domingo, 12 de outubro de 2014

Caminhos da linguagem: uma visão transdisciplinar - lançamento de livro

A ideia de escrever este livro surgiu durante o Curso de Mestrado em Letras da terceira turma do PPG Letras UniRitter, Porto Alegre. A intenção inicial era convidar os colegas dessa turma, após defesa, para integrarem uma coletânea de artigos em que cada mestre escrevesse sobre seu assunto da dissertação, pois não nos parecia coerente que após um árduo trabalho de leituras, pesquisas e análises nosso trabalho virasse um livro de um único volume que, possivelmente, ficaria guardado em uma gaveta.

Caminhos da linguagem: uma visão transdisciplinar, o tema abordado por cada escritor surgiu a partir de inquietações observadas ao longo da experiência profissional, e em alguns casos, pessoal, vivenciada pelo autor. A singularidade deste trabalho está na diversidade profissional dos autores que compõem a obra. São profissionais da área educacional, pedagógica, jurídica, psicológica e militar, mas que estão unidos por um fio condutor único – o estudo da linguagem. E foi desta pluralidade que resultou esta obra, uma visão transdisciplinar mediada pela linguagem.

SUMÁRIO:

COPPETTI, Lígia. Influência Cultural na Linguagem utilizada
pelos participantes em um Ambiente Virtual de Aprendizagem

COVATTI e SILVA, Katiane. Análise Crítica do Discurso: Um olhar
crítico sobre o discurso e seus padrões de acesso

FRAGA, Dinorá & PREDIGER, Angélica. A TELA: aspectos
topológicos na construção de textos verbais e não verbais

GUIMARÃES, Dirce Maria. Sobre a Mediação Docente nos
primeiros anos do Ensino Fundamental

JARDON, Manuel. A Intersubjetividade para Bakhtin e Benveniste

LEFEBVRE, Rosane. Mecanismos Reveladores da Autoria no
Trabalho com Gênero “narrativa pessoal”

MELLO, Maíra. Ações e Interações no Ensino‐Aprendizagem de
Línguas em uma Escola Regular

PIRES, Vera & KNOLL, Graziela. Dialogismo e Comunicação: um
diálogo entre Bakhtin e Jakobson e suas contribuições para os
estudos da linguagem

RAMOS, Jairo Eduardo. O Gênero Discursivo na Esfera Militar do
Exército Brasileiro

SILVEIRA, Amelina. Como a Cultura Brasileira é mostrada em
Materiais Didáticos de Língua Português para Estrangeiros

SILVEIRA, Regina & ALVES, Eva. O Mito do Silêncio e as
Narrativas

AUTÓGRAFOS

QUARTA, 05 DE NOVEMBRO . MEMORIAL DO RS - TÉRREO . 18H

CAMINHOS DA LINGUAGEM: UMA VISÃO TRANSDICIPLINAR


Ligia Sayão Lobato Coppetti
Rosane Lefebvre
Pedro e João Editores
Vendas: Banca da AGEI (Associação Gaúcha dos Escritores Independentes)
Valor: R$27,00 (já com desconto da Feira)
ou encomenda pelo e-mail: ligia.coppetti@gmail.com

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Internet e escola de mãos dadas

