/
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