segunda-feira, 22 de julho de 2013

Computador mais barato do mundo poderá ter fábrica no Brasil


Computador mais barato do mundo pode ter fábrica no Brasil    
   O Raspberry não trabalha com governos, mas com as comunidades e escolas, criando uma rede de entusiastas - mais de 1 milhão até agora - que acreditam no produto.


O Raspberry Pi, o computador mais barato do mundo, poderá ser fabricado no Brasil para baratear o preço do produto no país.
O RasberryPi é vendido por US$ 35 (R$ 78) no Reino Unido, mas chega ao Brasil custando US$ 85, cerca de R$ 189.
"As taxas de importação do Brasil são quase proibitivas", disse Eben Upton, diretor-executivo do Raspberry Pi Foundation. "Por isso, se conseguirmos produzir o Pi por lá, tornaremos o produto muito mais acessível e poderemos também facilitar a distribuição para toda a América Latina."
Upton diz considerar a região como um mercado prioritário para a distribuição do computador.
Sem fornecer números precisos, Upton disse que atualmente vende "algumas milhares" de unidades do computador no Brasil, o que ele considera pouco diante do tamanho da população, renda média e "entusiasmo dos brasileiros por tecnologia."
Ele afirma que ainda está no estágio de reconhecimento do mercado e que ainda não negociou com possíveis parceiros a fabricação do Pi no Brasil.
Raspberry PI
O Raspberry PI é um computador de uma placa só, do tamanho de um cartão de crédito, que não possui teclado, mouse, ou monitor.
O Pi, como é carinhosamente conhecido, tem um sistema operacional baseado em Linux, que pode ser trocado por outro software de código aberto.
Segundo Upton, a ideia principal por trás do Raspberry Pi é fomentar a educação.
"Não estamos produzindo engenheiros de computação suficiente no Reino Unido, ou no planeta. Por isso pensamos que poderíamos criar um novo dispositivo para produzir uma nova geração de entusiastas de programação," disse Upton.
Upton diz que o software da placa é atualizado em média a cada dois meses e que não haverá uma nova versão do computador nos próximos dois anos. "Não queremos que as pessoas invistam dinheiro e esforços em um produto que irá expirar em breve. Ainda há espaço suficiente para crescer com o modelo atual, e desafios para serem superados."
Ao nomear sua criação como Raspberry Pi (ou "Framboesa Pi" em português), os fundadores buscaram continuar a tradição de empresas de informática que usam frutas como um nome, como Apple (Maçã) e BlackBerry (Amora).
"Raspberry (framboesa) parecia uma fruta divertida, e projetava a imagem que queríamos. E Pi (além de sua referência ao número) foi uma homenagem à linguagem de programação Python, uma das mais educativas que existe," explicou Upton.
"Espero que em cinco anos ela se torne uma plataforma verdadeiramente útil para que as pessoas façam o que quiser com ela. E espero que o Raspberry Pi esteja presente em muitas casas em países em desenvolvimento," completou.
Caridade tecnológica
Mas apesar de seu tamanho, é um sucesso de vendas para a organização sem fins lucrativos que o criou.
"Até pouco antes do lançamento, nossa ambição era vender mil unidades," disse Upton. "Mas logo antes de lançar, suspeitamos que não seria suficiente, e que teríamos uma demanda maior do que esperávamos."
O maior problema da organização era que eles não estavam preparados para atender uma grande demanda, nem teriam a capacidade de fabricar milhões de unidades em pouco tempo.
"Nós somos uma organização de caridade, não temos muito dinheiro. Não podemos pegar investimento privado, nem vender ações na bolsa de valores", diz Upton. "Por isso mudamos o modelo operacional e nos tornamos uma empresa que licencia o uso da criação."
Assim, com parceiros a bordo, o projeto foi capaz de receber uma boa notícia: 100 mil unidades vendidas no primeiro dia de lançamento, 29 de fevereiro de 2012, e mais de um milhão até o momento. Curiosamente, contou o fundador, 70% das vendas foram fora do Reino Unido, principalmente nos Estados Unidos.
Cérebro para robôs
Duas coisas surpreenderam Upton desde o lançamento do aparelho. Uma delas é o fato de que as pessoas estão usando o Raspberry Pi como uma parte central de novos equipamentos, principalmente de robôs. "Achávamos que as inovações viriam mais do lado de software."
A segunda surpresa foi que, apesar de ter sido criado pensando na educação de jovens e crianças, outras pessoas estão usando o computador. "Pessoas estão se juntando e estão fazendo coisas muito engraçadas com ele".
"Isso pode ser explicado porque, no Reino Unido, há uma longa tradição de ver a computação como algo divertido, algo que você pode usar para inovar e criar coisas incríveis", concluiu Upton. Escolas
O projeto para levar o Raspberry Pi às escolas também está progredindo. O escritório do Google no Reino Unido, por exemplo, concedeu um subsídio de US$ 1 milhão para distribuir o computador em milhares de escolas.
Ao contrário do projeto One Laptop Per Child ("Um computador por criança" em tradução livre), criado por duas ONGs norte-americanas para supervisionar a facilitação de dispositivos educacionais para países em desenvolvimento, o Raspberry não trabalha com governos, mas com as comunidades e escolas que vêm a eles, criando uma rede de entusiastas que acreditam no produto.

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