Os livros e cadernos, aos poucos, estão sendo substituídos por tablets. O quadro negro, que depois ficou branco, agora é digital. As aulas podem ser assistidas a distância. E a tarefa de casa pode ser feita numa rede social. O que antes parecia coisa de filme futurista tornou-se realidade.
A tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, assim como na educação. Antes de isso tudo tornar-se tão evidente, o filósofo francês Pierre Lévy já defendia a teoria da inteligência coletiva e da cibercultura. Para ele, estamos vivendo o início de uma transformação cultural, em que a forma de construir o conhecimento é colaborativa. Lévy explica que os educadores precisam mergulhar na cultura digital, para compreender o universo dos estudantes. Além disso, ele salienta que os professores devem usar as ferramentas virtuais em benefício da educação, explorando suas singularidades e dando mais espaço para que os estudantes participem mais ativamente do processo de ensino-aprendizagem. Durante o V Congresso Internacional Conexão RCE (Rede Católica de Educação), realizado em Brasília, o filósofo conversou com a revista Gestão Educacional sobre as mudanças que precisam ser aplicadas na educação.
Gestão Educacional: Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado no cenário econômico mundial. Infelizmente, no aspecto educacional, a situação está longe do patamar dos países desenvolvidos. Como educar para o futuro nesse cenário?
Pierre Lévy: Fico impressionado como os brasileiros têm uma ideia negativa do seu próprio país. Primeiramente, o Brasil está se transformando na quinta potência econômica do mundo, com uma taxa de crescimento muito elevada. Sim, tem analfabetismo, mas, apesar disso, há um esforço importante focado na educação. E sempre que eu venho para cá, vejo uma porção de profissionais focados, esforçados para trabalhar com educação, da educação infantil ao ensino médio. São pessoas que têm a consciência de que o futuro está nesse investimento em educação e em conhecimento. Então, não fiquem desesperados. Continuem com esse entusiasmo extraordinário que vocês têm. Claro, há problemas. E nós temos que resolvê-los com as ferramentas de hoje e com a visão do futuro. As pessoas precisam acreditar no hoje. E muitos professores têm essa visão.
Gestão Educacional: Quais são as dificuldades de usar ferramentas digitais em sala de aula?
Pierre Lévy: Não há obstáculos. Todos os estudantes têm uma habilidade extraordinária para usar esse tipo de ferramenta. Agora, os professores têm que conhecer tão bem quanto as crianças. Sobretudo, isso tem que ser utilizado numa ótica de aprendizagem colaborativa. Eu acredito que o professor precisa se capacitar, porque ele só pode ensinar aquilo que ele domina. Eu não acredito na formação do professor apenas para usar as redes sociais. O professor também tem que se esforçar. Utilizar isso para si próprio. É só uma questão de entrar nessa cultura. E de implementar o know-how pedagógico utilizando essas ferramentas.
Gestão Educacional: Podemos dizer, então, que a forma de ensinar mudará nos próximos anos?
Pierre Lévy: Sim, estamos no início de uma grande transformação cultural. Hoje, nós podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo. O banco de dados da internet funciona como uma biblioteca única de todo o mundo. E nós podemos usar essas informações, que podem estar em outros idiomas, porque já há ferramentas que traduzem tudo para nós. Esses três processos eu chamo de ubiquidade, interconexão e manipulação automática de símbolos. Essa é a nova situação que vivemos. Isso está ligado à educação, porque temos que preparar os alunos para essa nova realidade. Mas temos que nos preparar antes de ensinar.
Gestão Educacional: E o que seria a gestão da atenção? E como ela contribui para diminuir a chamada sobrecarga cognitiva?
Pierre Lévy: A gestão da atenção não é algo que começou com as ferramentas digitais. A disciplina mental, aprender a concentrar-se, é algo que sempre foi útil e que deve também ser aplicado com essas ferramentas. Não é possível estar diante de uma tela de computador e, de uma hora para outra, esquecer o que se está fazendo e ir fazer outra coisa, de qualquer jeito. Diante do computador, é necessário controlar a sua mente e se concentrar num objetivo de aprendizagem e de colaboração. A sobrecarga cognitiva é realmente um problema falso porque é o mesmo que dizer que há livros demais em uma biblioteca. Muitos livros não provocam uma sobrecarga cognitiva. Você aprende a utilizar os arquivos da biblioteca, as fichas, a escolher um livro mais adequado com seu objetivo e você lê esse livro. A gente não vai começar a ler a primeira página, depois buscar outro livro. Na plataforma on-line acontece o mesmo. É a responsabilidade pessoal que faz a diferença.
Gestão Educacional: Mas muitos professores reclamam que os alunos ficam dispersos diante do computador ou do celular.
Pierre Lévy: Bom, eu também tenho alunos e quando eu dou aula, eles ficam olhando para o celular também. Eu sou super severo. Eu proíbo que eles olhem o celular durante a aula. Mas, em certo momento da aula, eu digo: “pronto, agora vocês podem olhar o celular”. E todos eles olham. Eu também passo um exercício. Eles podem “tuitar” alguma coisa ou eles têm que buscar alguma coisa no Google, no Wikipédia. Depois eu digo que acabou e é hora de desligar o computador e desligar o telefone. A gente precisa aprender quando ligar e desligar o aparelho, utilizando-o conscientemente. É um domínio de si próprio, uma disciplina. E essa disciplina já tem que ser ensinada desde a escola primária.
Gestão Educacional: Algumas escolas já usam o tablet como material obrigatório, substituindo livros e cadernos. Até que ponto é indispensável que cada aluno tenha o seu computador em sala de aula?
Pierre Lévy: É muito difícil manter as antigas ferramentas de leitura e de escrita durante muito tempo. Então, daqui a alguns anos, eu prevejo que o material escolar de hoje será substituído por tablet. Mas não o tablet de hoje, mas o tablet de amanhã, no qual nós teremos todos os manuais didáticos, as ferramentas de escrita, de pesquisa. Um tablet como ferramenta de trabalho. Um tablet que permita fazer anotações nas margens de livros. Coisas assim que ainda são um pouco difíceis hoje em dia. Vai ser algo mais leve e, possivelmente, até custe mais barato. Agora, uma sala de aula é difícil imaginar. A gente nem sabe como vai ficar essa noção de sala de aula completamente. Porque são questões muito complexas. Isso é um processo em curso.
Gestão Educacional: Em vários estados brasileiros, os professores estão recebendo computadores ou tablets. O que o senhor acha disso?
Pierre Lévy: Isso é muito bom. A gente não pode ensinar aquilo que a gente não sabe. Não dá pra ensinar se a gente não domina.
Gestão Educacional: As novas tecnologias podem prejudicar?
Pierre Lévy: Não. As novas mídias não têm impacto negativo. O impacto negativo acontece quando as pessoas estão expostas a coisas negativas. O problema não é a internet. É a falta de disciplina mental. Seria o mesmo que dizer que as estradas são malvadas porque matam gente. Não, na verdade são as pessoas que dirigem mal.
Gestão Educacional: Mas alguns alunos hoje já têm dificuldade de escrever, porque lidam mais com a digitação.
Pierre Lévy: Aprender a escrever é importante, claro. O que ocorre é o mesmo [que acontecia] quando as pessoas começaram a ter calculadoras. Antes, todos faziam o cálculo mental. Hoje, ficam sem saber se não tiverem a calculadora do lado. No futuro, a maioria das pessoas vai escrever e ler com essa nova ferramenta.
Gestão Educacional: Como o senhor usa as redes sociais com os seus alunos?
Pierre Lévy: Por exemplo, todos os meus alunos têm Facebook. Mas geralmente eles não conhecem a funcionalidade grupo. O que fazemos é o seguinte: formamos um grupo e, a cada semana, cada um tem que postar alguma coisa. Um vídeo, um link relacionado ao tema da aula. Os outros têm que ler o que o colega enviou e comentar, discutir junto. Então, eles alimentam o grupo e eles aprendem a discutir. Se um postar alguma coisa que o outro já postou, ele fica com uma nota ruim porque significa que ele não prestou atenção nos outros. Também não pode fazer uma pergunta que já foi respondida. Eu tento ensinar a economia na comunicação para que não percam tempo. São coisas assim, que se tornam úteis.
Gestão Educacional: Isso seria a inteligência coletiva?
Pierre Lévy: Sim. A própria internet é uma memória de produção coletiva. De certa forma, isso sempre existiu, porque o que conhecemos hoje é uma herança do que já foi feito. A escola do futuro será a escola social, onde a aprendizagem será colaborativa. Não é que a escola de hoje deixará de existir. É uma camada que complementa a outra. Logo, temos que educar visando esse novo comportamento, através de uma pedagogia de aprendizagem coletiva permanente.
Gestão Educacional: E como os professores podem orientar os alunos?
Pierre Lévy: Primeiro, devem ensinar sobre responsabilidade social para a memória coletiva. Tudo o que você posta na internet contribui para a memória coletiva. Segundo, é preciso ter um espírito crítico. Os alunos devem saber separar as fontes boas e as fontes ruins, porque um mesmo evento pode ser contado de diversas formas. Depois vem a gestão da atenção, como já citei. Outra coisa importante é a necessidade de produzir para assimilar. É a transformação da informação em conhecimento.
Gestão Educacional: Como serão os alunos do futuro?
Pierre Lévy: Serão pessoas criativas, abertas, colaborativas e, ao mesmo tempo, terão a capacidade de se concentrar, porque terão uma mente disciplinada. É necessário ter um equilíbrio entre dois aspectos: o primeiro é a imensidão de informações, contatos, colaborações. O outro é o aspecto de planejamento, realização de projetos, disciplina mental.

