sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
A médio prazo, tablets devem reduzir custos para universidades
por Giuliana Bianconi
Ainda não há no Brasil uma universidade que tenha inserido smartphones na sala de aula e feito deles recursos para o dia a dia das atividades ou projetado o uso dos mesmos por longos quatro/cinco anos, tempo médio de duração de cursos de graduação no país. Já com os tablets, a história é outra.
As pranchetas digitais estão adentrando com facilidade as escolas e até substituindo, em algumas delas, os computadores das salas de informática. Mas é nas universidades, com mudanças estruturais que envolvem a substituição de livros-texto pelos aparelhos e a formação de equipes para lidar com a mobilidade, que se nota a maior aceitação dos tablets. E isso tem tudo a ver o custo. Mais exatamente com a redução dele.
Duas universidades de grande porte que trabalham com sistema de educação a distância e presencial, Estácio de Sá e UniSEB, aderiram aos tablets neste ano. A primeira anunciou a distribuição de 6.000 unidades e tem a expectativa de, nos próximos cinco anos, fazer com que todos os seus alunos, em 17 estados e 36 cidades, tenham o recurso. Já a UniSEB finalizará este segundo semestre com 15 mil tablets distribuídos entre discentes. Diretor-executivo da Estácio, Pedro Garça, foi enfático em entrevista ao Instituto Claro: “Não é um ganho, é uma revolução.”
Garça explica que ao longo dos anos a universidade percebeu que os alunos precisavam receber um livro-texto com os conteúdos das aulas ou terem acesso aos mesmos em ambientes online, caso contrário, muitos estudantes ficavam sem as leituras consideradas obrigatórias para os cursos, e o rendimento, naturalmente, caía.
Desde esta constatação, o material impresso é enviado para a casa dos alunos, dinâmica que se repete semestralmente atrelada à atualização constante da plataforma virtual de aprendizagem, onde há simulados, jogos e biblioteca virtual. Agora, com os tablets, adeus impressões e gastos com a logística necessária para o envio do material aos alunos. O estudante recebe um tablet na matrícula e tudo passa a ser uma questão de atualização de aplicativos. Por ora, a conta ainda não fecha. O investimento para iniciar a migração do impresso para o digital foi alta, mas assim como Jeferson Fagundes, o pró-reitor da UniSEB Interativo, Garça enxerga redução de custo a médio prazo. “O nosso investimento é de R$ 15 milhões neste projeto, mas acredito que em dois anos a gente já consiga ter o retorno, e a esta altura já teremos cerca de 50 mil tablets”, calcula Fagundes.
Na Estácio, a economia é divulgada no número de impressões. Anualmente, apenas com estes primeiros 6.000 tablets, seis milhões de páginas deixarão de ser impressas. Em cinco anos, a estimativa é que, com a evolução do projeto, o número chegue 240 milhões.
A evolução
Para não ser apenas uma versão virtual de um livro, as universidade precisaram investir em equipe e em treinamento. Tanto na Estácio quanto na UniSEB, os professores receberam formação, e equipes multidisciplinares foram constituídas. “Hoje, dentro da universidade, além dos professores especializados em educação a distância, temos comunicólogos especialistas em mídias digitais, webdesigners e engenheiros de software”, conta Fagundes.
Na Estácio de Sá, a preocupação de oferecer acesso ilimitado à web enquanto os alunos estiverem no campus levou a uma parceria com a Claro para a disponibilização de estrutura 3G em todo o Campus do Rio do Janeiro. “Não estamos entregando apenas um tablet, mas nosso modelo de ensino, que preza por essa conectividade e pela possibilidade de o aluno ter acesso a conteúdos e poder compartilhá-lo”, afirma Pedro Garça.
Efeito “made in Brazil”
Se os tablets já estão se espalhando pelas instituições de ensino mesmo sem qualquer política pública para isso ou sem incentivos fiscais para os que os importam com fins pedagógicos, a partir de dezembro eles devem ser vistos ainda com maior facilidade nas salas de aula. A primeira fábrica de iPads fora da China começa a operar no fim do ano, em São Paulo. A redução no preço das pranchetas digitais pode chegar a 40%. Além disso, o governo pretende distribuir tablets para escolas públicas a partir do próximo ano, como afirmou o ministro da Educação Fernando Haddad neste mês, na Bienal do Rio.Na ocasião, ele destacou que o MEC é um incentivador do uso das tecnologias na educação, pois reconhece que é fundamental preparar os alunos para esta sociedade digital, e citou dois portais representativos dessa linha de atuação: o Portal do Professor (linkar) e o Portal Domínio Público (linkar). O primeiro conta com 13 mil objetos educacionais digitais, disponíveis para serem utilizados por educadores em qualquer cidade brasileira. Em reportagens anteriores, também abordamos suas possibilidades.
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