terça-feira, 30 de julho de 2013

Entrevista: Rafael Parente – “Tempo de um novo ensino”

Rafael Parente, subsecretário de Novas Tecnologias Educacionais da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, fala sobre a experiência da escola-modelo GENTE e dos novos modelos de ensino.
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Poucos anos atrás, a ideia de uma escola em que as séries fossem extintas e os alunos tivessem autonomia suficiente para escolher o que estudar poderia soar irreal. No entanto, experiências inovadoras de ensino, como essa, existem faz tempo. Um exemplo clássico é a Escola da Ponte, em Portugal, idealizada pelo educador José Pacheco.
O que parece ter mudado agora é a receptividade das pessoas para novos modelos educacionais. Falar em uma escola que não segue o modelo tradicional já não soa mais excêntrico. Prova disso é o GENTE – Ginásio Experimental das Novas Tecnologias Educacionais. Localizado na Rocinha, comunidade no Rio de Janeiro, a escola faz parte das políticas públicas educacionais da cidade e trabalha com ensino personalizado e sem separação de turmas por séries. Inaugurada no começo do ano, com o apoio de diversas instituições, entre elas a Microsoft, a escola serve como modelo para toda a rede de ensino.
Rafael Parente, subsecretário de Novas Tecnologias Educacionais da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, vê com entusiasmo a forma como o GENTE lida com as questões educacionais contemporâneas. E diz que o objetivo da escola-modelo é consolidar um novo tipo de ensino, com o aluno no centro do processo de aprendizagem. Em conversa com o Blog Educadores Inovadores, Parente falou um pouco sobre o dia a dia do GENTE e também comentou as mudanças que têm acontecido na educação.

Como funciona a rotina do GENTE? 
Os alunos estão sempre trabalhando em grupos. Eles têm um itinerário formativo, sabem o que têm de aprender em cada semana e o professor mentor está ali mais como ponto de apoio do que direcionando o que tem de acontecer em cada momento.  Se o aluno não entende alguma coisa, ou não consegue aprender determinado assunto, ele primeiro tenta resolver essa dúvida com o pessoal que está na mesma “família” dele – que é como chamamos os grupos de seis alunos – e depois com o professor mentor.  Se continuar com dúvidas, aí procura o professor online. Algumas aulas são separadas e eletivas, como as de idioma, inglês, educação física, robótica… Mas, em geral, eles têm uma grade aberta para organizarem o próprio tempo. Eles têm que ser ensinados a gerir o tempo e o processo.

Como a questão da tecnologia entra nos novos modelos educacionais? 
A primeira questão é o uso da tecnologia como ferramenta para que exista, de fato, uma qualidade maior na aprendizagem. A tecnologia motiva professores e alunos e a aula fica mais interessante. Também tem a questão da internet romper os limites de tempo e espaço. O aluno não precisa aprender apenas durante a aula e dentro da escola. Por fim, as novas tecnologias permitem a personalização do processo de aprendizagem. No GENTE, nós criamos um software que possibilita que os alunos visualizem o que eles já sabem e o que não sabem, quais atividades são prioritárias e quais não são.

Você acha que as pessoas estão mais receptivas para novos formatos de escolas? 
Já existe um consenso de que nossa educação precisa ter um salto de qualidade. Aí tem aquela questão: se acreditamos que o modelo atual funciona ou se precisamos de um novo modelo. Muita gente acha que se dermos um jeito no modelo atual vamos fazer com que os alunos aprendam. Afinal, o modelo funciona com algumas pessoas. Agora, tem muita gente que acredita que precisamos de um modelo completamente diferente de escolas. E eu acho que esse número de pessoas tem aumentado.

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