Fonte: http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/reportagens/entrevistas/115-internet-e-escola-de-maos-dadas

O potencial educativo dos celulares na educação

Os profissionais mais tradicionais ainda consideram os celulares “inimigos” da sala de aula, no entanto, muitos educadores e organizações tem percebido seu potencial. Em 2013 a Unesco publicou um guia com 10 recomendações para os governos desenvolverem políticas públicas que utilizem os celulares como recursos na sala de aula.

Esse guia foi apresentado na Mobile Learning Week, realizada em Paris, e teve como principal justificativa o fato de muitas instituições não saberem como utilizar essas novas tecnologias, apesar de a considerarem importantes. Foi no evento que os coordenadores da Unesco Brasil constataram que no país os professores possuem grande resistência ao uso dos aparelhos, pois eles próprios ainda não estão familiarizados com eles. Assim, definiram que o primeiro passo seria disseminar sua utilização na educação: tanto nos cursos presenciais, quanto nos realizados à distância, o que pode ser relativamente fácil, já que de acordo com estudo publicado pela GlobalWebIndexdois em cada cinco jovens brasileiros com idades entre 16 e 24 anos já passam mais de 2 horas ao dia navegando na internet nesses aparelhos.

As vantagens que os celulares podem ter no ensino já vem sendo estudadas há um tempo. A mestre em Educação Adriane Higuchi pesquisou o tema em sua dissertação de mestrado, realizada pelo Mackenzie, acompanhando uma turma de 15 alunos de uma escola pública de Mogi das Cruzes (SP), com o objetivo de identificar como o uso do aparelho de celular pode motivar e auxiliar no aprendizado. Uma das cenas que registrou foi o envolvimento e colaboração dos alunos na sala de aula: a professora da classe não possuía habilidade no manuseio de computadores e outros eletrônicos, no entanto, para exemplificar a matéria sobre os conflitos religiosos na Irlanda do Norte teve a ideia de apresentar aos alunos uma música da banda irlandesa U2. Como não possuía a gravação da música, levou à classe somente a letra impressa. Os alunos se interessaram de imediato e foram incentivados pela professora a procurar a canção em seus celulares. A iniciativa teve ótimos resultados. A professora percebeu o envolvimento e engajamento dos estudantes, inclusive dos com maiores problemas de disciplina, e também se surpreendeu quando os celulares foram espontaneamente desligados, para que a aula prosseguisse sem distrações.

Para Rafael Sanchez, Diretor dos Polos de Apoio do Centro Universitário UNINTER nas cidades de Bauru, Lençóis Paulista e Pederneiras, situações como esta tendem a se tornar cada vez mais comum, já que os celulares apresentam muitas possibilidades, como a “ampliação dos suportes de pesquisa e velocidade”. O diretor ressalta que antigos hábitos, como ir a bibliotecas e procurar por assuntos, página por página, nos livros, estão sendo modificados: “hoje só é necessário um clique e pronto, a grande maioria das informações estão disponíveis”, conta.  De acordo com Adriane essa característica é reforçada pelo fato da nova geração de alunos, criada no ambiente digital, impor uma nova cultura, que altera o modo como a sociedade e os indivíduos interagem.

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“O maior desafio está relacionado à necessidade do professor se libertar dos processos tradicionais de ensino-aprendizagem”, conta o Diretor Rafael Sanches
Característica também percebida pela professora de informática Tania Knittel, que leciona em uma escola particular de São Paulo. “Não há como fugir, em todas as matérias é possível utilizar esses aparelhos dentro da programação da aula, o que faz com que os laboratórios se tornem obsoletos”. Ela acredita que devido ao contexto digital atual, no futuro, o laboratório de informática desaparecerá.

