quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Sites de Rede Social na Educação (parte I)
por Raquel Recuero
Um assunto sobre o qual eu tenho conversado muito, nos últimos tempos, é a respeito do uso dos sites de rede social (SRSs) como Twitter, Facebook, Orkut e etc. em ambientes e instituições escolares. Vejam, sou uma ferrenha defensora do uso dessas plataformas. Acho que elas já estão nas escolas, as escolas é que não estão nelas. E com alguma freqüência, converso sobre isso com colegas professores e educadores. Em cima desses debates, pensei em traçar aqui algumas linhas e sugerir algumas formas de uso desses sites em sala de aula.
Por que os Sites de Rede Social representam um novo paradigma?
Antes de mais nada, não gosto de falar de "redes sociais na educação". Porque pra mim, redes sociais são ambientes de educação desde que o mundo é mundo. Oras, a primeira e mais básica forma de aprendizado é a imitação. E só se imitam os outros, ou seja, a rede social. Todos aprendemos em conjunto, em grupo, em relação a outras pessoas. A questão é que a mediação do computador potencializou isso a um nível muito, muito grande. As redes sociais na Internet sim, representam um patamar diferenciado, pois são redes constituídas de elementos que não existiam antes, como aqueles explicitados pelo conceito de públicos em rede, debatido pela danah boyd (2007). Dentro dessa idéia há quatro elementos que são diferenciais no debate a respeito dos sites de rede social: •Persistência - As conversações e as interações que são publicadas permanecem, ficam armazenadas nos sistema, ao contrário das interações em grupo cotidianas (por exemplo, a fala), que desaparecem. Essa é uma mudança do paradigma da conversação.
•Buscabilidade - As informações publicadas podem ser buscadas. Com isso, há informações mais facilmente acessíveis a qualquer pessoa na rede social. Aliada a persistência, essa característica também mostra que o conteúdo pode ser replicado.
•Audiências Invisíveis - Aquilo que é publicado para um grau de amigos próximos pode ter um alcance imenso, pois redes sociais na Internet são interconectadas. Cada amigo tem seus próprios amigos que também podem ver essa informação e assim por diante. E isso faz com que o alcance das informações seja escalável.
Essas características mostram que o espaço dos SRSs não é apenas novo em termos de sociabilidade, mas ele também modifica formas fundamentais em cima das quais a interação social acontece. E por isso, modificam também os modos através dos quais aprendemos. Aprender em rede, portanto, é ter acesso a uma quantidade muito, muito maior de informações, disposta por audiências que nem sempre estão visíveis, com impactos muito mais globais e permanentes. Mas o que isso quer dizer para as práticas de aprendizado?
Aprender em Rede
Estar em rede, hoje, é estar permanentemente conectado a uma camada de informações que está perpetuamente mudando, o ciberespaço. As redes sociais, nesse ambiente, modulam essas informações, dando foco a coisas que parecem relevantes, filtrando coisas irrelevantes e compartilhando todo o tipo de coisa. Entretanto, boa parte desse foco está em informações que não são consideradas tão relevantes por escolas e educadores (como por exemplo, informações de humor). A questão é: Como podemos fazer essas redes circularem informações que sejam mais relevantes para ambientes escolares?Pensando nisso, proponho alguns passos estratégicos:
•Entender a apropriação - Compreender o que os alunos fazem online. Entender seus usos e valores dos sites de rede social. Entender o que significa esse espaço é essencial para trazer outras formas de apropriação. Para isso, é preciso estar online também.
•Criar novas formas de apropriação - Uma vez que consigamos entender quais são os valores, podemos reapropriar alguns elementos. Os alunos escrevem fanfictions e distribuem na rede? Então vamos convidá-los a escrever uma fiction colaborativa num blog ou mesmo no Twitter. Os alunos gostam de blogs de humor? Por que não trazer uma proposta de apropriação humorística de fatos históricos? O Orkut é um site de uso comum? Quem sabe usá-lo como espaço de discussão de sala de aula? Ou propor uma gincana ali para buscar uma determinada informação? Ou mesmo sugerir a criação de Tumblrs para dividir as coisas que foram encontradas pelos alunos nos exercícios. Criar mashups, propor a reinterpretação de coisas tradicionais e usá-las de forma criativa. Com o conhecimento do que é interessante e um pouco de criatividade, podemos mover montanhas.
•Trazer os SRSs para a Escola - Nem tudo são flores na Internet. Mas é fundamental, na minha opinião, que as escolas não apenas tragam essas ferramentas para uso dentro do espaço institucional, mas que também proponham um debate a respeito. É preciso discutir, por exemplo, as novas fronteiras entre o que é público e o que é privado. É preciso conscientizar a respeito do que significa "publicar" na Internet. É preciso discutir os impactos dos sites de rede social no dia a dia. Assim, propor estratégias para debater, conscientizar e discutir essas ferramentas.
•Usar os SRSs como aliados - Estar "oficialmente" nessas ferramentas e usá-las como espaços educativos e institucionais são escolhas fundamentais. A escola também precisa estar em rede. E isso significa conectar não apenas a comunidade dentro da escola, mas fora também. Criar grupos para discutir as estratégias em SRSs, conectar professores para troca de experiências, debater casos de sucesso e problemas. Podemos também aprender em grupo.Além disso, usar esses espaços como espaços institucionais, para fazer tarefas, temas, comunicar e etc, também é importante.
Não vou me alongar demais nesse post e vou continuar o assunto em outro. Mas apenas para dar algumas idéias que eu, particularmente, acho que são muito úteis e passíveis de ser "reinventadas" em sala de aula:
•The Jane Austen Twitter Projetc - A proposta do projeto foi a de escrever uma ficção "estilo Jane Austen" no Twitter. Com um cenário pré-determinado e o auxílio do Google Docs, cada participante agendou sua entrada e cada um escreveu um pedacinho (ou vários) do conto. Com isso, demandou-se não apenas o conhecimento da obra da autora mas, igualmente, daquilo que outros já tinham escrito.
•Criar um "perfil" no Facebook para o personagem favorito foi a estratégia que esse professor usou. Além de ter lido o livro, era necessário criatividade e interpretação para acrescentar "gostos" e informações de perfil.
•Usar o Google Maps (ou o Google Earth) e o Twitter para estudar geografia? Foi o que esse professor fez. Convocou sua rede social a propor desafios de localização para que os alunos procurassem nessas ferramentas.
•Nesse projeto, o professor desafiou os alunos a reescrever o diálogo entre Dante e Beatrice (no Inferno de Dante) no Twitter, repensando o contexto e o que seria dito pelos personagens.
E além dessas, há milhões de propostas, envolvendo não apenas o ensino fundamental, como todos os grupos e todas as disciplinas (até física e matemática!). Vejam fontes de idéias (em inglês):
100 maneiras inspiradoras de usar mídia social em sala de aula
Grupo Edudemic no Facebook
Blog Web 2.0 Teaching Tools
Edsocialmedia
Meu slideshare com algumas palestras sobre o assunto
Fonte: http://www.pontomidia.com.br/raquel/
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