Tania também realiza um mestrado sobre a utilização de dispositivos móveis dentro da sala de aula e destaca que na pesquisa realizada com os alunos o que mais surpreendeu foi o fato de eles próprios terem consciência dos pontos negativos e positivos dos aparelhos. Acompanhou turmas do 9º ano ao 3º colegial, elencando certas competências que deveriam ser desenvolvidas pelo uso dos celulares na sala de aula. As atividades envolviam linguagem de códigos em português, espanhol e inglês, como a criação de um áudio em inglês para um vídeo sem som, assistido pelo celular, e a montagem de uma história em quadrinhos em espanhol.

Durante as atividades os próprios alunos sugeriam aplicativos e metodologias para usar os aparelhos na aula. A ideia era incluir o aluno: “perguntamos para os alunos como gostariam de usar os celulares. Foram citados vários pontos, desde agenda para anotar atividade, até elaboração de texto, vídeo, entre outros”.

Entretanto, durante o período em que acompanhou os alunos percebeu que muitos classificavam o uso do celular como distrativo, pois recebiam muitas mensagens e tinham acesso as redes sociais, o que fazia com que durante as aulas, após o uso do dispositivo nas atividades, os alunos o colocassem no modo avião.

Tania
“Os alunos perceberam que os celulares podiam ser utilizados para outras atividades, inclusive educacionais”, afirma Tania Knittel
Mesmo com aspectos negativos, como o destacado pelos alunos na pesquisa realizada por Tania, a acessibilidade dos celulares é um dos principais atrativos do dispositivo quando pensa-se em educação. Rafael pontua que os inúmeros recursos que possui, como áudio, vídeo e outros aplicativos, o tornam um facilitador. Além disso, “a mobilidade é um grande diferencial, o que tem colaborado para que sua presença na sala de aula seja cada vez mais frequente, tanto no EAD como no ensino presencial”.

Entretanto, de acordo com  a Mestre em educação Adriane, para que seu uso seja efetivo é preciso inserir a tecnologia dentro de um contexto, com objetivos e metodologias específicas. Para o diretor Rafael esse é um dos principais desafios: “como o usuário tem acesso a tudo, é muito fácil se desconcentrar e entrar em sites de variedades ou redes sociais. Isso pode tirar o foco da atividade proposta e diminuir os resultados esperados”. Dessa maneira, a recomendação é que os professores sejam treinados, de preferência, usando tecnologias móveis. Somente com esse treinamento é possível criar estratégias pedagógicas que unem tecnologia à educação: “uma das estratégias é alternar o uso dos dispositivos com interações ‘off-line’, tanto na EaD, quanto na presencial. Assim, aproveita-se o que o celular tem de melhor, que é a facilidade de acesso e pesquisa, evitando-se a perda do foco”.

Regras

Apesar da Unesco também aconselhar a criação de políticas de uso ligadas ao aprendizado móvel, para Rafael não é preciso criar regras. Ele acredita que isso só se aplica em atividades específicas.  “Por esse motivo é muito importante o planejamento antecipado da aula e do momento que os dispositivos poderão ser utilizados”, diz.

Tania destaca que se a atividade for interessante “o próprio aluno se posiciona, não é preciso ter normas. Você não vai se distrair com outros recursos”, diz. Ela também complementa que desde que seja combinado com o aluno o uso do dispositivo, não há problemas, “o aluno segue a orientação combinada com o professor”.

O grande número de recursos e aplicativos nos celulares também podem se tornar uma ótima ferramenta para o professor: Tania acredita que esses canais possibilitam a discussão e debate sobre os conteúdos. Além disso, “muitos alunos tem utilizado os aplicativos para criar grupos de estudos, onde trocam áudio, arquivos e informações”.

O que ainda constitui um ponto limitador é o acesso à internet. “No Brasil a internet ainda não é 100%, eu tenho 4G, mas na maioria das vezes a conexão não funciona”, exemplifica a professora. Rafael também destaca a carência de algumas regiões do país. “Mesmo dentro do estado de São Paulo, não existem opções para a população contratar uma internet de banda larga, o que interfere na visualização de vídeos com grande potencial educativo”, diz.

Veja abaixo outras recomendações da Unesco para a utilização de dispositivos móveis dentro da escola:

mobile

Fonte: http://cloud-ead.programmers.com.br/blog/o-potencial-educativo-dos-celulares-na-educacao/

O USO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO: RECURSOS DIGITAIS INTERATIVOS EM REPOSITÓRIOS GRATUITOS

Por Flávia Maria Gomes

Resumo

Os objetos de aprendizagem (OAs) são recursos digitais que podem ser utilizados no processo de ensino e aprendizagem, na educação formal e informal. Serão analisadas algumas discussões no que remete a aprendizagem através do uso de OAs, de acordo com a aprendizagem significativa estudada por Ausubel. Deseja-se então, divulgar alguns destes ambientes para motivar ao uso e disseminar os endereços eletrônicos onde eles podem ser encontrados, já que existem variados repositórios gratuitos na internet onde estes recursos interativos podem ser acessados por qualquer pessoa. Entende-se que é necessário maior divulgação destes repositórios e utilização deles no contexto de sala de aula, uma vez que os recursos tecnológicos estão cada dia fazendo parte do dia a dia de muitos indivíduos, principalmente dos estudantes de qualquer faixa etária.
Texto completo: PDF

Fonte: http://www.sied-enped2014.ead.ufscar.br/ojs/index.php/2014/article/view/605

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

“Tecnologia existe para melhorar as relações entre professores e alunos”, diz fundador da Khan Academy



Rede Universia entrevista fundador da plataforma Khan Academy, Salman Khan. Leia a entrevista

Fonte: Divulgação
Fonte: Divulgação
Salman Khan: o e-learning pode mudar sim o papel dos professores na educação
Falamos, por e-mail, com o fundador da plataforma, Salman Khan da Khan Academy . Físico formado pelo MIT, Khan dava aulas despretensiosas de matemática e as postava no YouTube para ajudar seus primos. Com vídeos curtos e simples, suas explicações ficaram tão populares na internet que ganharam o mundo nascendo, assim, a Khan Academy. A plataforma tem tradução para o português graças a uma parceria da Fundação Lemann. Nela, o estudante só avança quando o aprendizado estiver consolidado.

A seguir, leia a entrevista da rede Universia com Salman Khan:

Universia Espanha - O e-learning muda o papel dos professores na educação? 

Bons professores sempre foram os únicos capazes de mudar a mentalidade dos seus alunos. Mais do que excelentes professores sobre um determinado tema, eles são os únicos que conseguem promover um amor pelo aprendizado em geral, que dura por toda a vida de um estudante. Acreditamos que ferramentas como Khan Academy permitem que os professores dediquem ainda mais energia nessa tarefa tão importante gastando menos tempo ensinando e elaborando testes de avaliação, mas sim se relacionando com os seus alunos e os ajudando a liderar projetos. Então, a resposta é sim: o papel do professor pode mudar com o e-learning, mas de uma forma que está mais relacionada com o que os grandes mestres sempre fizeram.

Universia Colômbia - Como a capacidade de um estudante pode ser medida no e-learning? 

Há várias maneiras interessantes de medir o progresso desse estudante. No Khan Academy, por exemplo, qualquer aluno pode acompanhar seu próprio progresso através do nosso painel de aprendizagem. Lá, eles ficam sabendo tudo o que conquistaram (medalhas e pontuações) - o que é muito motivador. Para os professores e tutores, há também um painel com a mesma proposta. Um professor pode ver quais dos seus alunos podem estar com mais dificuldade em uma determinada lição e intervir para ajudá-lo.

Universia Brasil - Poderia, por favor, nos dizer quem você sempre admirou e por quê? 

economista Muhammad Yunus é um dos meus heróis. Como fundador do banco Grameen Bank, ele passou a oferecer microcrédito para milhões de famílias pobres de Bangladesh. O que é realmente inspirador sobre o seu trabalho é que ele viu uma maneira diferente de ajudar as pessoas. Ele observou mulheres em Bangladesh não faziam nada porque não podiam comprar os seus próprios equipamentos (que custavam poucos dólares). Ele, então, fez um empréstimo para algumas pessoas dando oportunidades, e viu que esse ato simples foi capaz de mudar a vida de uma pessoa necessitada.

Universia Porto Rico - Como o e-learning complementa o ensino tradicional de forma eficaz? 

Uma das ideias para isso eu escrevi em meu livro The One World Schoolhouse. A tecnologia deve ser vista como ferramenta para melhorar e fortalecer as relações entre professores e alunos. O e-learning desafoga o professor permitindo que ele tenha mais tempo para conversar com seus alunos e explorar novas ideias em sala de aula.

Universia Brasil - Você mencionou que a missão do Khan Academy é proporcionar uma educação gratuita, de qualidade, para qualquer pessoa e em qualquer lugar. Esse é um grande objetivo. Está dando certo? 

Estamos no início de um dos pontos de inflexão mais importantes da história: a Revolução da Informação. Acredito que em mil anos, os historiadores olharão para trás e considerarão esse momento tão importante como foi a Revolução Industrial, o advento da imprensa ou até mesmo a agricultura. Acredito que o principal benefício da Revolução da Informação é também a sua principal desvantagem: aumenta a produtividade e riqueza, com o risco de marginalizar aqueles com menos recursos ou educação. Sempre sonhei que, talvez, o Khan Academy poderia ser uma instituição global que aproveita a Revolução da Informação para resolver esse problema. Se pudermos ajudar para que um número muito maior de pessoas entre na sala de aula qualificada, haverá equidade e estabilidade na sociedade. Desta forma, a Revolução da Informação avança e acelera. Em minha mente, a nossa missão deve ter essa ambição.

Fonte: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/08/05/1109158/tecnologia-existe-melhorar-relaces-professores-alunos-diz-fundador-khan-academy.html 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

7 erros fatais que um profissional não pode cometer no LinkedIn

A rede social é a mais usada por profissionais, tanto para procurar emprego como para achar profissionais. Mas você sabe usar corretamente essa ferramenta?

Mas, para a especialista em social media, Alexandra Gibson, a maioria dos usuários comete erros frequentes na rede, e muitas vezes, não sabe ao certo utilizar a ferramenta da melhor forma.
Para acabar com esses os deslizes ou se previnir deles, Gibson levantou os sete erros principais para o site Inc. Confira:
1. Só usar quando precisa: muitos profissionais só usam o LinkedIn quando estão procurando um emprego ou estágio e isso é um grande erro. A verdade é que só irão aparecer boas oportunidades se manter o perfil e as conexões atualizadas, pois o seu networking estará mais fortalecido.
2. Perfil incompleto: um perfil desatualizado ou sem informações importantes podem deixar sua página sem os atrativos necessários para chamar a atenção de uma empresa ou de um “olheiro”. Adicione todas as empresas importantes em que já trabalhou e uma descrição detalhada de suas funções e resultados. Não esqueça de otimizar seu perfil para a pesquisa, como a criação de uma palavra-chave, que irá ajudar as pessoas a te encontrarem na rede.
3. Não pertencer a nenhum grupo: pode ser qualquer grupo, como de ex-alunos de algum curso, de notícias, das empresas que já trabalhou e da atual, e até mesmo de emprego e oportunidades. Os grupos são ótimos para conhecer outros perfis e propagar informações.
4. Não compartilhar nada: estar no LinkedIn e não compartilhar seus feitos ou de outras pessoas ou empresas é um erro. Se tem um blog ou alguma realização pessoal, compartilhe. Muitos usuários verão esse conteúdo e isso ajudará a traçar seu perfil profissional, ultrapassando as informações básicas.
5. Não investir em suas conexões: mais uma vez: não espere sentir a necessidade de algo para recorrer ao seu networking. Profissionais precisam investir na sua rede de amigos e conhecidos para se um dia precisar deles, não aparecer oportunismo de sua parte.
6. Não utilizar respostas do LinkedIn: a seção Respostas é outro lugar importante para mostrar suas aptidões e valorizar seu perfil profissional. Se as pessoas fizerem perguntas e se você souber sobre o assunto, responda. Adicionar links para o conteúdo também faz um backup de sua resposta. Um aspecto positivo do LinkedIn Respostas é a permanência que sua resposta fica no ar, diferente de outras redes sociais.
7. Não ter conexões com sua equipe ou chefes: como a rede social é voltada para o profissional, tenha em suas conexões pessoas ligadas ao seu cotidiano profissional. Deve enfatizar também as conexões com pessoas da área em que atua ou com CEOs e empregados de empresas que, um dia, pretende trabalhar.
Se investir em um marketing pessoal, assim que surgir uma oportunidade na empresa (tanto de promoção da empresa atual quanto um emprego em outra empresa), eles certamente poderão recorrer ao seu perfil.
Fonte: http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/7-erros-fatais-que-um-profissional-nao-pode-cometer-no-linkedin/57849/

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Netiqueta: Fique atento em como usa o LinkedIn

Por: Eliana Rezende



O LinkedIn surgiu como uma alternativa em rede para que profissionais possam se expor ao mercado. Mas, como toda rede possui sua própria lógica de funcionamento.   
Não sou adepta de listas. Mas a numeração aqui tem um efeito didático: para pontuar mesmo! Escrito por: Eliana Rezende, São Paulo - 2012
Para os que começam, a lista fica como sugestão de uso. Para os veteranos como um lembrete: Escrito por: Eliana Rezende, São Paulo - 2012  
  1. Não aceite convites feitos por pessoas que você não conhece, pessoal ou profissionalmente. 
  2. Não envie convites para desconhecidos. Apresente-se antes.
  3. Não insira seu Email embaixo de seu nome ou perfil (quem já fez isso sabe o porquê da sugestão) 
  4. Ao enviar um convite pense se de fato é pertinente a quem se dirige (não crie desconfortos desnecessários à outra pessoa).  Não embarace ou constranja quem você nem conhece.
  5. Perca um pouco de seu tempo e, ao fazer um convite de conexão, relembre aos contatos mais novos de onde os conhecem e porque gostaria de estabelecer um contato. 
  6. Pense no LinkedIn a partir da perspectiva da outra pessoa (qual a intenção…). Isso se chama empatia. Aprenda a usá-la nos meios profissionais tanto quanto na vida pessoal.
  7. Procure ser natural: você está numa comunidade e deve se sentir à vontade, porém sempre o faça de forma cortês e polida. Não seja inconveniente, pedante, invasivo ou em alguns casos sem educação. Mantenha a distância correta para não repelir ou chatear quem quer que seja. Escrito por: Eliana Rezende, São Paulo - 2012  
  8. Fuja da tentação de usar mensagens prontas: redija cada uma de acordo com o perfil a quem se dirige. Todos gostam de sentir que alguém lhe destinou tempo e atenção. Em geral, a retribuição da gentileza será a regra:creia-me! 
  9. Ao participar de Grupos seja assertivo, fale efetivamente do tema proposto. Evite dar voltas e sempre releia o que escreveu para ver se está claro e compreensível aos demais. A participação em Debates deve ser sempre para acrescentar, somar. Nunca encare esse espaço como um campo de lutas e batalhas. Escrito por: Eliana Rezende, São Paulo - 2012
  10. Mesmo não sabendo sobre o tema, pergunte, questione: debate também é um espaço para tirar dúvidas e aprender. Lembre-se: você nunca está só! Sempre há outros que como você também está aprendendo.
  11. Sempre leia as regras do Grupo a que pertence e as siga. 
  12. Nunca, nem sob tortura, poste temas que sejam irrelevantes, propagandas e vendas que não interesse a ninguém a não ser a você mesmo. 
  13. Não escreva ou faça na rede nada que não faria igualmente no mundo social. 
  14. Por favor, obrigado(a) são palavras fundamentais. 
  15. Responda sempre todas as suas mensagens, ainda que de forma rápida. 
  16. Cuide da foto que está no seu perfil: você não está em outra rede. Não convém ter fotos de momentos de lazer ou compartilhadas com outras pessoas/relacionamentos ou filhos. A boa impressão e imagem postada andam juntas nesse caso. Seu companheiro, amigos, parentes ou filhos não são você como profissional: atente para isso! Por mais que os ame, essa rede profissional não é o local para demonstrar isso.   
  17. Você não está no Facebook! Portanto, aquela fórmula entediante de uma foto e uma frase não cabe por aqui. Incluem-se também àquelas frases de auto-ajuda, motivacionais, e a nova febre que tem aparecido que são os desafios numéricos, de palavras e afins. Guarde isso tudo para outras redes! Encontre formas mais criativas de se comunicar, por favor!
Escrito por: Eliana Rezende, São Paulo - 2012
É lógico que esta lista pode crescer. E cresceu! Confira este outro post sobre como aproveitar a experiência dos Grupos no LinkedIn, clicando aqui:

Fonte: http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/03/netiqueta-fique-atento-em-como-usa-o.html

Facebook: robotização e sedentarismo em rede

Por: Eliana Rezende

Transcorridos os anos, o Facebook começa a conhecer o imobilismo criativo.
Festejado em seus primórdios pelas possibilidades e potencialidades de conexão e compartilhamento social, usos dos mais variados, hoje sua plataforma parece ter encontrado em uma década sua senilidade e imobilismo.




E explico:
A experiência da rede tem se mostrado acomodada, acrítica, extremamente passiva e muitas vezes simplória. Seus usuários muito rapidamente acostumaram-se a fórmulas que consagram e incentivam a economia de pensamento crítico. Tudo reduz-se ao “curtir”, onde a mecanização do gesto guarda em si a ignorância. Em muitos casos, se não na maioria das vezes, o botão é acionado sem que a pessoa tome de fato conhecimento do que se trata.

A preferência imagética é quase total e a fórmula aqui é uma foto e uma frase. A simplicidade rudimentar agrada, já que exige pouco, tanto de quem comunica quanto de quem é comunicado.  

Tanto imobilismo não entreterá por muito tempo a geração Touchscreen    

Afinal, nascerá em outro tempo e como vem sendo dito por vários especialistas: o Facebook vem se transformando em uma rede que concentra a chamada terceira idade virtual.



Uma das coisas mais interessantes que temos que estar atentos é o padrão de repetição e passividade que uma plataforma, dita de interação e compartilhamento acaba oferecendo. Hoje é muito mais usual a passividade ante ao exposto, quer na forma escrita quer na forma visual, do que posicionamentos críticos e assertivos.

É estarrecedor pensar que cada vez mais as pessoas escolham apenas uma opção: "curtir" para expressar 'tudo' o que pensam sobre um tema. E o pior, mesmo que elas queiram se colocar, pouco estão interessadas em saber aprofundadamente sobre. 

A previsibilidade e constância de conteúdos e ausência de inovações são também igualmente avassaladoras. O grande meio de compartilhamento não está criando, na mesma proporção, ideias criativas e inovadoras. Os grupos e as comunidades organizam-se de forma quase provinciana, no sentido de manutenção de pequenos nichos e interesses. Restringem-se ao miúdo e cotidiano de uma comunidade restrita e local.

O que de fato temos, ao invés de um grande potencial de variáveis, é a repetição de padrões e fórmulas. Em geral as pessoas cercam-se do que lhes é familiar e conhecido. E o mesmo se estende pelas formas de externar pensamentos e atitudes.

A cópia de ideias e até de conteúdos são constantes em blogs e em outros meios. É sempre muito raro encontrarmos conteúdos inéditos e de qualidade, fruto de uma reflexão pessoal de seu postulante. Fato que nos dá uma sensação e necessidade de perguntar: para onde é que vamos? Todo excesso é prenúncio de falta?

Espero que estejam dispostos a conversar mais sobre o tema. Que tal exercitarmos isso?

De fato penso muito em relação a esse excesso de informações rasas no qual estamos vivendo e se, de outro lado, não estaríamos às vésperas de uma grande falta. Isto é cíclico e está no desenvolvimento da história. Gerações que rompem estruturas, são fruto de uma geração em que quase nada ocorreu e vice-versa. Isso vale para movimentos na arte, literatura... e até no futebol!

O tema nos faz remeter ao que significou o desenvolvimento da internet, as novas formas de comunicação e proposição de relações. Foi de fato um período de romper barreiras, estruturas e formas de estar e pensar. Hoje, vejo o atual momento como de uma saturação sem fim: as pessoas, especialmente em redes como o Facebook, possuem um comportamento passivo e consumista. 



Passivo em se contentar com simplesmente "curtir" ou "compartilhar" sem verticalizar nada. Fica-se numa superfície horizontal onde "toda" a mensagem se resume a uma foto ou uma frase (pior é quando eles vêm sem autoria correta e em muitos casos uma reprodução infinita de Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu).
Consumista no sentido de seguir não sei quem e nem por que...

Espalha-se um rastro de seus gostos e desgostos a troco de ter seus dados "embalados" e oferecidos às agências de publicidade que não param de poluir sua página feita em azul para que você, de novo, curta isto ou aquilo. Preocupo-me com esta robotização de comportamentos e na incapacidade de ações críticas de acordo com seus posicionamentos frente ao dado ou estabelecido.

Se todo o potencial que a internet oferecia não for reinventado e as pessoas não voltarem a buscar formas inovadoras, teremos mais uma plataforma que cairá vítima de seu próprio veneno: o consumo pelo imediatamente novo. Não será para o melhor... simplesmente para o mais novo lançamento, sofrerá o descarte e substituição tal como um velho aparelho de TV de tubo.

Sim, o objetivo é irmos além de propriamente gostar de uma matéria interessante, mas é também verificarmos o quanto ela tem que ver com nossas opções, escolhas e repertório. Quanto de fato acrescenta àquilo que pensamos e acreditamos? 
A passividade não é desejada em espaço algum, mas em espaços ditos de compartilhamento e troca, fica ainda mais estranho.

O Facebook em verdade dita um padrão, acolhido por uma maioria que é de curtir/compartilhar, como ferramentas de facilidade. É mais fácil clicar num botão de gostei ou postar uma foto e uma frase do que de fato articular um raciocínio e falar sobre algo de forma a acrescentar ou se colocar.

A robotização aparece como um instrumento de massa para obter cifras e dados e não como forma de gerar crescimento intelectual ou de conteúdo.  



É óbvio que não estou aqui para questionar números. Contra tais não há argumentação. E talvez tenham sido alcançados exatamente por essa homogenização. Todos são tomados como meros algoritmos e que são computados a partir da robotização do “gostei”. A situação é tão interessante que em tempos passados até campanha para ter o botão não gostei, houve. Mas claro que isso confundiria o sentido de construção da base do Facebook e nunca foi adotado. E aí nos defrontamos com a situação absurda que é, por exemplo, a notícia da morte de alguém ou de uma catástrofe e que as pessoas sem pensar clicam “gostei”. Isso para mim mostra o ápice do que seja robotização sem critério ou crítica.
As pessoas simplesmente não param para pensar sobre isto.   

Buscar um olhar crítico envolve debruçar-se sobre. E em geral as pessoas julgam não ter "tempo" para isso. A cultura da imediaticidade e consumo leva as pessoas para longe de estar em contato consigo próprias. Basta andarmos pela rua e vermos cada um com seucelular, seu jogo, sua música nos ouvidos. As pessoas não buscam mais relacionar-se com outros, mas sim com seus gadgets. Já disse antes que a internet tem conseguido o paradoxo de aproximar quem está a centenas de milhas ou quilômetros e em geral separa os que dividem a mesma casa!

Esta robotização com ensimesmamento foi reforçada com as redes. E aqui há discussão para um post inteiro e que guardo para outra ocasião. 

Mas adianto que em cada período a humanidade está propensa a que determinados comportamentos se desenvolvam e se disseminem. Esta "robotização" é mundial e muito mais relacionada ao processo de midiatização e tecnologia em que estamos.

Há um narcisismo generalizado e uma busca por exposição que "leio" muito mais como uma insegurança e temor de estar consigo próprio do que a necessidade de relação com o outro.
Os silêncios da alma são fantasmas para alguns e a busca da "multidão" tem um pouco esse sentido de fuga.
A robotização combinada com a alienação parecem ser uma marca dos nossos tempos.

Para além disso tudo, acho que o padrão de repetição em formatos idênticos para todas as redes é o que mais me incomoda. De repente, Google+ e até LinkedIn repetem o mesmo padrão como forma de garantir que seus usuários continuem a usar suas respectivas plataformas.


Vejam, sou usuária e gosto muito de tecnologias, mas gosto de pessoas, silêncios e leituras, gosto da reflexão que ações e comportamentos têm, ou de uma boa ideia exposta num texto, ou até numa frase. Não precisamos nos isolar e nem viver no meio de tudo. Há o caminho do meio sempre!
Estar nele significa conseguir olhar de um lado e de outro e encontrar o caminho perfeito que há quando se tem equilíbrio e bom senso. 

O que discuto aqui é esta alienação consentida, onde o nivelamento horizontal alcança tais redes numa velocidade muito grande e onde verticalidade, profundidade e criatividade estão deixando muito a desejar.

Um dos precursores da realidade virtual e crítico da web 2.0, Jaron Lanier defende um caminho diferente para se utilizar a rede. Ele é defensor de uma internet aberta, mas não completamente gratuita. A questão levantada por Lanier é estrutural. O problema é que a rede, gradualmente, direciona e agrupa os usuários em blocos. As informações ‘sugeridas para o seu perfil’ escondem uma variedade enorme de outras possibilidades e, ao categorizar por ‘gostos’, tornam o usuário um produto bem definido para publicitários, por exemplo. Ou seja, no modelo atual, quem lucra mais são os sites de busca e as redes sociais, e quem sai perdendo são os criadores, que dependem dos direitos autorais para viver.

Segundo Lanier, a estrutura atual permite que exista uma ‘agência de espionagem privada’ que desvirtua o propósito inicial de permitir que cada usuário pudesse trocar seus bits com outros, como em um grande mercado, e tudo seria acessível a uma taxa razoável. Esse fluxo permitiria que a criação individual fosse devidamente remunerada e estimularia o trabalho intelectual. Nesse sentido, ele afirma que "precisamos de um design mais antropocêntrico ao invés de um focado em algoritmos". Jaron Lanier quer não apenas a liberdade de trocar informação mas a liberdade de pensar e de ser criativo em um modelo que, atualmente, anestesia, cada vez mais, os usuários.

Apesar de tudo, vejo que em verdade o Facebook acaba sendo um grande espelho de comportamento social e cultural. E eventualmente a plataforma serve apenas para refletir o que a nossa sociedade é em sua maioria: superficial, frívola, autocentrada e egocentrada.

Como historiadora, fico sempre imaginando o que pesquisadores daqui há alguns séculos dirão ou apreenderão quando olharem perfis de redes... que sociedade verão no espelho?




Fonte: http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/07/facebook-robotizacao-e-sedentarismo-em.html